O porto chinês de Ningbo-Zhoushan inaugurou esta semana uma rota pelo Ártico que encurta para 18 dias a ligação à Europa, menos de metade do tempo pelo canal do Suez, apesar de custos mais elevados por contentor.
O
porta-contentores “Istanbul Bridge”, da transportadora “SeaLegend”, concluiu na
segunda-feira o carregamento em Ningbo-Zhoushan e partiu rumo a Felixstowe,
principal porto do Reino Unido, onde deverá atracar a 10 de Outubro, noticiou o
jornal oficial “Global Times”.
A
nova rota encurta em 22 dias a viagem face ao canal do Suez e em 32 dias em
comparação com a passagem pelo Cabo da Boa Esperança. É ainda uma semana mais
rápida do que os 25 dias que o transporte ferroviário China-Europa demora a
completar o trajecto, segundo a agência Xinhua.
Após
Felixstowe, o “Istanbul Bridge” fará escalas em Roterdão (Países Baixos),
Hamburgo (Alemanha) e, finalmente, em Gdansk (Polónia), a 16 de Outubro. O
“South China Morning Post” (SCMP) sublinhou, no entanto, que o navio é de menor
porte do que os que transitam habitualmente pelo canal do Suez e que, embora a
rota pelo Ártico seja mais curta, o custo por contentor é mais elevado.
De
acordo com a “SeaLegend”, as tarifas nesta via situam-se actualmente entre as
do transporte ferroviário e as das rotas marítimas tradicionais, sendo por isso
usada sobretudo para carga urgente, como encomendas de comércio electrónico ou
produtos de alto valor, incluindo baterias e unidades de armazenamento de
energia.
A
China já tinha testado a chamada Rota Marítima do Norte em 2023, quando a
companhia “Newnew Shipping” lançou uma linha a partir do porto de Lianyungang,
na província de Jiangsu. A presidente da empresa, Fan Yuxin, destacou na altura
que a ligação permite acesso a recursos energéticos sob controlo da Rússia,
onde se estima estarem cerca de 30% das reservas por explorar de gás natural e
13% de petróleo.
A
“Newnew” manifestou em Julho interesse no plano de Moscovo para construir uma
secção em águas profundas no porto de Arkhangelsk, perspectivando investir 2,4
mil milhões de dólares em troca de uma participação de 30%, acrescentou o SCMP.
Actualmente, a rota pelo Ártico é apenas navegável no Verão, mas o derretimento
do gelo marinho poderá alargar o período de operação, criando novas
oportunidades económicas e geopolíticas para a Rússia, mas também riscos para a
biodiversidade da região, alertam organizações ambientais. In “Jornal
Tribuna de Macau” – China com “Lusa”
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