Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Macau - Alunos de topo mas desfavorecidos com menos expectativas universitárias

O impacto do contexto socioeconómico sente-se mesmo quando se observam apenas alunos com resultados elevados, e persistem diferenças de expectativas profissionais entre rapazes e raparigas. São resultados observados sobre Macau num estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico



Em Macau, o estatuto socioeconómico influencia as expectativas dos alunos em completarem educação de ensino superior, mesmo entre estudantes com desempenho elevado. É o que revelam os resultados de um estudo lançado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2018.

“Empregos de Sonho: As aspirações de carreira e o futuro do trabalho dos adolescentes”, mostra diferenças derivadas do contexto socioeconómico em alunos de topo, com menos de 10% dos estudantes favorecidos a considerarem que não vão completar o ensino superior, em contraste com mais de 20% no caso dos desfavorecidos, no caso de Macau. A diferença é um pouco inferior à da média da OCDE.

A diferença é menos visível nas expectativas quanto a tornarem-se profissionais ou gerentes, variando entre cerca de 15% e menos de 30%. Em termos de género, as raparigas apresentam mais expectativas do que os rapazes em como vão completar educação superior, bem como em serem profissionais ou gerentes.

O estudo da OCDE, que é da autoria de Anthony Mann, Vanessa Denis, Andreas Schleicher, Hamoon Ekhtiari, Teeralynn Forsyth, Elvin Liu e Nick Chambers, aborda também as diferenças estatísticas entre raparigas e rapazes no que toca a ambições em áreas profissionais distintas.

Nos alunos com elevado desempenho em matemática e/ou ciência, de entre os países analisados Macau é um dos que apresenta menos jovens com vontade de prosseguir carreira em profissões de ciência e engenharia. É algo que apenas menos de 20% dos alunos de topo pretendem, e onde os rapazes apresentam mais ambição. A diferença de expectativas entre géneros aumenta nas carreiras relacionadas com a saúde, mas desta vez são as raparigas que têm mais vontade de prosseguir na área.

“Resultados do PISA mostram que as aspirações profissionais dos jovens não são uma reflexão simples da sua capacidade académica. (…) Análises mostram que controlando para níveis de proficiência, as crianças de famílias mais favorecidas têm maior probabilidade de quererem ir para a universidade do que crianças de famílias da classe trabalhadora. Similarmente, o pensamento sobre a carreira é frequentemente influenciado pelo género e contexto de imigração, bem como pelo estatuto socioeconómico”, descreve o estudo.

No âmbito da percepção que os jovens têm sobre o que necessitam para atingir as suas expectativas profissionais, em Macau um pouco mais de 20% de entre aqueles que pretendem ser profissionais ou gerentes não planeiam completar o ensino superior. Uma tendência mais vincada nos casos de estudantes de contextos socioeconómicos desfavorecidos. Isto ainda que as escolas que atraem mais estudantes desfavorecidos apresentem mais orientação de carreira por parte de conselheiros.

O documento apresenta ainda um prefácio do co-fundador da Tencent, que aborda desafios enfrentados actualmente na área da educação. “Apesar de completarem um número sem precedentes de anos de educação formal, os jovens continuam a ter dificuldades no mercado de trabalho e os governos continuam a preocupar-se com a incompatibilidade entre o que as sociedades e as economias exigem e o que os sistemas educativos oferecem. A coexistência de licenciados universitários desempregados e de empregadores que dizem não conseguir encontrar pessoas com as ferramentas que procuram, mostra que mais educação não significa automaticamente melhores trabalhos e melhores vidas”, descreve Charles Yidan. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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