Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Japão - Médica centenária ainda exerce medicina sem intenção de se reformar

Uma mulher com mais de 100 anos da província de Wakayama, no Japão, continua a exercer medicina para apoiar a saúde dos residentes locais. A Dra. Teru Kasamatsu, médica no Hospital Kasamatsu, em Kainan, atende doentes externos três dias por semana, principalmente doentes comuns.


No hospital virado para a Baía de Wakayama, Kasamatsu vestia uma bata branca e conversava com os pacientes com um sorriso gentil enquanto verificava os seus registos médicos. “A sua tensão arterial está um pouco alta”, disse a um paciente. “Por favor, traga o seu livro de registo de medicamentos da próxima vez que vier”.

O hospital foi fundado em 1909, e Kasamatsu examina e trata os residentes como médica há quase 80 anos. A sua crença como médica é muito clara. “O melhor a fazer é ouvir o que o doente quer dizer”, disse.

Agora, o seu segundo filho, o Dr. Satoshi, de 68 anos, é o director do hospital, e a esposa, Drª Hitomi, de 61 anos, chefia o departamento de enfermagem. Kasamatsu tem uma grande confiança de ambos.

Satoshi disse: “Ela é óptima a criar uma atmosfera onde é fácil conversar. Os doentes confiam nela”.

A Dra. Kasamatsu nasceu em 1925 no local onde hoje se situa Kinokawa, na província de Wakayama, como a mais nova de cinco irmãos. Escolheu tornar-se médica porque a guerra se intensificou enquanto ainda frequentava o ensino secundário feminino. Ao ver muitas mulheres perderem os maridos na guerra, o pai recomendou-lhe que aprendesse a sustentar-se, contou Kasamatsu.

Estudou muito e tornou-se médica em 1948. Casou com Shigeru, um cirurgião ortopédico, aos 24 anos. Quando Shigeru assumiu o Hospital Kasamatsu do pai, ela começou a trabalhar na unidade hospitalar com o marido.

O casal geria o hospital em conjunto enquanto criavam três filhos. Ela disse que, por vezes, atendia 120 doentes por dia. Como o hospital costumava receber doentes de urgência, não era incomum que ficasse acordada toda a noite a atender cirurgias.

“Fazia de tudo, desde examinar os doentes até dispensar medicamentos e fazer a contabilidade”, recordou. Quando o hospital começou a aceitar mais doentes internados e precisava de uma cozinheira para fornecer refeições, decidiu fazê-lo sozinha e obteve uma licença de cozinheira quando tinha mais de 30 anos.

Apesar dos seus dias ocupados e agitados, continuou a trabalhar com energia, mesmo tendo sido hospitalizada para tratamento oncológico. O Dr. Kasamatsu refere que o segredo da sua longevidade e saúde está na sua dieta.

“Coma muitos vegetais, como espinafres, brócolos, couve e quiabos. Comer vegetais ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue baixos, por isso é bom.”

Shigeru faleceu em 2012, aos 91 anos, e Kasamatsu vive actualmente sozinha na casa, que fica ao lado do hospital. Mesmo aos 100 anos, ainda anda sem bengala. Recebe apoio das pessoas que a rodeiam, no entanto, mantém-se saudável tanto física como mentalmente.

A sua rotina diária é resolver puzzles numéricos, o que, segundo a própria, é uma forma de prevenir a demência. Passa uma a duas horas por dia a resolvê-los para manter a mente activa.

O passatempo de Kasamatsu é o piano, que começou a tocar aos 70 anos, inspirada por Shigeru, que já tinha começado a aprender antes dela. Toca com habilidade enquanto trauteia peças como Moon River. Tem ainda aulas semanais e esforçou-se por dominar Für Elise, de Beethoven, chegando a apresentar-se num recital ao lado de jovens.

Também tenta actualizar os seus conhecimentos médicos lendo materiais de associações médicas sempre que tem tempo. Ela ainda não tem intenção de se reformar. “Não me estou a sentir mal”, garante. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”


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