Bissau
- O Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC) acusou na passada
quinta-feira os políticos senegaleses e guineenses de estarem a prejudicar a
estabilidade política na Guiné-Bissau para concretizar o acordo da Zona
Económica Conjunta (ZEC) sobre exploração petrolífera.
Em
declarações à Lusa por telefone, Pape Famara, membro do MFDC, afirmou que há
responsáveis políticos de Dakar e Bissau que querem "prejudicar a situação
de estabilidade política na Guiné-Bissau para poderem avançar com o que
querem".
Esta
semana, uma das concessionárias para a exploração de petróleo na zona, cujas
receitas são partilhadas pelo Senegal (85%) e a Guiné-Bissau (15%), anunciou
que tenciona fazer prospeção ainda em 2020.
A
parte do Senegal na ZEC é reivindicada pelo MFDC, em guerra civil com Dakar,
desde 1990, reclamando a independência do território, no sul do país, entre a
Gâmbia e a Guiné-Bissau.
"Este
não é o momento para fazer avançar" o dossiê do petróleo, "porque
esta não é a solução para a crise" na região, afirmou Pape Famara.
"É
preciso que o Senegal discuta com a Casamansa uma solução para o problema antes
de falar sobre petróleo", sublinhou o ativista.
Segundo
o independentista Pape Goudiaby Famara, o movimento "está atento ao que se
está a passar" na Guiné-Bissau, um país que vive numa situação de tensão
política, depois das eleições presidenciais de dezembro de 2020, que deu a
vitória a Umaro Sissoco Embaló, ainda não estarem validadas pelo Supremo
Tribunal de Justiça.
Sissoco
Embaló tem-se apresentado como aliado e "amigo pessoal" de Macky
Sall, Presidente do Senegal.
O
ainda Presidente guineense, José Mário Vaz, denunciou formalmente o acordo a 29
de dezembro de 2014, propondo ao Senegal a reabertura de negociações para
fixação de novas bases de partilha, aumentando as receitas para Bissau.
Várias
personalidades da sociedade guineense, entre as quais o ex-chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas Zamora Induta, defendem que as negociações
devem ser suspensas até que o Senegal aceite renegociar a delimitação de
fronteiras marítimas e terrestres.
Até
ao momento não se conhecem resultados relativas às negociações pedidas por José
Mário Vaz.
Na
passada terça-feira, a canadiana OP AGC Central Lda, uma das duas empresas
estrangeiras que detêm as seis licenças de prospeção do petróleo na zona de
exploração conjunta (ZEC), constituída entre a Guiné-Bissau e o Senegal, esteve
reunida com entidades públicas e privadas e autoridades tradicionais das
regiões de Cacheu, Bolama, Biombo e Bissau.
Em
declarações à Lusa, Mamadou Samba, consultor senegalês ao serviço da OP AGC,
disse que o objetivo é iniciar a prospeção de petróleo ainda em 2020, estando
em curso a auscultação das populações para depois elaborar um documento de
avaliação do impacto ambiental.
Para
o MFDC, "não é aceitável que o Senegal assine acordos com a Guiné-Bissau
para a zona de Casamansa com os quais os habitantes não estão de acordo".
A
Zona Económica Conjunta (ZEC) foi constituída em 1993, após disputas nos
tribunais internacionais entre a Guiné-Bissau e o Senegal e comporta cerca de
25 mil quilómetros quadrados da plataforma continental.
Com
a sede em Dakar, Senegal, a ZEC é considerada rica em recursos haliêuticos,
cuja exploração determina 50% para cada um dos Estados e ainda hidrocarbonetos
(petróleo e gás), mas ainda em fase de prospeção.
A
Guiné-Bissau dispensou 46% do seu território marítimo para constituir a ZEC e o
Senegal 54%.
As
receitas futuras da exploração de petróleo, segundo o acordo em vigor, serão
divididas entre o Senegal (85%) e a Guiné-Bissau (15%). In “Agência
de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”
No
passado dia 31 de janeiro, vários órgãos da comunicação social anunciaram ter
havido uma operação de fraude informática para interferir nos resultados das
eleições na Guiné Bissau, publicamos de seguida uma dessas notícias, da revista
“Exame Informática”.
Um
grupo de três hackers do Barreiro foi contratado por 75 mil euros para sabotar
as eleições na Guiné Bissau. Os piratas terão conseguido introduzir um vírus no
computador da Comissão Nacional de Eleições guineense e falseado o resultado
final que, recorde-se, deu a vitória a Umaro Sissoco Embaló, do Movimento para
a Alternância Democrática da Guiné Bissau. A revelação foi feita pela revista
Sábado.
O
trabalho jornalístico tem por base a recolha de documentos, depoimentos e
mensagens escritas e de voz – e é comparado a um enredo de um filme de
espionagem, devido aos diferentes episódios que vão «desde a contratação no
Barreiro, à forma como se infiltraram no computador da CNE, os vírus que
deixaram no sistema e a guerra em torno do pagamento, que está na origem da
revelação de todo o esquema», revela a revista.
O
candidato apoiado pelo PAIGC, Domingos Simões Pereira, já tinha avançado com
uma impugnação do ato eleitoral, alegando várias irregularidades. Com estas
revelações, todo o processo pode ser cancelado e levar a novas eleições.
Os
três hackers seriam de nacionalidades diferentes e terão sido contratados em
Portugal, sendo uma prova da relativa facilidade de contratação deste tipo de
pirataria no nosso país. In “Exame Informática” - Portugal
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