Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Macau – Universidade de Macau desenvolveu “caçador de vírus” que pode detectar coronavírus em meia hora

Uma equipa da Universidade de Macau desenvolveu um sistema de detecção de coronavírus para combater surtos epidémicos. A tecnologia, com chips microfluídicos digitais, foi patenteada pela universidade e está em fase de testes na província de Cantão. Após validação governamental, o sistema de detecção poderá ser utilizado por médicos e enfermeiros para aumentar a eficiência na detecção e reduzir o risco de transmissão de vírus



A fim de acelerar a detecção de novos coronavírus, a Universidade de Macau (UMAC) intensificou o desenvolvimento de um sistema baseado num “chip microfluídico digital” para ajudar a combater o surto epidémico. Com a ajuda do “Virus Hunter”, um kit de teste rápido desenvolvido com tecnologia patenteada pela UMAC, todo o processo de detecção de vírus pode ser concluído em 30 minutos. O estudo foi conduzido por uma equipa formada por investigadores do Laboratório de Referência do Estado em Circuitos Analógico e Mistos em Muito Larga Escala e doutorados. “[Foram] cerca de uma dúzia [de investigadores] desde 2012, quando iniciámos a investigação nesta área, e onde foram já doutorados quatro alunos (um deles o CEO da Digifluidic) e outros quatro que estão a fazer agora o doutoramento”, afirmou Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau para os Assuntos Globais.

“A equipa de pesquisa tem estado em contacto com várias unidades médicas relevantes e o sistema estará pronto para uso após a verificação”, pode ler-se no comunicado da Universidade de Macau divulgado no sábado. De acordo com Rui Martins, o “Virus Hunter” é um sistema portátil que “substitui um laboratório biológico convencional, assim como o iphone substituiu o computador antigo que ocupava uma sala há 60 anos”.

“Os chips são feitos por nós numa sala limpa e substituem uma sala de laboratório bio normal, são uma espécie de CSI-lab portátil. O teste pode ser reduzido de várias horas para 30 minutos. Este chip é fixo (circuito electrónico em vidro, produzido por nós numa sala de fabricação limpa de impurezas) e lá dentro tem 10 câmaras que permitem fazer 10 reacções químicas simultâneas. Podemos adicionar um reagente do vírus e num teste podemos ter mais resultados, para além de reduzirmos a possibilidade de contaminação”, explicou Rui Martins, em declarações ao Ponto Final, sobre o funcionamento do sistema de chip microfluídico digital desenvolvido na UMAC.

Ao contrário da maioria dos kits de teste de reagentes de ácido nucleico para o novo coronavírus, que só podem ser usados dentro de laboratórios, o kit de teste “Virus Hunter” inclui um cotonete nasofaríngeo, chips de detecção com reagentes e equipamento para detecção rápida, o que permite a realização de testes rápidos em qualquer local com pacientes suspeitos de infecção.

Questionado sobre quando está prevista a implementação desta tecnologia nos centros hospitalares e noutros locais de controlo de doenças, Rui Martins revelou que só falta a validação governamental e que há potencial para exportação. “Já utilizámos o sistema em animais e em DNA humano sintetizado para já, e iremos fazer testes com o coronavírus na próxima semana num centro para controlo de doenças na China. Só depois desses testes e da validação governamental pode ser utilizado por pessoal hospitalar como médicos e enfermeiros”, referiu o docente, acrescentando que o teste já foi oficialmente autorizado e que já está a ser testado na província de Cantão.

Sobre a exportação desta tecnologia, Rui Martins assumiu que é um objectivo. “Evidentemente que sim, este equipamento é muito avançado e quase único em termos mundiais baseado em várias patentes americanas do nosso Laboratório de Referência do Estado em Circuitos Analógico e Mistos em Muito Larga Escala (State Key Laboratory of Analog and Mixed-Signal VLSI)”. Eduardo Santiago – Macau in “Ponto Final”

eduardosantiago.pontofinal@gmail.com

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