A proposta sobre a mobilidade dos cidadãos lusófonos está
concluída, devendo ser discutida em Abril pelos Estados-membros da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), disse sexta-feira o representante
permanente de Cabo Verde junto da organização
O
embaixador assinalou que se trata de um projecto "aprovado a nível
técnico" para o desenvolvimento da mobilidade entre os Estados da CPLP,
estabelecendo uma "convenção-quadro" que permite aos países da
organização desenvolverem parcerias consoante os seus interesses.
"Temos
uma variedade de soluções que podem ser incorporadas nas parcerias específicas
e, claro também a escolha de parceiro. Um Estado pode escolher um parceiro e ir
numa mobilidade a 100%, e, com um outro parceiro, uma mobilidade a meio-termo
ou até simplesmente ficar no mínimo. Adapta-se às diversas circunstâncias e
sobretudo adapta as soluções às realidades internas dos Estados", defendeu
Eurico Monteiro.
O
diplomata apontou também que este acordo "tem o mínimo de
vinculação".
"Este
acordo tem o mínimo de vinculação, ou seja, todos os Estados-membros que
fizerem parte, que assinarem, e ratificarem este acordo ficam logo desde logo
obrigados a permitir que todos os agentes públicos que tenham passaportes
diplomáticos, de serviços ou passaportes especiais possam circular livremente
no território das partes por um período de 90 dias", explicou Eurico
Monteiro, acrescentando que há outro compromisso.
Segundo
o documento agora concluído, os Estados-membros devem procurar "criar as
condições para, progressivamente, ir avançando para níveis mais elevados de
mobilidade".
A
proposta consagra ainda modalidades variáveis "de modo a que os Estados
possam adaptar o modelo da mobilidade e velocidade de um plano de implementação
em conformidade com a sua realidade", acrescentou o embaixador.
Da
mesma forma, a proposta irá possibilitar uma selecção dos tipos de passaportes
que podem dar entrada num Estado-membro.
"Um
Estado poderá dizer 'Eu vou escolher agora por exemplo a circulação permitindo
que as pessoas possam entrar de 30 dias ou 60 dias ou 90 dias no meu
território', ou então vão permitir que apenas os homens de cultura possam
entrar, ou então apenas os empresários, ou então só os docentes, investigadores
e técnicos", vincou o diplomata cabo-verdiano.
Eurico
Monteiro acrescentou que espera que todos os Estados-membros da CPLP assinem a
convenção, mas que "depois há o processo interno da ratificação".
"Nunca
poderemos garantir que todos os Estados vão ratificar e, sobretudo, não vão
ratificar ao mesmo tempo. Alguns Estados poderão ponderar (...) e isso não
significa que vai entrar em vigor abrangendo logo automaticamente todos os
Estados", disse.
Questionado
sobre o caso da Guiné Equatorial, um dos países de maior dificuldade de acesso
em África, o embaixador referiu que o Estado-membro, que integra a CPLP desde
2014, "tomou parte tanto na Conferência de Chefes de Estado [cimeira de
Santa Maria, em 2018], como também no Conselho de Ministros de São Vicente
[Julho de 2019]", numa referência a reuniões da organização que aprovaram
documentos sobre a mobilidade.
Além
disso, sublinhou, nesta reunião de três dias, que terminou hoje em Lisboa, a
Guiné Equatorial fez-se representar por "uma delegação muito
significativa".
"Tem
colaborado com propostas, com sugestões várias e, portanto, o mínimo que nós
podemos dizer é que a Guiné Equatorial dá sinais de estar perfeitamente
engajada neste processo", referiu o embaixador, mas que sublinhou que,
"até à ratificação, ainda há um caminho a percorrer".
A
proposta deverá agora ser apresentada numa reunião extraordinária do Conselho
de Ministros, em Cabo Verde, que detém a presidência da CPLP, em "17 e 18
de Abril", provavelmente.
Consoante
a aprovação desta proposta no Conselho de Ministros extraordinário, esta deverá
ser apreciada na Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, marcada
para Setembro, em Luanda.
A
CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. In “Expresso
das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”
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