Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Moçambique – O segundo país mais vulnerável aos efeitos das alterações climáticas

A estação de chuvas, que começou em dezembro em Moçambique, está a trazer fortes tempestades ao país. O alerta é da chefe das Nações Unidas em Moçambique, Myrta Kaulard.

Em entrevista à ONU News, de Maputo, ela afirma que a organização está a preparar-se para responder a uma estação de ciclones “muito forte” nos próximos meses.

Idai e Kenneth

A notícia chega poucos meses antes de a nação africana marcar o primeiro aniversário de um dos maiores desastres naturais da sua história: os ciclones Idai e Kenneth, que arrasaram Moçambique em março e abril passados.

Juntos, eles causaram mais de 640 mortos a afetaram pelo menos 2,2 milhões de pessoas.

Myrta Kaulard conta que o início das chuvas tem sido “muito intenso” e que os desastres naturais do ano passado dificultam a resposta.

“Isto torna estas populações muito mais vulneráveis do que em anos passados. Estamos muito preocupados. As previsões são de mais chuvas nas próximas semanas e isto é um desafio muito forte. Estamos então muito preocupados.”

Os últimos dados do Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, revelam que as chuvas já afetaram perto de 68 mil pessoas, causando 45 mortos e 67 feridos.

Mais de 3,1 mil casas foram destruídas e 1,1 mil salas de aula danificadas, bem como 10 centros de saúde. Em resposta, as agências da ONU prestaram ajuda alimentar a mais de 82 mil famílias nas províncias de Gaza e Inhambane.

Secas

Por outro lado, no sul do país, as chuvas estão muito abaixo do normal, com um problema de seca que causa insegurança alimentar. Segundo a coordenadora residente, a ONU e os parceiros estão apoiando “várias centenas de milhares de pessoas.”

Myrta Kaulard diz que “as Nações Unidas estão a colaborar de forma muito próxima com as instituições nacionais”, que “estão a trabalhar muito bem”, evacuando pessoas que vivem em zonas de risco para evitar perdas de vidas.

Segundo a coordenadora, devido às secas e às chuvas, os stocks de emergência já estão sendo utilizados, ainda antes do pico da época dos ciclones. Afirma que isso é “uma fonte de preocupação.”

Neste momento, 2,5 milhões de moçambicanos precisam de ajuda humanitária urgente. Cerca de 1,9 milhão de pessoas necessitam de ajuda alimentar, 765 mil famílias precisam de kits sanitários e mais de 115 mil famílias necessitam de abrigos.

“As prioridades das próximas oito semanas são alimentação, abrigos, água e saneamento. Estes são os elementos básico para poder salvar vidas e poder apoiar as necessidades primarias das populações.”

Myrta Kaulard afirma que a ONU está “correndo contra o tempo para mobilizar recursos, para comprar mais alimentos, mais abrigos e mais material para posicionar” antes da chegada da época dos ciclones.

Financiamento

O maior obstáculo a esse trabalho é o financiamento. A coordenadora diz que a ONU não tem, neste momento, os recursos necessários. O Plano de Resposta Humanitária para o país detalha uma necessidade urgente de US$ 120 milhões. Dentro deste total, US$ 25 milhões são necessários imediatamente.

“Deixo um pedido à comunidade internacional de sustentar o trabalho das Nações Unidas e das instituições moçambicanas para poder ajudar a população que pode ser afetada por chuvas, por secas e por ciclones nos próximos meses. “

Segundo a coordenadora residente, “as capacidades das instituições nacionais são limitadas” e, por isso, a comunidade internacional “tem uma responsabilidade de ajudar.” ONU News – Nações Unidas


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