Várias organizações da sociedade civil de Timor-Leste juntaram-se ontem ao terceiro dia de protesto dos estudantes universitários em Díli para denunciar as injustiças sociais que permanecem no país
“Também
nós conhecemos e sentimos as injustiças no nosso país”, disse à Lusa Pipitu
Kadalak, coordenador da comunidade LGBTQ timorense, após um discurso público na
manifestação em frente ao Parlamento Nacional. “Vejo que o povo não vive bem.
Trabalhei anteriormente na PLAN Internacional, em áreas rurais, e constatámos
que muitas pessoas vivem em situação de pobreza, muitas não têm acesso a água
potável, não têm acesso a infraestruturas de qualidade, nem a uma educação
adequada. Isto constitui uma grande falha do Estado, que afirma ter compromisso
com o desenvolvimento, mas na realidade não apresenta resultados”, lamentou o
activista.
O
coordenador da comunidade LGBTQ criticou também os deputados por não
apresentarem resultados das suas ações de fiscalização. “Os deputados dizem que fiscalizam junto do
povo, mas onde estão os resultados? Isso é o que exigimos”, afirmou Pipitu
Kadalak. “Enquanto eles [os deputados]
não eliminarem as pensões vitalícias e não melhorarem as condições de vida da
população, nós continuaremos firmes ao lado dos estudantes”, disse.
Também
junto dos estudantes estava a organização que luta pelos direitos das pessoas
com necessidade especiais. “Timor-Leste transformou-se num Estado falhado. As
escolas estão degradadas, em ruínas, não há professores suficientes, o setor da
saúde enfrenta dificuldades, a agricultura está fragilizada e a taxa de má
nutrição aumenta. Eles não veem isso?”, questionou Justino da Costa,
representante do movimento de pessoas com necessidades especiais.
Justino
da Costa também declarou apoio aos estudantes universitários para “formar uma
força de resistência contra a injustiça no país”. “É preciso acabar com as
pensões vitalícias para pôr fim ao poder abusivo e alocar esses recursos para
setores estratégicos”, disse Justino da Costa, salientando que o subsídio dado
às pessoas com deficiência é de 60 dólares.
O
diretor executivo da Associação HAK, organização não-governamental de defesa
dos direitos humanos, Feliciano da Costa, também deixou críticas aos deputados
por discutirem assuntos que apenas defendem os seus interesses. “Caros elementos da PNTL que estão aqui
presentes, com uniformes já gastos e salários que os governantes nunca se
preocuparam em rever. Mesmo assim, pedem aos polícias que vos garantam
segurança”, disse Feliciano da Costa.
Feliciano
Costa falou também em defesa do mar de Timor-Leste, lamentando a falta de
condições para o seu patrulhamento. “Se
possível, comprem barcos para a Polícia Marítima, para que possam sobreviver e
equipem-nos com uniformes”, disse aos deputados e aos governantes timorenses,
pedindo-lhes que na discussão do próximo Orçamento de Estado se foquem na
segurança, educação, saúde e infraestruturas básicas.
O
terceiro dia de protestos dos estudantes universitários timorenses, o dia com o
maior número de pessoa, está a decorrer sem incidentes. Os jovens estão também
a receber apoio dos cidadãos timorenses, que estão a contribuir com água e
alimentos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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