As plataformas experimentais inauguradas ontem na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) são únicas em todo a China e dão a Macau argumentos para receber e analisar amostras espaciais. Para André Antunes, investigador português que lidera a equipa de astrobiologia da MUST, este pode ser o primeiro passo para tornar Macau numa referência global
Pode
ter sido um pequeno passo para Macau, mas é certamente um grande passo para a
investigação espacial de toda a China, e não só. Quem o diz é André Antunes,
investigador português que lidera a equipa de Astrobiologia da Universidade de
Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).
Segundo
o investigador, as plataformas experimentais de Astrobiologia e Cosmoquímica
inauguradas ontem na MUST através do Laboratório Estatal de Referência das
Ciências Lunares e Planetárias (State Key Lab) é único em toda a China e tem,
por isso, o condão de fazer de Macau “um centro e referência global” e “o ponto
focal para este tipo de actividades para toda a China”.
“Macau
tem estado muito envolvido nas missões à Lua e tido algum envolvimento nas
missões a Marte. A abertura destas plataformas experimentais é mais um passo
nesta direcção, ou seja, de aumentar o contributo que Macau dá para a
exploração espacial chinesa”, começou por dizer André Antunes.
Para
o também coordenador das plataformas de Astrobiologia e Cosmoquímica da MUST,
os dois novos laboratórios permitem que o contributo que Macau dá à
investigação espacial deixe de ser apenas ligado “à análise e dados e
modelação”, mas também à “componente experimental”.
“O
facto de criarmos estas plataformas experimentais permite-nos ter outro tipo de
dinâmica e aceder a outro tipo de áreas. Criámos aqui a capacidade laboratorial
para receber e analisar amostras, fazer trabalho com elas e dar contributos
mais relevantes para a ciência”, acrescentou.
Universo é o limite
Do
lado da Astrobiologia, os novos equipamentos que habitam agora na MUST irão
permitir, através do estudo de ambientes na Terra que partilham semelhanças com
Marte ou com luas do Sistema Solar, “recolher informação vital para planear
futuras missões chinesas”, destinadas, por exemplo, a recolher amostras de
Marte. O objectivo último passa, eventualmente, por conseguir “detectar a
presença de vida”, através do estudo das amostras.
“Os
estudos que fazemos no nosso planeta irão ser úteis para condicionar
parcialmente que sítios serão apropriados para recolher amostras no futuro e
isso é importante, não só para a agência espacial chinesa, mas também para o
mundo da investigação em geral”, apontou André Antunes.
À
margem da inauguração dos novos espaços que contou com a presença, entre
outros, do presidente da MUST, Liu Liang, e do subdirector da Direcção dos
Serviços do Ensino Superior (DSES), Che Weng Keong, o investigador português
afirmou esperar que o contributo que os novos laboratórios vão dar a futuras
missões a Marte irá aumentar.
Isto,
tendo em conta que a missão chinesa a Marte, Tianwen-1, que já se encontra em
curso, conta apenas “com alguns componentes” que ficaram a cargo da unidade da
MUST. Sobre a missão propriamente dita, que não deverá chegar a Marte antes de
Junho de 2021, André Antunes diz que “está a correr tudo bem”.
Também à margem da inauguração, Shaolin Li, investigador que lidera a área da Cosmoquímica da MUST, apontou que os três novos equipamentos do laboratório do seu departamento irão permitir armazenar, analisar e interagir com amostras, sobretudo lunares, que não podem entrar em contacto com o ar, pois “correriam o risco de ver as suas características físicas e químicas alteradas”. Pedro Arede – Macau in “Hoje Macau”
Pedro Arede -
Jornalista com 31 anos de idade. Começou na área de economia mas escreve
sobretudo sobre política, cultura e sociedade. Tem experiência em produção
audiovisual e é atleta de alta competição na modalidade de esgrima.
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