Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 23 de setembro de 2025

China - Trabalhos de fotógrafas portuguesas sobressaem em festival de Pingyao

O curador João Miguel Barros reuniu três artistas de Portugal e uma de Macau para o Festival Internacional de Fotografia de Pingyao, inaugurado na cidade chinesa a 19 de Setembro. Desde a reocupação de um cineteatro abandonado a formas de expressão mais abstractas e experimentais, as quatro portuguesas seleccionadas para o projecto foram desafiadas a mostrar o melhor da fotografia portuguesa no feminino ao público do festival, composto por milhares de visitantes nacionais e estrangeiros


A 25.ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Pingyao (PIP, na sigla em inglês) foi inaugurada no dia 19 de Setembro, reunindo mais de 20.000 trabalhos de cerca de cinco mil fotógrafos – chineses e estrangeiros – sob o tema “Quebrando Barreiras, Visões Inteligentes do Futuro”. João Miguel Barros foi um dos 14 curadores internacionais do evento deste ano, que contou com a participação de quatro fotógrafas de origem portuguesa: Sara Augusto, Luísa Ferreira, Maria Oliveira e Susana Paiva.

O festival realiza-se na cidade histórica de Pingyao, na província de Shanxi, com várias exposições distribuídas pelos museus, galerias, espaços culturais e até escolas e fábricas da cidade. Apesar da localização remota, este é um dos mais relevantes eventos fotográficos da China, tendo já albergado mais de 300.000 obras de centenas de países e recebido milhões de visitantes desde a primeira edição, em 2001. A adesão deste ano foi igualmente significativa, segundo relata o curador João Miguel Barros ao Ponto Final.

“É um dos festivais mais antigos da China, que movimenta milhares de pessoas todos os anos”, contextualiza. “Este ano comemora o 25.º aniversário, com uma participação enorme do público. É realmente impressionante ver milhares de pessoas a fluir a Pingyao, uma cidade que nem sequer tem aeroporto, por causa de um festival de fotografia”.

Esta é a primeira vez que o curador, fotógrafo e fundador da galeria Ochre Space, em Lisboa, foi convidado a integrar a equipa de curadoria do festival chinês. Este projecto insere-se, aliás, nos objectivos delineados para o espaço artístico lisboeta: “Tenho estado a tentar criar uma ponte entre Portugal e a China através do Ochre Space, com a divulgação da fotografia chinesa e japonesa em Portugal”, explica, em conversa com o Ponto Final. Neste caso, o objectivo foi o inverso: levar a fotografia portuguesa à China.

A delegação de Portugal em Pingyao foi constituída por três artistas portuguesas (Luísa Ferreira, Maria Oliveira e Susana Paiva) e uma artista portuguesa de Macau (Sara Augusto), sob o título “A Fotografia Portuguesa no Feminino”. “Os três projectos de Portugal tinham sido recentemente seleccionados para um grande festival de fotografia em França, portanto eram projectos seguros”. Sara Augusto, fotógrafa radicada em Macau, foi também incluída na iniciativa pelo seu “trabalho fantástico”, acrescenta o curador.

A obra de Susana Paiva, baseada numa linha artística mais abstracta e experimental, será aquela que mais se diferencia do grupo. De resto, embora não exista um tema comum ou fio condutor que una os trabalhos das outras três artistas, todos seguem “uma linha narrativa muito contemporânea, muito ligada com as tradições, com a intimidade…”.

O projecto de fotografia documental assinado por Sara Augusto, intitulado de “Legacy”, exemplifica esta visão nostálgica do passado e do seu impacto no presente com fotografias que mostram o Cineteatro de Mangualde – abandonado e em ruínas – reocupado pelas personagens que habitariam, normalmente, este espaço, como artistas, maestros e público.

Segundo consta na ficha de projecto, disponibilizada ao Ponto Final pela autora, pretendeu-se assim “não só registar a degradação do espaço do teatro, mas também ter em conta a história do edifício e toda a vida cultural que ele representou na região, para além de se poder registar um pouco do que será a vida cultural quando o teatro estiver (sem previsão…) reabilitado”.

Elaborado ao longo de quatro meses, o registo fotográfico divide-se em três grupos: “o passado e as pessoas relacionadas com a história do edifício”, “o momento presente de ruína” e “um possível momento no futuro”. As fronteiras temporais esfumam-se nestes retratos, em que é possível ver “o maestro da orquestra da cidade conduzindo uma orquestra imaginária num palco em ruínas” ou “uma bailarina ensaiando passos de ballet”, em preparação para um espectáculo que nunca estreará.

Face ao sucesso da presente edição, João Miguel Barros tenciona voltar a desempenhar o papel de curador no próximo ano. “Provavelmente vou continuar a colaborar com o festival, para o ano, e logo verei que tipo de fotografia portuguesa irei escolher”.

O festival deste ano contou com a participação de mais de cinco mil fotógrafos de 34 países e regiões e 25 províncias ou regiões autónomas chinesas. De acordo com o jornal China Daily, o tema “Quebrando Barreiras, Visões Inteligentes do Futuro” alude à integração da inteligência artificial e da inovação tecnológica na arte da fotografia. Carolina Baltazar – Macau in “Ponto Final”

Sem comentários:

Enviar um comentário