Os linguistas Miguel Lubuato e Peres Sassuco, bem como os académicos Reinaldo Tomás e Khilson Khalunga analisaram, na quinta-feira, em Luanda, a diversidade linguística angolana falada por diferentes etnias, com grande importância cultural e histórica para o país
Os
especialistas abordaram diversas temáticas durante a conferência sobre as
“Línguas Angolanas”, realizada no auditório da Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Jean Piaget.
O
linguista Miguel Lubuato abordou o tema “O kimbundu e os 50 anos da
Independência de Angola: avanços e retrocessos”. Durante a dissertação, o
especialista explicou que, actualmente, o kimbundu é falado por cerca de três a
quatro milhões de pessoas.
O
académico referiu que se existe a pretensão de ter um país inclusivo e com um
maior número de falantes das diversas línguas Bantu, é necessário que as
políticas públicas sejam abrangentes e consistentes a fim de as línguas
nacionais não desaparecerem como forma de preservar a identidade cultural de um
povo.
Se
o país não tiver políticas públicas abrangentes e consistentes, alertou o
especialista, não só o kimbundu, como também as demais línguas correm o risco
de extinção.
A
literatura, explicou, é uma das áreas da ciência que permite a renovação das
línguas angolanas, mas existe pouca produção. Porém, referiu, é necessária uma
maior produção literária, porque quando se faz o uso dos idiomas nas artes, há
renovação das palavras.
O
kimbundu, disse, actualmente, é reconhecido institucionalmente como uma língua
nacional, e surgiram várias iniciativas para a padronização e documentação do
idioma, mas houve uma limitação a estes avanços.
“Estes
avanços foram limitados por retrocessos estruturais e sociais por causa da
centralização do português como língua de ensino. O kimbudu, apesar da sua
importância cultural, permanece em desvantagem”, enfatizou.
Miguel
Lubuato aplaudiu a iniciativa do Tribunal Constitucional em traduzir a
Constituição da República em oito línguas nacionais e, de igual modo, os órgãos
de Comunicação Social, como a Televisão Pública de Angola (TPA) e a Rádio
Nacional de Angola (RNA) que transmitem programas em línguas nacionais.
O
linguista e professor Peres Sassuco dissertou sobre o “Sistema de Classe e
Prefixos Nominais em bantu: uma abordagem morfológica do cokwe”, ao passo que o
académico Khilson Khalunga analisou a questão “Sistema de Classe e Prefixos
Nominais do Dialecto Kiphala: uma abordagem morfológica”, moderados por
Leonilde António.
O
professor Reinaldo Tomás dissertou sobre a “Multifuncionalidade dos Morfemas
Prefixados no Léxico das Línguas Angolanas”.
Valorização e preservação
O
coordenador do Círculo de Estudos Literários e Linguísticos Litteragris, Hélder
Simbad, explicou que o encontro serviu para analisar o panorama das línguas
angolanas, valorização e preservação. “A língua portuguesa não ajuda a
solucionar todos os nossos problemas, mas, também, não pensamos em banir o
português, simplesmente pretendemos dar outro estatuto aos diferentes idiomas
que temos em Angola”, clarificou.
Hélder
Simbad disse que a União dos Escritores Angolanos (UEA), a Faculdade de
Humanidades da Universidade Agostinho Neto e a Universidade Jean Piaget se
juntam a esta iniciativa do Litteragris. Armindo Canda – Angola in “Jornal
de Angola”
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