Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Macau - Enaltecido “inegável contributo” dos portugueses para a RAEM

É “inegável” o “contributo” dos portugueses para o desenvolvimento da RAEM – palavras do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, por ocasião das comemorações locais do 10 de Junho. O papel da comunidade tem sido “importante” em “múltiplos aspectos”, vincou o líder da RAEM, na recepção oficial. Já o Cônsul-Geral, Alexandre Leitão, defendeu que “nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau” como o português, pedindo que a comunidade seja estimada


A música “Avião de Papel”, pela voz dos “Portugalitos”, o coro da Casa de Portugal, abriu a recepção oficial do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, – lado a lado com o Cônsul-Geral, Alexandre Leitão, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, assistiu ao momento musical de sorriso no rosto. Mais tarde, enalteceu o “inegável contributo” da comunidade para o desenvolvimento da RAEM, renovou as promessas de “abertura ao exterior” e garantiu que o Governo irá manter “inalterados” por “um longo tempo” o sistema capitalista e a “maneira de viver”. Já o embaixador português falou num “propósito comum” de crescimento, diversificação de economias e internacionalização, e defendeu que “nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau” como o português.

Depois, ouviram-se os hinos da República Popular da China e de Portugal, mas não sem antes serem lançados ao ar aviões de papel, pelas crianças que cantavam na varanda do edifício da Bela Vista. Foi então altura de “Marcha dos Voluntários” e “A Portuguesa”. Vários elementos da comunidade portuguesa e macaense marcaram presença no local, além de titulares de altos cargos, como o Comissário dos Negócios Estrangeiros da RPC em Macau, Liu Xianfa, o director-geral do Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Wan Sucheng, e o Secretário para a Administração e Justiça, André Cheong.

“Nestes últimos 25 anos em que Macau conheceu mudanças profundas, o contributo das comunidades portuguesas tem sido importante para o desenvolvimento saudável, em múltiplos aspectos, desta Região”, vincou Sam Hou Fai, durante o seu discurso. Aproveitou ainda a ocasião para agradecer “todo o apoio, esforço e cooperação” que a comunidade portuguesa tem prestado ao trabalho do Governo da RAEM, “bem como o inegável contributo que tem vindo a dar para o desenvolvimento económico e social de Macau”.

Sam Hou Fai garantiu depois que o Governo da RAEM continuará, “com o forte apoio do Governo Central”, a implementar o princípio “um país, dois sistemas” de uma forma que descreve como “abrangente, precisa e inabalável”, bem como a “cumprir a Lei Básica”. Nesse sentido, assegurou que irá manter “inalterados, por um longo tempo, o sistema capitalista e a respectiva maneira de viver, o estatuto de porto franco internacional e de zona aduaneira autónoma da RAEM e o sistema de direito europeu continental”.

No discurso que proferiu, afirmou que as autoridades continuarão a “defender as características multiculturais de Macau e a promover o desenvolvimento em todas as vertentes”, procurando assegurar e melhorar continuamente o bem-estar de todos os residentes de Macau, “incluindo as comunidades portuguesas”.

Dizendo que “os fortes e profundos laços históricos entre Portugal e Macau” já são conhecidos, encontrando-se reflectidos no Dia de Portugal, Sam Hou Fai sublinhou que se celebra também o maior poeta português, “que viveu uns anos em Macau e fez parte dos primeiros momentos deste encontro histórico de dois povos”. “Nunca é demais recordar que é por conta deste encontro centenário de culturas, nesta ‘janela para o exterior’ da China, que surge a ‘singularidade’ de Macau enquanto ‘único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês’”, prosseguiu, citando o Presidente chinês, Xi Jinping.

Para Sam Hou Fai, a “cooperação amistosa” e “as boas relações” entre a China e Portugal “revelam um modelo exemplar de colaboração e intercâmbio entre dois países, prevalecendo sempre o respeito e consideração pelas suas diferenças sociais e culturais”. Também assinalou o reforço da cooperação entre a RAEM e Portugal nos domínios da economia e do comércio, da inovação científica e tecnológica, dos recursos humanos, dos cuidados médicos e de saúde, da educação e da cultura. E disse estar convicto de que, no futuro, serão “aprofundados, tirando-se bom proveito das características únicas de Macau”.

Aproveitando novamente as palavras do líder chinês sobre Macau como “lugar onde as culturas chinesas e ocidental se encontram”, devendo Macau “promover o intercâmbio internacional entre as pessoas”, o Chefe do Executivo reiterou o “empenho e compromisso” do Governo da RAEM na “concentração de esforços para a construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado, no reforço da abertura bilateral com a Lusofonia e na promoção de uma cooperação abrangente de benefícios mútuos, que enriqueça e alargue ainda mais o papel e as funções de Macau enquanto plataforma sino-lusófona”.

“Nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau”

Por sua vez, Alexandre Leitão, também se fez valer das palavras do Presidente da RPC, que em Dezembro, ao recordar que Macau é o único local do mundo onde o chinês e português são línguas oficiais, “reforçou a esperança numa difusão alargada e no uso generalizado do português na Administração e na sociedade da RAEM” que, prosseguiu o Cônsul-Geral, “seriam inegavelmente vantajosos para a ‘plataforma importante para a promoção da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa’”.

Assegurando que as empresas portuguesas estão preparadas para aproveitar uma “postura mais aberta e inclusiva para intensificar os laços internacionais e aumentar a projecção e a atractividade globais e o renome de Macau como metrópole internacional”, palavras que citou novamente, o embaixador acrescentou que “todos, na RAEM, estão conscientes do contributo das empresas e dos trabalhadores portugueses para o crescimento e a qualidade dos serviços da economia” do território.

Alexandre Leitão disse ainda ao Chefe do Executivo que “pode contar com a comunidade portuguesa para participar activamente no ambicioso desígnio de diversificação económica da RAEM” e pediu-lhe que estime a comunidade: “Compreendemos bem e partilhamos o desejo de abertura. Peço-lhe que acredite, senhor Chefe do Executivo, que nenhum povo será tão dedicado e leal a Macau como o nosso. Peço-lhe, por conseguinte, que estime os portugueses, todos os de Macau e os que vêm de fora, para contribuir para um futuro de prosperidade partilhada e a realização dos grandes projectos da RAEM”.

Recordou igualmente que, ao longo de séculos, os portugueses de Macau e os que aqui foram chegando “criaram laços afectivos indeléveis a este pequeno canto da grande China”. “Um pequeno canto que se fez grande, com o contributo da comunidade portuguesa que, como em qualquer parte do mundo, é trabalhadora, ordeira, dedicada à terra onde vive e desejosa de criar condições para que os seus filhos aqui possam viver”.

Apontando que está prevista a deslocação do líder da RAEM a Portugal, o Cônsul mencionou também a intenção de, como já foi dito, realizar em breve uma Comissão Mista. Já em relação aos serviços consulares, agradeceu o trabalho da equipa, “constituída quase na íntegra por macaenses”. Depois de ultrapassados os desafios pós-pandemia no Consulado, agora é tempo de “dedicar mais tempo a outros domínios”, como “o aprofundamento das relações diplomáticas, económicas e culturais de Portugal com as RAE de Macau e Hong Kong”.

Lembrando que o Chefe tem defendido a aceleração da abertura e da diversificação da economia, Alexandre Leitão acrescentou que “Portugal tem o mesmo desígnio”, pelo que há “um propósito comum”: crescer, diversificar as economias, internacionalizando-as, para “benefício dos nossos povos”.

Na ocasião, houve ainda um outro momento musical, pela Banda da Casa de Portugal, além dos habituais petiscos, numa celebração que se estendeu até às 20h30. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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