Uma
escultura em bronze que pertencia ao Antigo Palácio de Verão, em Pequim, e que
foi comprada, em 2007, pelo bilionário Stanley Ho, retornou ao local de origem,
160 anos após ter sido usurpada por um contingente militar anglo-francês,
reportou a agência Lusa.
A
obra, uma cabeça de cavalo esculpida em bronze, é a primeira a ser devolvida ao
Antigo Palácio de Verão a partir do exterior, segundo a agência noticiosa
oficial Xinhua, que lista a peça como o “último tesouro perdido” do recinto.
A
peça foi desenhada pelo jesuíta italiano Giuseppe Castiglione (1688-1766), um
missionário que trabalhou durante mais de meio século para a corte dos Qing, a
última dinastia imperial a governar a China.
A
peça foi saqueada por tropas estrangeiras até ser comprada em leilão por
Stanley Ho, por um valor equivalente a cerca de 70 milhões patacas. A
Administração do Património Cultural Nacional da China (NCHA) reivindicou a
peça e, em 2019, Stanley Ho doou-a ao Estado chinês.
O
empresário, que morreu em Maio deste ano, disse estar “honrado por ter
desempenhado um papel importante” no “resgate de relíquias chinesas do
exterior”.
Missão histórica
Nos
últimos anos, o NCHA intensificou esforços para localizar relíquias perdidas e,
a partir de 2019, recuperou cerca de 140.000 peças do exterior, através de
cooperação policial, acções judiciais, negociações e doações.
Construído
no início do século XVIII, o Antigo Palácio de Verão (Yuanmingyuan) era um
complexo de edifícios e jardins que alternavam arquitectura tradicional chinesa
com a arquitectura europeia da época, realizada por Castiglione.
O
palácio foi saqueado e destruído por soldados franceses e ingleses, em 1860, no
contexto da Segunda Guerra do Ópio, por ordem do vice-rei britânico na Índia,
Lord Elgin, que justificou esta decisão com a tortura e execução de alguns
membros da uma delegação britânica que se tinham deslocado à China para
negociarem com os líderes chineses.
Nas
últimas décadas, várias vozes apelaram à reconstrução do palácio, para
recuperar o património imperial e impulsionar o turismo, mas as autoridades
preferem mantê-lo em ruínas para que continue a ser um símbolo das invasões
estrangeiras, sofridas pela China nos séculos XIX e XX. In “Hoje
Macau” - Macau
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