É “inegável” o “contributo” dos portugueses para o desenvolvimento da RAEM – palavras do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, por ocasião das comemorações locais do 10 de Junho. O papel da comunidade tem sido “importante” em “múltiplos aspectos”, vincou o líder da RAEM, na recepção oficial. Já o Cônsul-Geral, Alexandre Leitão, defendeu que “nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau” como o português, pedindo que a comunidade seja estimada
A
música “Avião de Papel”, pela voz dos “Portugalitos”, o coro da Casa de
Portugal, abriu a recepção oficial do Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas, – lado a lado com o Cônsul-Geral, Alexandre Leitão, o
Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, assistiu ao momento musical de sorriso no
rosto. Mais tarde, enalteceu o “inegável contributo” da comunidade para o
desenvolvimento da RAEM, renovou as promessas de “abertura ao exterior” e
garantiu que o Governo irá manter “inalterados” por “um longo tempo” o sistema
capitalista e a “maneira de viver”. Já o embaixador português falou num “propósito
comum” de crescimento, diversificação de economias e internacionalização, e
defendeu que “nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau” como o português.
Depois,
ouviram-se os hinos da República Popular da China e de Portugal, mas não sem
antes serem lançados ao ar aviões de papel, pelas crianças que cantavam na
varanda do edifício da Bela Vista. Foi então altura de “Marcha dos Voluntários”
e “A Portuguesa”. Vários elementos da comunidade portuguesa e macaense marcaram
presença no local, além de titulares de altos cargos, como o Comissário dos
Negócios Estrangeiros da RPC em Macau, Liu Xianfa, o director-geral do
Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Central
na RAEM, Wan Sucheng, e o Secretário para a Administração e Justiça, André
Cheong.
“Nestes
últimos 25 anos em que Macau conheceu mudanças profundas, o contributo das
comunidades portuguesas tem sido importante para o desenvolvimento saudável, em
múltiplos aspectos, desta Região”, vincou Sam Hou Fai, durante o seu discurso.
Aproveitou ainda a ocasião para agradecer “todo o apoio, esforço e cooperação”
que a comunidade portuguesa tem prestado ao trabalho do Governo da RAEM, “bem
como o inegável contributo que tem vindo a dar para o desenvolvimento económico
e social de Macau”.
Sam
Hou Fai garantiu depois que o Governo da RAEM continuará, “com o forte apoio do
Governo Central”, a implementar o princípio “um país, dois sistemas” de uma
forma que descreve como “abrangente, precisa e inabalável”, bem como a “cumprir
a Lei Básica”. Nesse sentido, assegurou que irá manter “inalterados, por um
longo tempo, o sistema capitalista e a respectiva maneira de viver, o estatuto
de porto franco internacional e de zona aduaneira autónoma da RAEM e o sistema
de direito europeu continental”.
No
discurso que proferiu, afirmou que as autoridades continuarão a “defender as
características multiculturais de Macau e a promover o desenvolvimento em todas
as vertentes”, procurando assegurar e melhorar continuamente o bem-estar de
todos os residentes de Macau, “incluindo as comunidades portuguesas”.
Dizendo
que “os fortes e profundos laços históricos entre Portugal e Macau” já são
conhecidos, encontrando-se reflectidos no Dia de Portugal, Sam Hou Fai
sublinhou que se celebra também o maior poeta português, “que viveu uns anos em
Macau e fez parte dos primeiros momentos deste encontro histórico de dois
povos”. “Nunca é demais recordar que é por conta deste encontro centenário de
culturas, nesta ‘janela para o exterior’ da China, que surge a ‘singularidade’
de Macau enquanto ‘único local do mundo que tem como línguas oficiais o
português e o chinês’”, prosseguiu, citando o Presidente chinês, Xi Jinping.
Para
Sam Hou Fai, a “cooperação amistosa” e “as boas relações” entre a China e
Portugal “revelam um modelo exemplar de colaboração e intercâmbio entre dois
países, prevalecendo sempre o respeito e consideração pelas suas diferenças
sociais e culturais”. Também assinalou o reforço da cooperação entre a RAEM e
Portugal nos domínios da economia e do comércio, da inovação científica e
tecnológica, dos recursos humanos, dos cuidados médicos e de saúde, da educação
e da cultura. E disse estar convicto de que, no futuro, serão “aprofundados,
tirando-se bom proveito das características únicas de Macau”.
Aproveitando
novamente as palavras do líder chinês sobre Macau como “lugar onde as culturas
chinesas e ocidental se encontram”, devendo Macau “promover o intercâmbio
internacional entre as pessoas”, o Chefe do Executivo reiterou o “empenho e
compromisso” do Governo da RAEM na “concentração de esforços para a construção
de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado, no reforço da
abertura bilateral com a Lusofonia e na promoção de uma cooperação abrangente
de benefícios mútuos, que enriqueça e alargue ainda mais o papel e as funções
de Macau enquanto plataforma sino-lusófona”.
“Nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau”
Por
sua vez, Alexandre Leitão, também se fez valer das palavras do Presidente da
RPC, que em Dezembro, ao recordar que Macau é o único local do mundo onde o
chinês e português são línguas oficiais, “reforçou a esperança numa difusão
alargada e no uso generalizado do português na Administração e na sociedade da
RAEM” que, prosseguiu o Cônsul-Geral, “seriam inegavelmente vantajosos para a
‘plataforma importante para a promoção da cooperação económica e comercial
entre a China e os países de língua portuguesa’”.
Assegurando
que as empresas portuguesas estão preparadas para aproveitar uma “postura mais
aberta e inclusiva para intensificar os laços internacionais e aumentar a
projecção e a atractividade globais e o renome de Macau como metrópole
internacional”, palavras que citou novamente, o embaixador acrescentou que
“todos, na RAEM, estão conscientes do contributo das empresas e dos
trabalhadores portugueses para o crescimento e a qualidade dos serviços da
economia” do território.
Alexandre
Leitão disse ainda ao Chefe do Executivo que “pode contar com a comunidade
portuguesa para participar activamente no ambicioso desígnio de diversificação
económica da RAEM” e pediu-lhe que estime a comunidade: “Compreendemos bem e
partilhamos o desejo de abertura. Peço-lhe que acredite, senhor Chefe do
Executivo, que nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau como o nosso.
Peço-lhe, por conseguinte, que estime os portugueses, todos os de Macau e os
que vêm de fora, para contribuir para um futuro de prosperidade partilhada e a
realização dos grandes projectos da RAEM”.
Recordou
igualmente que, ao longo de séculos, os portugueses de Macau e os que aqui
foram chegando “criaram laços afectivos indeléveis a este pequeno canto da
grande China”. “Um pequeno canto que se fez grande, com o contributo da
comunidade portuguesa que, como em qualquer parte do mundo, é trabalhadora,
ordeira, dedicada à terra onde vive e desejosa de criar condições para que os
seus filhos aqui possam viver”.
Apontando
que está prevista a deslocação do líder da RAEM a Portugal, o Cônsul mencionou
também a intenção de, como já foi dito, realizar em breve uma Comissão Mista.
Já em relação aos serviços consulares, agradeceu o trabalho da equipa,
“constituída quase na íntegra por macaenses”. Depois de ultrapassados os
desafios pós-pandemia no Consulado, agora é tempo de “dedicar mais tempo a
outros domínios”, como “o aprofundamento das relações diplomáticas, económicas
e culturais de Portugal com as RAE de Macau e Hong Kong”.
Lembrando
que o Chefe tem defendido a aceleração da abertura e da diversificação da
economia, Alexandre Leitão acrescentou que “Portugal tem o mesmo desígnio”,
pelo que há “um propósito comum”: crescer, diversificar as economias,
internacionalizando-as, para “benefício dos nossos povos”.
Na
ocasião, houve ainda um outro momento musical, pela Banda da Casa de Portugal,
além dos habituais petiscos, numa celebração que se estendeu até às 20h30. Catarina
Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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