Díli
- A presidente do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social de
Portugal defendeu que Timor-Leste deve consolidar a separação entre o Orçamento
da Segurança Social e o Orçamento do Estado.
Teresa
Fernandes, que falava num seminário em Díli, esclareceu que a futura lei de
enquadramento orçamental deve garantir a transparência na gestão.
A
autonomia é essencial para evitar erros como os que se cometeram em Portugal,
quando se utilizou dinheiro da Segurança Social para gastos do Estado como, por
exemplo, na Saúde, afirmou, numa apresentação sobre a relação entre Orçamento
da Segurança Social e Orçamento Geral do Estado.
A
responsável portuguesa notou que em Timor-Leste, como em Portugal, as normas
referidas apontam “para um Orçamento da Segurança Social distinto do Orçamento
do Estado e com um regime financeiro próprio”.
Para
Teresa Fernandes, é essencial para a sustentabilidade do sistema garantir que
“o dinheiro da segurança social não se confunda com dinheiros públicos”, ou
receitas do Estado, e aqueles fundos devem ser geridos com transparência.
“As
receitas da Segurança Social não se confundem com as receitas do Estado”,
frisou.
O
sistema deve ainda respeitar o “compromisso intergeracional subjacente ao
sistema de repartição” e os excedentes anuais “devem reverter para um fundo de
reserva a utilizar nos momentos em que o sistema se mostre deficitário”,
acrescentou.
Uma
garantia da existência de verbas “para pagar prestações nos momentos de crise
para que cumpram o seu papel contra cíclico”, esclareceu.
Neste
quadro, a futura lei de enquadramento deve conter “princípios e regras”
específicos do setor da Segurança Social, e ainda “o regime do processo
orçamental, as regras de execução, de contabilidade, reporte orçamental e
financeiro, e financiamento, bem como as regras de fiscalização, de controlo e
transparência respeitantes ao setor da segurança social”, disse.
O
orçamento da Segurança Social “deve ser unitário e autónomo do Orçamento do
Estado”, e garantir “coesão intergeracional”, adequação seletiva das fontes de
financiamento, consignação das receitas e “formas de financiamento”.
Teresa
Fernandes falava na abertura do seminário “Próximos passos para o futuro da
Segurança Social em Timor-Leste”, promovido pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), Ministério da Segurança Social e Inclusão (MSSI) e Instituto
Nacional da Segurança Social timorenses, com o apoio da cooperação portuguesa e
financiado pelo MSSI e pela Segurança Social portuguesa.
No
mesmo encontro, o diretor-geral do Gabinete de Estratégia e Planeamento do
Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, José Luís
Albuquerque, lembrou o papel que a Segurança Social tem na sociedade e na
economia, “sendo fator de competitividade de empresas e países”.
“Quanto
mais fortes os sistemas de proteção social, mais produtivas e competitivas são
empresas e trabalhadores”, disse o responsável, sublinhando a importância do
sistema como um dos “fatores de sustentabilidade das finanças publicas”.
“Não
há segurança social sem trabalho, não há trabalho digno e sustentável sem
formação profissional e proteção social, não há contribuintes, impostos e taxas
sem atividade económica”, afirmou.
Albuquerque
destacou os passos “enormes, seguros e frutuosos” dados por Timor-Leste na
criação do sistema de segurança e proteção social, e saudou o trabalho conjunto
feito por Portugal e Timor-Leste nesta matéria.
Defendeu
também mais ambição para fazer o que ainda é necessário, com um trabalho
conjunto dentro e fora do Governo.
“A
sustentabilidade do sistema de segurança social e nos nossos sistemas políticos
e sociais não é uma mera sustentabilidade financeira, é também social,
económica e política. E para isso, a segurança social é imprescindível”,
concluiu. Agência Lusa – Timor-Leste
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