Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Austrália - Há cada vez mais golfinhos gravemente doentes devido às alterações climáticas

Doença de pele causada por fatores ambientais provoca uma morte lenta e dolorosa



Uma distinta dermatite ulcerativa conhecida como "doença de pele de água doce" é cada vez mais frequente em cetáceos costeiros de todo o mundo.

Segundo um relatório científico publicado na revista Nature, há cada vez mais golfinhos a morrer de forma lenta e dolorosa em todo mundo. Tratam-se de mortes dolorosas devido a lesões cutâneas semelhantes a queimaduras graves em resultado da exposição a água doce, exacerbadas pela crise climática.

Foi graças a dois eventos de mortalidade na Austrália, notavelmente semelhantes, que foi possível criar pela primeira vez uma definição de caso baseada na patologia e em fatores ambientais.

Embora os cetáceos possam sobreviver em água doce durante curtos períodos, verificou-se que a exposição repentina e prolongada, como quando um animal fica preso, ou a salinidade do seu habitat é afetada por fortes chuvas, provoca uma forma de dermatite.

As características comuns de ambos os eventos foram uma "diminuição abrupta e acentuada da salinidade devido à precipitação nas bacias hidrográficas", com hipossalinidade persistente de semanas a meses, e dermatite "caracterizada grosseiramente" por uma palidez cutânea desigual que progrediu para diversos tipos de lesões na pele cobrindo até 70% da superfície do corpo.

A pele afetada foi frequentemente colonizada por uma variedade de espécies fúngicas, bacterianas e algas que conferiam uma coloração variável amarela, verde ou laranja. "As lesões histológicas consistiam em alterações hidrópicas epidérmicas que levavam à vesiculação e erosão; alternadamente, ou além disso, a formação de pústulas intra-epiteliais resultando em ulceração e necrose hipodérmica", escrevem os cientistas.

Estas úlceras foram documentadas pela primeira vez num grupo de golfinhos-roaz que tinha ficado preso num lago salobro na Louisiana após o furacão Katrina em 2005. Desde então, os cientistas apontam que os relatórios têm vindo a aumentar de acordo com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos.

"Não podíamos acreditar que uma doença tão grave e em rápido desenvolvimento pudesse ser outra coisa que não fosse infecciosa. Mas, em última análise, é uma doença causada pelo ambiente", apontou Nahiid Stephens, patologista veterinário da Universidade Murdoch em Perth, Austrália, e co-autor do artigo. Ana Carvalho – Luxemburgo in “Contacto”


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