O impacto do contexto socioeconómico sente-se mesmo
quando se observam apenas alunos com resultados elevados, e persistem
diferenças de expectativas profissionais entre rapazes e raparigas. São
resultados observados sobre Macau num estudo da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico
Em
Macau, o estatuto socioeconómico influencia as expectativas dos alunos em
completarem educação de ensino superior, mesmo entre estudantes com desempenho
elevado. É o que revelam os resultados de um estudo lançado pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com dados do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2018.
“Empregos
de Sonho: As aspirações de carreira e o futuro do trabalho dos adolescentes”,
mostra diferenças derivadas do contexto socioeconómico em alunos de topo, com
menos de 10% dos estudantes favorecidos a considerarem que não vão completar o
ensino superior, em contraste com mais de 20% no caso dos desfavorecidos, no
caso de Macau. A diferença é um pouco inferior à da média da OCDE.
A
diferença é menos visível nas expectativas quanto a tornarem-se profissionais
ou gerentes, variando entre cerca de 15% e menos de 30%. Em termos de género,
as raparigas apresentam mais expectativas do que os rapazes em como vão
completar educação superior, bem como em serem profissionais ou gerentes.
O
estudo da OCDE, que é da autoria de Anthony Mann, Vanessa Denis, Andreas
Schleicher, Hamoon Ekhtiari, Teeralynn Forsyth, Elvin Liu e Nick Chambers,
aborda também as diferenças estatísticas entre raparigas e rapazes no que toca
a ambições em áreas profissionais distintas.
Nos
alunos com elevado desempenho em matemática e/ou ciência, de entre os países
analisados Macau é um dos que apresenta menos jovens com vontade de prosseguir
carreira em profissões de ciência e engenharia. É algo que apenas menos de 20%
dos alunos de topo pretendem, e onde os rapazes apresentam mais ambição. A
diferença de expectativas entre géneros aumenta nas carreiras relacionadas com
a saúde, mas desta vez são as raparigas que têm mais vontade de prosseguir na
área.
“Resultados
do PISA mostram que as aspirações profissionais dos jovens não são uma reflexão
simples da sua capacidade académica. (…) Análises mostram que controlando para
níveis de proficiência, as crianças de famílias mais favorecidas têm maior
probabilidade de quererem ir para a universidade do que crianças de famílias da
classe trabalhadora. Similarmente, o pensamento sobre a carreira é
frequentemente influenciado pelo género e contexto de imigração, bem como pelo
estatuto socioeconómico”, descreve o estudo.
No
âmbito da percepção que os jovens têm sobre o que necessitam para atingir as suas
expectativas profissionais, em Macau um pouco mais de 20% de entre aqueles que
pretendem ser profissionais ou gerentes não planeiam completar o ensino
superior. Uma tendência mais vincada nos casos de estudantes de contextos
socioeconómicos desfavorecidos. Isto ainda que as escolas que atraem mais
estudantes desfavorecidos apresentem mais orientação de carreira por parte de
conselheiros.
O
documento apresenta ainda um prefácio do co-fundador da Tencent, que aborda
desafios enfrentados actualmente na área da educação. “Apesar de completarem um
número sem precedentes de anos de educação formal, os jovens continuam a ter
dificuldades no mercado de trabalho e os governos continuam a preocupar-se com
a incompatibilidade entre o que as sociedades e as economias exigem e o que os
sistemas educativos oferecem. A coexistência de licenciados universitários
desempregados e de empregadores que dizem não conseguir encontrar pessoas com
as ferramentas que procuram, mostra que mais educação não significa
automaticamente melhores trabalhos e melhores vidas”, descreve Charles Yidan. Salomé
Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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