Em
Moçambique, a rádio é um meio indispensável para fazer chegar informações ao
público tanto para o lazer como para emergências. Até abril, o país vive a
época chuvosa e o momento de pico é ideal para difundir informações de alerta.
Na
província de Sofala, no centro do país, essas atividades podem ser feitas numa
rádio fixa ou ambulante. É com a chamada moto áudio, uma caixa de som e um
pequeno gerador. Urbano Gil, da Rádio Comunitária Águia mostra como a invenção
pode salvar uma comunidade inteira de desastres. E lideranças locais defendem
que as rádios devem incluir um mecanismo de alerta precoce.
Meios alternativos
“A
Rádio Águia, como um órgão de comunicação social, tem a missão de combater as
doenças de origem hídrica: cólera, malária e diarreia. No entanto, nesta altura
em que nós não temos energia, aqui ao nível do país, na zona centro, estamos a
utilizar meios alternativos. Nós utilizamos geradores para fazer o
recarregamento da nossa caixa de som e os amigos de boa vontade cooperam com a
Rádio Águia neste sentido.”
Sofala
foi uma das províncias mais atingidas pelo ciclone Idai, que também chegou ao
norte. Mais de 600 pessoas perderam a vida. A estação não foi poupada durante a
passagem do fenómeno há 10 meses.
O
rasto de destruição das cheias arrasou estúdios e equipamentos como
transmissores, mesas de áudio, antenas e microfones. Com a rádio fora do ar e a
população sem informação, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, entrou em ação
para ajudar a recuperar o sinal e a sintonia dos mais de 1,9 milhão de
ouvintes.
Mensagens
Várias
comunidades afetadas pela tempestade tiveram seis emissoras de volta nos
distritos de Dondo, Nhamatanda, Gorongosa, Búzi e Beira. Nesses locais, as
mensagens de rádio voltaram a soar em mais uma época chuvosa.
E
o benefício é comprovado: as rádios comunitárias já alertam sobre uma
tempestade iminente ou dão a conhecer sobre medidas para evitar doenças como a cólera
e malária após um evento extremo. Este meio de comunicação também ajuda a localizar
pessoas perdidas durante estas ocorrências.
No
país, as emissoras comunitárias fazem chegar informações de utilidade pública e
a alcançar os grupos mais vulneráveis, incluindo mulheres, crianças e pessoas
com deficiência. Mais de 75% de moçambicanos ouvem rádio.
Ciclone
Foi
através da Divisão de Telecomunicações de Emergência, ETC, que o PMA fez as
avaliações dos estragos nas emissoras afetadas e restaurou serviços de
comunicação para que os funcionários humanitários tivessem notícias sobre os
afetados pelo Idai.
Em
momento de emergência, a diretora do PMA em Moçambique, Karin Manente, disse
que a resposta e a preparação são igualmente importantes. Ela foi uma das
primeiras pessoas a avaliar a resposta humanitária após o ciclone Idai e
prestou assistência na recuperação no país após fenómenos como o El Niño e as
secas recorrentes.
E
é fundamental a informação. “Há já várias maneiras com as quais o INGC, o
Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, e outros parceiros já fazem chegar
a informação antes de um evento climático como ciclones. O nosso papel ali foi
de apoiar este esforço porque precisamos mesmo de informação para o nosso
trabalho também. Não fazemos isso para o interesse próprio, mas para o bem
público. O que fizemos foi expandir a rede de rádios e usar essa rede para
espalhar a informação. O rádio e a informação através do rádio podem ser usados
de várias maneiras.” ONU News – Nações Unidas
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