Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Macau - Portugal apontado como exemplo na política linguística

A política de ensino em Portugal foi dada como um dos exemplos que o Governo deve seguir nas políticas linguísticas. O deputado Ip Sio Kai é favorável à criação de um ambiente multilinguístico como elemento indispensável para a internacionalização de Macau


Ip Sio Kai defende uma estratégia de integração entre a política linguística e a coexistência das diversas culturas. Numa intervenção antes da ordem do dia da sessão de ontem da Assembleia Legislativa, o deputado sugeriu ao Governo que estabeleça, a longo prazo, um “plano de desenvolvimento do ensino multilingue”, definindo o estatuto das línguas e a distribuição dos níveis de ensino na política linguística”.

O membro do Hemiciclo indicou o ensino em Portugal como exemplo a seguir, com um sistema em que os alunos aprendem português e inglês desde o ensino primário e, a partir do ensino secundário complementar, uma terceira ou quarta língua, como o espanhol, alemão, francês e italiano, podendo escolher-se livremente.

Dando outros exemplos, como Luxemburgo, onde é implementada a política de “três línguas paralelas”, e Singapura, Cidade-Estado onde se aplica a política de “o inglês assumir o papel principal e os idiomas étnicos serem secundários”, Ip Sio Kai observou que, em Macau, segundo a actual política linguística, o ensino do inglês é obrigatório em todas as escolas, “enquanto o português, apesar de ser oficial, não é uma das disciplinas definidas para o ensino generalizado”.

Quanto a outras línguas, como francês, espanhol e japonês, salientou que também são apenas opcionais ou aprendidas através de cursos extracurriculares, “o que não favorece a criação em Macau de um ambiente social onde coexistam diversas línguas, para receber os turistas e comerciantes vindos de todo o mundo”.

Frisando que a criação de um ambiente multilinguístico “é um elemento indispensável para a internacionalização de Macau”, o deputado acredita que o domínio de várias línguas por parte das novas gerações “contribui para o reforço da tolerância e intercomunicabilidade cultural da cidade, para a elevação da imagem global e do estatuto internacional, sendo fundamental para a promoção da diversificação adequada da economia”.

Considerando que Macau possui “potencialidades” para desenvolver uma sociedade multilingue, Ip Sio Kai sugere que nas diversas políticas de apoio financeiro do Governo, “incluindo a de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo”, seja destacado o contexto da criação de uma “imagem humanista da cidade”.

Por outro lado, recomenda que os serviços competentes devem definir “critérios e métodos de avaliação científicos e racionais”, avaliar periodicamente a capacidade e o nível linguístico dos trabalhadores, e incentivar as empresas a reconhecerem as suas qualificações e experiência linguística.

Ip Sio Kai propõe igualmente a integração gradual do português e do espanhol nos currículos básicos dos ensinos primário e secundário, nomeadamente, a implementação do ensino do português e espanhol de nível básico nas escolas públicas e nas subsidiadas.

Justifica, dizendo que, desse modo, os alunos podem, desde pequenos, “desenvolver as capacidades bilíngues e até trilingues”, consolidando o papel de Macau como plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Ao mesmo tempo, concluiu, “é necessário incentivar as escolas a criar programas-piloto de ensino multilingue, explorando o modelo de ensino trilingue em inglês, português e mandarim, e apoiar a abertura de cursos para o ensino de línguas não predominantes, como o francês, japonês e coreano”. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Sem comentários:

Enviar um comentário