Doença de pele causada por fatores ambientais provoca uma
morte lenta e dolorosa
Uma
distinta dermatite ulcerativa conhecida como "doença de pele de água
doce" é cada vez mais frequente em cetáceos costeiros de todo o mundo.
Segundo
um relatório científico publicado na
revista Nature, há cada vez mais golfinhos a morrer de forma lenta e dolorosa
em todo mundo. Tratam-se de mortes dolorosas devido a lesões cutâneas
semelhantes a queimaduras graves em resultado da exposição a água doce,
exacerbadas pela crise climática.
Foi
graças a dois eventos de mortalidade na Austrália, notavelmente semelhantes,
que foi possível criar pela primeira vez uma definição de caso baseada na
patologia e em fatores ambientais.
Embora
os cetáceos possam sobreviver em água doce durante curtos períodos,
verificou-se que a exposição repentina e prolongada, como quando um animal fica
preso, ou a salinidade do seu habitat é afetada por fortes chuvas, provoca uma
forma de dermatite.
As
características comuns de ambos os eventos foram uma "diminuição abrupta e
acentuada da salinidade devido à precipitação nas bacias hidrográficas",
com hipossalinidade persistente de semanas a meses, e dermatite
"caracterizada grosseiramente" por uma palidez cutânea desigual que
progrediu para diversos tipos de lesões na pele cobrindo até 70% da superfície
do corpo.
A pele
afetada foi frequentemente colonizada por uma variedade de espécies fúngicas,
bacterianas e algas que conferiam uma coloração variável amarela, verde ou
laranja. "As lesões histológicas consistiam em alterações hidrópicas
epidérmicas que levavam à vesiculação e erosão; alternadamente, ou além disso,
a formação de pústulas intra-epiteliais resultando em ulceração e necrose
hipodérmica", escrevem os cientistas.
Estas
úlceras foram documentadas pela primeira vez num grupo de golfinhos-roaz que
tinha ficado preso num lago salobro na Louisiana após o furacão Katrina em
2005. Desde então, os cientistas apontam que os relatórios têm vindo a aumentar
de acordo com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos.
"Não
podíamos acreditar que uma doença tão grave e em rápido desenvolvimento pudesse
ser outra coisa que não fosse infecciosa. Mas, em última análise, é uma doença
causada pelo ambiente", apontou Nahiid Stephens, patologista veterinário
da Universidade Murdoch em Perth, Austrália, e co-autor do artigo. Ana
Carvalho – Luxemburgo in “Contacto”
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