A
estação de chuvas, que começou em dezembro em Moçambique, está a trazer fortes
tempestades ao país. O alerta é da chefe das Nações Unidas em Moçambique, Myrta
Kaulard.
Em
entrevista à ONU News, de Maputo, ela afirma que a organização está a
preparar-se para responder a uma estação de ciclones “muito forte” nos próximos
meses.
Idai e Kenneth
A
notícia chega poucos meses antes de a nação africana marcar o primeiro
aniversário de um dos maiores desastres naturais da sua história: os ciclones
Idai e Kenneth, que arrasaram Moçambique em março e abril passados.
Juntos,
eles causaram mais de 640 mortos a afetaram pelo menos 2,2 milhões de pessoas.
Myrta
Kaulard conta que o início das chuvas tem sido “muito intenso” e que os
desastres naturais do ano passado dificultam a resposta.
“Isto
torna estas populações muito mais vulneráveis do que em anos passados. Estamos
muito preocupados. As previsões são de mais chuvas nas próximas semanas e isto
é um desafio muito forte. Estamos então muito preocupados.”
Os
últimos dados do Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, revelam
que as chuvas já afetaram perto de 68 mil pessoas, causando 45 mortos e 67
feridos.
Mais
de 3,1 mil casas foram destruídas e 1,1 mil salas de aula danificadas, bem como
10 centros de saúde. Em resposta, as agências da ONU prestaram ajuda alimentar
a mais de 82 mil famílias nas províncias de Gaza e Inhambane.
Secas
Por
outro lado, no sul do país, as chuvas estão muito abaixo do normal, com um
problema de seca que causa insegurança alimentar. Segundo a coordenadora
residente, a ONU e os parceiros estão apoiando “várias centenas de milhares de
pessoas.”
Myrta
Kaulard diz que “as Nações Unidas estão a colaborar de forma muito próxima com
as instituições nacionais”, que “estão a trabalhar muito bem”, evacuando
pessoas que vivem em zonas de risco para evitar perdas de vidas.
Segundo
a coordenadora, devido às secas e às chuvas, os stocks de emergência já estão
sendo utilizados, ainda antes do pico da época dos ciclones. Afirma que isso é
“uma fonte de preocupação.”
Neste
momento, 2,5 milhões de moçambicanos precisam de ajuda humanitária urgente.
Cerca de 1,9 milhão de pessoas necessitam de ajuda alimentar, 765 mil famílias
precisam de kits sanitários e mais de 115 mil famílias necessitam de abrigos.
“As
prioridades das próximas oito semanas são alimentação, abrigos, água e
saneamento. Estes são os elementos básico para poder salvar vidas e poder
apoiar as necessidades primarias das populações.”
Myrta
Kaulard afirma que a ONU está “correndo contra o tempo para mobilizar recursos,
para comprar mais alimentos, mais abrigos e mais material para posicionar”
antes da chegada da época dos ciclones.
Financiamento
O
maior obstáculo a esse trabalho é o financiamento. A coordenadora diz que a ONU
não tem, neste momento, os recursos necessários. O Plano de Resposta
Humanitária para o país detalha uma necessidade urgente de US$ 120 milhões.
Dentro deste total, US$ 25 milhões são necessários imediatamente.
“Deixo
um pedido à comunidade internacional de sustentar o trabalho das Nações Unidas
e das instituições moçambicanas para poder ajudar a população que pode ser
afetada por chuvas, por secas e por ciclones nos próximos meses. “
Segundo
a coordenadora residente, “as capacidades das instituições nacionais são
limitadas” e, por isso, a comunidade internacional “tem uma responsabilidade de
ajudar.” ONU News – Nações Unidas
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