Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Angola - Especialistas analisam diversidade do português e das línguas nacionais

Os linguistas Miguel Lubuato e Peres Sassuco, bem como os académicos Reinaldo Tomás e Khilson Khalunga analisaram, na quinta-feira, em Luanda, a diversidade linguística angolana falada por diferentes etnias, com grande importância cultural e histórica para o país


Os especialistas abordaram diversas temáticas durante a conferência sobre as “Línguas Angolanas”, realizada no auditório da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Jean Piaget.

O linguista Miguel Lubuato abordou o tema “O kimbundu e os 50 anos da Independência de Angola: avanços e retrocessos”. Durante a dissertação, o especialista explicou que, actualmente, o kimbundu é falado por cerca de três a quatro milhões de pessoas.

O académico referiu que se existe a pretensão de ter um país inclusivo e com um maior número de falantes das diversas línguas Bantu, é necessário que as políticas públicas sejam abrangentes e consistentes a fim de as línguas nacionais não desaparecerem como forma de preservar a identidade cultural de um povo.

Se o país não tiver políticas públicas abrangentes e consistentes, alertou o especialista, não só o kimbundu, como também as demais línguas correm o risco de extinção.

A literatura, explicou, é uma das áreas da ciência que permite a renovação das línguas angolanas, mas existe pouca produção. Porém, referiu, é necessária uma maior produção literária, porque quando se faz o uso dos idiomas nas artes, há renovação das palavras.

O kimbundu, disse, actualmente, é reconhecido institucionalmente como uma língua nacional, e surgiram várias iniciativas para a padronização e documentação do idioma, mas houve uma limitação a estes avanços.

“Estes avanços foram limitados por retrocessos estruturais e sociais por causa da centralização do português como língua de ensino. O kimbudu, apesar da sua importância cultural, permanece em desvantagem”, enfatizou.

Miguel Lubuato aplaudiu a iniciativa do Tribunal Constitucional em traduzir a Constituição da República em oito línguas nacionais e, de igual modo, os órgãos de Comunicação Social, como a Televisão Pública de Angola (TPA) e a Rádio Nacional de Angola (RNA) que transmitem programas em línguas nacionais.

O linguista e professor Peres Sassuco dissertou sobre o “Sistema de Classe e Prefixos Nominais em bantu: uma abordagem morfológica do cokwe”, ao passo que o académico Khilson Khalunga analisou a questão “Sistema de Classe e Prefixos Nominais do Dialecto Kiphala: uma abordagem morfológica”, moderados por Leonilde António.

O professor Reinaldo Tomás dissertou sobre a “Multifuncionalidade dos Morfemas Prefixados no Léxico das Línguas Angolanas”.

Valorização e preservação

O coordenador do Círculo de Estudos Literários e Linguísticos Litteragris, Hélder Simbad, explicou que o encontro serviu para analisar o panorama das línguas angolanas, valorização e preservação. “A língua portuguesa não ajuda a solucionar todos os nossos problemas, mas, também, não pensamos em banir o português, simplesmente pretendemos dar outro estatuto aos diferentes idiomas que temos em Angola”, clarificou.

Hélder Simbad disse que a União dos Escritores Angolanos (UEA), a Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto e a Universidade Jean Piaget se juntam a esta iniciativa do Litteragris. Armindo Canda – Angola in “Jornal de Angola”


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