A política de ensino em Portugal foi dada como um dos exemplos que o Governo deve seguir nas políticas linguísticas. O deputado Ip Sio Kai é favorável à criação de um ambiente multilinguístico como elemento indispensável para a internacionalização de Macau
Ip
Sio Kai defende uma estratégia de integração entre a política linguística e a
coexistência das diversas culturas. Numa intervenção antes da ordem do dia da
sessão de ontem da Assembleia Legislativa, o deputado sugeriu ao Governo que
estabeleça, a longo prazo, um “plano de desenvolvimento do ensino multilingue”,
definindo o estatuto das línguas e a distribuição dos níveis de ensino na
política linguística”.
O
membro do Hemiciclo indicou o ensino em Portugal como exemplo a seguir, com um
sistema em que os alunos aprendem português e inglês desde o ensino primário e,
a partir do ensino secundário complementar, uma terceira ou quarta língua, como
o espanhol, alemão, francês e italiano, podendo escolher-se livremente.
Dando
outros exemplos, como Luxemburgo, onde é implementada a política de “três
línguas paralelas”, e Singapura, Cidade-Estado onde se aplica a política de “o
inglês assumir o papel principal e os idiomas étnicos serem secundários”, Ip
Sio Kai observou que, em Macau, segundo a actual política linguística, o ensino
do inglês é obrigatório em todas as escolas, “enquanto o português, apesar de
ser oficial, não é uma das disciplinas definidas para o ensino generalizado”.
Quanto
a outras línguas, como francês, espanhol e japonês, salientou que também são
apenas opcionais ou aprendidas através de cursos extracurriculares, “o que não
favorece a criação em Macau de um ambiente social onde coexistam diversas
línguas, para receber os turistas e comerciantes vindos de todo o mundo”.
Frisando
que a criação de um ambiente multilinguístico “é um elemento indispensável para
a internacionalização de Macau”, o deputado acredita que o domínio de várias
línguas por parte das novas gerações “contribui para o reforço da tolerância e
intercomunicabilidade cultural da cidade, para a elevação da imagem global e do
estatuto internacional, sendo fundamental para a promoção da diversificação
adequada da economia”.
Considerando
que Macau possui “potencialidades” para desenvolver uma sociedade multilingue,
Ip Sio Kai sugere que nas diversas políticas de apoio financeiro do Governo,
“incluindo a de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo”, seja destacado o
contexto da criação de uma “imagem humanista da cidade”.
Por
outro lado, recomenda que os serviços competentes devem definir “critérios e
métodos de avaliação científicos e racionais”, avaliar periodicamente a
capacidade e o nível linguístico dos trabalhadores, e incentivar as empresas a
reconhecerem as suas qualificações e experiência linguística.
Ip
Sio Kai propõe igualmente a integração gradual do português e do espanhol nos
currículos básicos dos ensinos primário e secundário, nomeadamente, a
implementação do ensino do português e espanhol de nível básico nas escolas
públicas e nas subsidiadas.
Justifica,
dizendo que, desse modo, os alunos podem, desde pequenos, “desenvolver as
capacidades bilíngues e até trilingues”, consolidando o papel de Macau como
plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Ao
mesmo tempo, concluiu, “é necessário incentivar as escolas a criar
programas-piloto de ensino multilingue, explorando o modelo de ensino trilingue
em inglês, português e mandarim, e apoiar a abertura de cursos para o ensino de
línguas não predominantes, como o francês, japonês e coreano”. Vítor Rebelo –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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