Os
livros ilustrados portugueses “Plasticus Maritimus” e “Troca-Tintas”
foram distinguidos pela Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, marcada
para março em Itália, anunciou esta terça-feira a organização.
“Plasticus
Maritimus, uma espécie invasora”, da bióloga Ana Pêgo e da escritora Isabel
Minhós Martins, ilustrado por Bernardo P. Carvalho, recebeu uma menção na
categoria de melhor livro de não ficção para a infância e juventude.
“Troca-Tintas”,
de Gonçalo Viana, obteve uma menção do júri na categoria de “Opera Prima”.
Anualmente,
a Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha distingue os melhores livros
editados em todo o mundo, em diferentes categorias, como ficção, não ficção e,
pela primeira vez este ano, banda desenhada. Nesta edição o júri analisou mais
de 1800 livros de 41 países.
Sobre
“Plasticus Maritimus, uma espécie invasora”, o júri destaca a variedade
de técnicas e “o formato único” deste guia de campo sobre ativismo e
criatividade.
Editado
pela Planeta Tangerina, “Plasticus Maritimus” é um livro informativo
sobre meio ambiente e um guia de exploração, para os leitores que queiram
também ser mais ativos na defesa da natureza.
Inspirada
na nomenclatura científica que identifica as espécies da natureza, a bióloga
Ana Pêgo criou em 2015 um bilhete de identidade para designar a presença de
plástico nos oceanos – Plasticus Maritimus.
A
partir daí, desenvolveu todo um trabalho de consciencialização para o problema,
com a realização de oficinas para crianças, exposições com o plástico recolhido
em praias e partilha de informações com outros ativistas.
Na
obra explica-se, por exemplo, que um ‘beachcomber’ é alguém que recolhe
lixo nas praias e se torna num “coleccionador que se interessa pela origem e
pela história dos objetos que encontra”.
Há
ainda dados estatísticos sobre a vida na Terra e sobre poluição – por exemplo,
uma garrafa de plástico demora 450 anos a degradar-se -, é dado um
enquadramento histórico sobre a produção de plástico e uma cronologia sobre
“coisas importantes que já aconteceram entre pessoas e oceanos”.
As
autoras deixam ainda conselhos práticos para uma ‘saída de campo’, para recolha
de lixo, e enumeram tipos de ‘plasticus maritimus’ comuns e raros que se
encontram nas praias, como beatas de cigarro, palhinhas, cotonetes, pequenos
brinquedos, moedas e lancetas de diabéticos.
Para
Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho, este é um novo reconhecimento por
parte da feira, uma vez que, em 2019, o livro “Atlas das viagens e dos
exploradores”, assinado por ambos, foi eleito o melhor de não ficção.
“Troca-Tintas”,
distinguido no prémio para primeiras obras, é elogiado pelo júri pelo estilo
“fresco, distinto e ousado, conseguido de forma impressiva para uma estreia”.
Com
selo da Orfeu Negro, “Troca-Tintas” é um livro para a infância sobre a
perceção da realidade, quando se mudam as cores habituais das paisagens e dos
objetos.
A
narrativa segue dois amigos num mundo às avessas, em que as árvores têm a copa
branca e as nuvens são verdes, numa paisagem desarrumada que baralha as
pessoas.
O
livro assinala a estreia de Gonçalo Viana como autor em nome próprio – assinado
a ilustração e o texto -, depois de ter ilustrado “Os livros do rei” e “Parece
um pássaro”, ambos de David Machado, “O toiro azul”, de Manuela
Costa Ribeiro, e “Esqueci-me como se chama”, de Daniil Harms.
Formado
em Arquitetura, Gonçalo Viana dedica-se atualmente em exclusivo à ilustração,
tanto para imprensa portuguesa e estrangeira como para álbum ilustrado. Em
2008, Gonçalo Viana recebeu o Grande Prémio Stuart de Desenho de Imprensa.
“Troca-Tintas”
já serviu de inspiração para o espectáculo “A Árvore Branca”, criado e
interpretado por Raimundo Cosme para crianças pré-leitoras, e que está em cena
até domingo no teatro LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, seguindo depois
em itinerância por outras cidades.
A
57.ª Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha decorrerá de 30 de março a 02
de abril.
Em
2019, o livro “Atlas das viagens e dos exploradores”, de Isabel Minhós
Martins e Bernardo P. Carvalho, foi eleito o melhor de não ficção pela feira. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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