Uma equipa da Universidade de Macau desenvolveu um
sistema de detecção de coronavírus para combater surtos epidémicos. A
tecnologia, com chips microfluídicos digitais, foi patenteada pela universidade
e está em fase de testes na província de Cantão. Após validação governamental,
o sistema de detecção poderá ser utilizado por médicos e enfermeiros para
aumentar a eficiência na detecção e reduzir o risco de transmissão de vírus
A
fim de acelerar a detecção de novos coronavírus, a Universidade de Macau (UMAC)
intensificou o desenvolvimento de um sistema baseado num “chip microfluídico
digital” para ajudar a combater o surto epidémico. Com a ajuda do “Virus
Hunter”, um kit de teste rápido desenvolvido com tecnologia patenteada pela
UMAC, todo o processo de detecção de vírus pode ser concluído em 30 minutos. O
estudo foi conduzido por uma equipa formada por investigadores do Laboratório
de Referência do Estado em Circuitos Analógico e Mistos em Muito Larga Escala e
doutorados. “[Foram] cerca de uma dúzia [de investigadores] desde 2012, quando
iniciámos a investigação nesta área, e onde foram já doutorados quatro alunos
(um deles o CEO da Digifluidic) e outros quatro que estão a fazer agora o
doutoramento”, afirmou Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau para
os Assuntos Globais.
“A
equipa de pesquisa tem estado em contacto com várias unidades médicas
relevantes e o sistema estará pronto para uso após a verificação”, pode ler-se
no comunicado da Universidade de Macau divulgado no sábado. De acordo com Rui
Martins, o “Virus Hunter” é um sistema portátil que “substitui um laboratório
biológico convencional, assim como o iphone substituiu o computador antigo que
ocupava uma sala há 60 anos”.
“Os
chips são feitos por nós numa sala limpa e substituem uma sala de laboratório
bio normal, são uma espécie de CSI-lab portátil. O teste pode ser reduzido de
várias horas para 30 minutos. Este chip é fixo (circuito electrónico em vidro,
produzido por nós numa sala de fabricação limpa de impurezas) e lá dentro tem
10 câmaras que permitem fazer 10 reacções químicas simultâneas. Podemos
adicionar um reagente do vírus e num teste podemos ter mais resultados, para
além de reduzirmos a possibilidade de contaminação”, explicou Rui Martins, em
declarações ao Ponto Final, sobre o funcionamento do sistema de chip
microfluídico digital desenvolvido na UMAC.
Ao
contrário da maioria dos kits de teste de reagentes de ácido nucleico para o
novo coronavírus, que só podem ser usados dentro de laboratórios, o kit de
teste “Virus Hunter” inclui um cotonete nasofaríngeo, chips de detecção com
reagentes e equipamento para detecção rápida, o que permite a realização de
testes rápidos em qualquer local com pacientes suspeitos de infecção.
Questionado
sobre quando está prevista a implementação desta tecnologia nos centros
hospitalares e noutros locais de controlo de doenças, Rui Martins revelou que
só falta a validação governamental e que há potencial para exportação. “Já
utilizámos o sistema em animais e em DNA humano sintetizado para já, e iremos
fazer testes com o coronavírus na próxima semana num centro para controlo de
doenças na China. Só depois desses testes e da validação governamental pode ser
utilizado por pessoal hospitalar como médicos e enfermeiros”, referiu o
docente, acrescentando que o teste já foi oficialmente autorizado e que já está
a ser testado na província de Cantão.
Sobre
a exportação desta tecnologia, Rui Martins assumiu que é um objectivo.
“Evidentemente que sim, este equipamento é muito avançado e quase único em
termos mundiais baseado em várias patentes americanas do nosso Laboratório de
Referência do Estado em Circuitos Analógico e Mistos em Muito Larga Escala
(State Key Laboratory of Analog and Mixed-Signal VLSI)”. Eduardo Santiago –
Macau in “Ponto Final”
eduardosantiago.pontofinal@gmail.com
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