Para assinalar o centenário de Clepsydra, foram ontem
lançados em Macau dois livros sobre a obra de Camilo Pessanha. “Clepsydra
1920-2020 – Estudos e Revisões” agrega uma série de artigos académicos de uma
dezena de autores, e “Ladrão de Tempo” é da autoria de Carlos Morais José, que
reúne textos sobre Pessanha publicados nas últimas três décadas
“E
eis quanto resta do idílio acabado
Primavera
que durou um momento
Como
vão longe as manhãs do convento
do
alegre conventinho abandonado”
Foi
com este excerto de Clepsydra que Carlos Morais José apresentou ontem, na Casa
de Portugal, os dois livros editados pela COD que assinalam o centenário da
obra de Camilo Pessanha. “Ladrão de Tempo” junta os textos de Morais José sobre
a obra do poeta que morreu em Macau em 1926, enquanto “Clepsydra 1920-2020 –
Estudos e Revisões” agrega publicações académicas de uma dezena de autores
acerca do livro.
“Tudo
isto se enquadra no século da Clepsydra. Faz este ano, 2020, 100 anos desde que
foi publicado o livro Clepsydra de Camilo Pessanha. Nós estamos a celebrar
estes 100 anos”, lembrou Carlos Morais José ao Ponto Final, ainda antes da
apresentação das publicações.
“Clepsydra
1920-2020 – Estudos e Revisões” é um livro editado em Macau pela COD e que tem
Catarina Nunes de Almeida, académica da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, como coordenadora. Além de Catarina Nunes de Almeida e de Carlos Morais
José, há ainda outros oito autores: Daniel Pires, Duarte Drumond Braga,
Fernando Cabral Martins, Paulo Franchetti, Pedro Eiras, Ricardo Marques,
Rogério Miguel Puga e Serena Cacchioli.
Esta
é uma colecção de artigos académicos “sobre a literatura do Pessanha e sobre a
importância dessa literatura no contexto da lusofonia e não só”, explicou
Morais José. Apesar de a ideia do livro ter nascido em Portugal no início do
ano, só em Novembro é que a COD acordou a publicação de “Clepsydra 1920-2020 –
Estudos e Revisões” em Macau.
Na
apresentação do livro, na Casa de Portugal, o autor falou sobre a importância
“fundamental” que Clepsydra teve para Macau. “Clepsydra coloca Macau no mapa da
literatura lusófona. Macau será para sempre lembrada como um espaço onde
floresceu a literatura portuguesa por Pessanha”, afirmou Morais José.
Também
esteve presente na sessão de ontem, através de videochamada, Catarina Nunes de
Almeida, que destacou Clepsydra como “uma das obras máximas da poesia
portuguesa”. Duarte Drumond Braga também esteve presente directamente a partir
de Portugal, tendo frisado que, nos 30 anos em que Pessanha viveu em Macau, o
poeta “foi um activo representante de Portugal”. “A sua escrita deve ser vista
como parte da produção cultural portuguesa na China”, acrescentou.
“Ladrão
de Tempo” foi o outro livro sobre Pessanha lançado ontem na Casa de Portugal.
“É uma colecção de coisas que eu fui escrevendo ao longo do tempo sobre o
Camilo Pessanha e que agora resolvi publicar”, adiantou Carlos Morais José. De
“Ladrão de Tempo” fazem parte artigos publicados desde a década de 1990 até
agora em diversos sítios, como a Revista de Cultura do Instituto Cultural (IC),
o jornal Hoje Macau, e há também textos publicados no Brasil e em Portugal.
Os
textos são de diferentes naturezas. “Um deles foi um texto que eu li nos 80
anos da morte do Camilo Pessanha junto à campa”, indicou. O livro já estava
preparado para ser lançado por ocasião dos 100 anos de Clepsydra e “é o
encerrar de uma série de trabalhos que fiz sobre Camilo Pessanha”, explicou. André
Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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