“Aquilo que realmente me chamou a atenção foram as cores, aquela beleza”. Foi a partir de uma caminhada espontânea pelas ruelas de Goa que Miguel Quental deu início a uma viagem fotográfica que manifesta a vibrante herança cultural da antiga cidade imperial. A exposição “Cores de Goa”, que será inaugurada neste sábado na Creative Macau, revela a riqueza das cores, da história e da fé que caracterizam este território no sudoeste da Índia
A
Creative Macau prepara-se para receber, no próximo sábado, 14 de Junho, a
exposição fotográfica intitulada “Cores de Goa”, uma mostra artística do
advogado Miguel Quental que estará patente na galeria no rés-do-chão do Centro
Cultural até ao dia 5 de Julho. Uma selecção de imagens captadas durante uma
visita a Goa, a antiga cidade que deixou um legado multicultural de uma riqueza
“extraordinária”, marcada por cores, aromas, sabores e crenças que parecem
“transcender a imaginação”. “Parti um pouco à descoberta do património da
UNESCO. Mas aquilo que realmente me chamou a atenção foram as cores. Aquela,
aquela beleza…”, recorda Quental.
Nas
palavras do artista, a sua descoberta foi espontânea, feita enquanto caminhava
por rotas comuns, sem grande planeamento, mas que revelaram uma beleza
impressionante. “Não andei à procura de sítios muito remotos. Dentro de todo
aquele património, as cores é que são extraordinárias, bem como a conservação
dos edifícios”.
A
atenção de Quental foi imediatamente capturada pelas cores vívidas das igrejas
antigas, dos símbolos católicos e das casas senhoriais, que parecem manter-se
majestosas e impassíveis. “Foi então que comecei a fotografar principalmente as
cores, mas também aqueles objectos religiosos que reflectem realmente a fé do
povo. É extraordinário. A conservação das igrejas, a forma como tudo está bem
mantido, despertou-me interesse”, disse ao Ponto Final.
Para
o fotógrafo, essa experiência não foi apenas uma simples viagem, mas uma
oportunidade de partilhar uma herança cultural que acredita merecer a atenção
do público de Macau. “Gostava que estas imagens fossem um convite para que as
pessoas visitem Goa. Merece a pena, pela sua diversidade cultural, sabores,
cheiros. É um pouco como Macau, para quem chega cá, fica deslumbrado com as
nossas cores também. E no fundo, poder repartir com os outros aquilo que eu vi
na minha experiência, ainda que curta, é o que mais me motiva”, partilha.
A
ligação de Goa a Macau, ambas com “resquícios” de um passado ligado a Portugal,
reforça essa sensação de semelhança entre os patrimónios, embora Quental
ressalte que Goa é suficientemente diferente para justificar a viagem. “As
pessoas são simpatiquíssimas e realmente somos muito bem recebidos. No fundo, é
um orgulho por parte da população de Goa receber os portugueses e mostrar
aquilo que é a história e o passado”, sublinhou.
Paixão pela fotografia
A
sua paixão pela fotografia acompanha-o há algum tempo, tendo começado desde que
chegou a Macau. “Sempre gostei de fazer fotografia”, revela. Recentemente, o
seu interesse evoluiu para uma prática mais consciente, procurando captar o
melhor momento. “No ano passado viajei para Angola e Moçambique, uma
experiência que também quis partilhar através da minha lente”. Na sua visita a
Goa, usou vários tipos de câmaras, incluindo telemóveis, com o objectivo de
captar a essência do momento de forma espontânea. “Uso o meu telemóvel muito
mais do que a Sony. Às vezes, com o telemóvel é mais fácil fazer zoom, captar
detalhes”, explica.
Apesar
de se considerar um amador, Miguel Quental manifesta a sua paixão pela
fotografia e o desejo de continuar a trabalhar nesta forma de expressão. “Tenho
interesse em possivelmente juntar-me a um grupo ou associação fotográfica,
outro incentivo para melhorar”, afirma, agradecendo o apoio de amigos na edição
das suas imagens, como Francisco Ricarte, que o ajudou na pós-produção.
“Disparo, mas depois, quando é com o telemóvel, não fica com grande qualidade.
Portanto, busco partilhar conhecimento com outros fotógrafos que ajudam nas
edições”, acrescenta.
A
exposição “Cores de Goa” surge assim como uma oportunidade de explorar uma
herança que mistura história, arte e fé, através do olhar de um artista que,
além de advogado, é também um apaixonado por imagens que estimulam os sentidos.
Quental espera que as suas fotografias sirvam de convite para que o público
descubra uma cultura diferente, que traz outras expressões, tanto nas cores
como na comida. “Espero que as pessoas gostem e que isto sirva de convite. A
diversidade de culturas, sabores, cheiros… tudo isso faz com que a experiência
seja completa, como uma viagem de sentidos”, reforça.
O
evento de inauguração realiza-se neste sábado, às 18h30, na Creative Macau.
Durante o período de exibição, até 5 de Julho, os visitantes terão a
oportunidade de conhecer esta viagem visual que revela a beleza e a história de
Goa, uma antiga cidade imperial que, apesar do tempo, mantém intacta a sua
essência cultural. Elói Carvalho – Macau in “Ponto
Final”
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