A Coreia do Sul vai enviar um Boeing 747-8i da Korean Air aos Estados Unidos para repatriar os mais de 300 trabalhadores sul-coreanos detidos na operação de imigração realizada numa megafábrica da Hyundai na passada sexta-feira
O
avião partirá o mais tardar esta quarta-feira do Aeroporto Internacional de
Incheon com destino ao aeroporto Hartsfield-Jackson, em Atlanta, Geórgia (EUA),
segundo fontes da indústria da aviação citadas ontem pela agência de notícias
local Yonhap.
Seul
já tinha anunciado que os mais de 300 trabalhadores sul-coreanos detidos após
uma grande operação de imigração numa fábrica da Hyundai no estado da Geórgia,
nos Estados Unidos, iriam ser libertados e levados para casa.
As
autoridades de imigração dos Estados Unidos anunciaram na sexta-feira que
detiveram 475 pessoas, a maioria delas cidadãos sul-coreanos, quando centenas
de agentes federais procederam a uma inspeção na fábrica da Hyundai na Geórgia,
onde a marca sul-coreana tem uma linha de montagem de veículos eléctricos.
Os
agentes concentraram-se numa fábrica ainda em construção, na qual a Hyundai fez
uma parceria com a LG Energy Solution para produzir baterias que alimentam
veículos eléctricos.
O
chefe da diplomacia sul-coreana, Cho Hyun, anunciou no último fim de semana que
mais de 300 nacionais da Coreia do Sul tinham sido detidos e que viajaria
pessoalmente para os Estados Unidos para tentar acordar com as autoridades
norte-americanas uma solução para o caso.
A
operação foi a mais recente de uma longa série de inspeções realizadas no
quadro da agenda de deportação em massa da Administração do Presidente Donald
Trump. Ainda assim, distingue-se pela dimensão e porque o local visado tem sido
apresentado como o maior projeto de desenvolvimento económico do estado da
Geórgia.
Por
outro lado, a operação também surpreendeu Seul, que é uma importante aliada de
Washington. Em julho, a Coreia do Sul concordou em comprar aos Estados Unidos
100 mil milhões dólares (85,37 mil milhões de euros) de energia, assim como
fazer um investimento em território norte-americano de 350 mil milhões de
dólares (298,8 mil milhões de euros) em troca da redução das tarifas
alfandegárias decretadas por Trump.
Há
cerca de duas semanas, por outro lado, os dois chefes de Estado encontraram
pela primeira vez na Casa Branca.
O
episódio voltou a colocar em discussão a denúncia constante das empresas
sul-coreanas sobre a falta de vistos adequados para enviar técnicos às suas
fábricas nos Estados Unidos. A ausência de autorizações de trabalho adequadas
levou muitos trabalhadores a viajar com vistos que não lhes permitiam realizar
tarefas nas obras em causa, segundo Seul.
Paralelamente,
o recente acordo comercial assinado com a administração Trump inclui
compromissos de investimento por parte de Seul em áreas-chave como baterias e
semicondutores, o que aumenta ainda mais a necessidade deste tipo de pessoal
especializado.
O
caso gerou um descontentamento geral na Coreia do Sul, que incluiu protestos em
Seul. Uma pesquisa da Realmeter publicada na terça-feira mostrou que quase 60%
dos cidadãos se declararam profundamente decepcionados com o governo
norte-americano do Presidente Donald Trump devido a medidas consideradas
excessivas, contra 31%, que disseram entender a medida como uma ação inevitável
das autoridades migratórias americanas. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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