Bolsas da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo serão aplicadas no estudo dos tumores corticotróficos, da glândula da tiroide e do cancro da tiroide avançado
Os investigadores Luís Miguel Cardoso, João Vinagre e Paula Soares, do grupo «Cancer Signalling & Metabolism» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foram recentemente distinguidos pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) pelos seus trabalhos na área do cancro da tiroide. Os prémios – a que corresponde um financiamento total de 22.500 euros – foram atribuídos durante o Congresso Português de Endocrinologia – 76ª Reunião Anual da SPEDM.
O projeto «Role of Clinical and Molecular Factors in Cushing’s Disease Aggressiveness – CUSH-PREDICT Study», proposto pelo investigador Luís Miguel Cardoso, foi premiado com uma Bolsa SPEDM/ESTEVE RD na área de Síndrome de Cushing, no valor de dez mil euros.
A equipa, da qual também fazem parte os investigadores Marta Araújo-Castro, Gabriela Araújo Silva, João Vinagre, Daniela Guelho, Leonor Gomes e Paula Soares, pretende “estudar fatores clínicos e moléculas-chave que possam estar envolvidos na agressividade dos tumores corticotróficos, um subtipo de tumores da hipófise caracterizados clinicamente pelo aumento do cortisol”.
Os tumores hipofisários, explica o investigador, “estão entre os tumores cerebrais mais frequentes e variam desde formas indolentes, que não requerem qualquer intervenção clínica, até tumores agressivos, associados a elevada morbilidade, sendo que, alguns, podem ser silenciosos”. Por isso mesmo, perceber os mecanismos que determinam o comportamento mais ou menos agressivo destes tumores, a resposta à terapêutica e o risco de recidiva, sublinha Luís Miguel Cardoso, “é fundamental para implementar uma abordagem personalizada no tratamento e seguimento destes doentes”.
O papel do gene DGCR8 na glândula da tiroide
O projeto apresentado pelo investigador João Vinagre, por seu lado, recebeu uma «Bolsa Professor Edward Limbert SPEDM/ Merck em Patologia da Tiroide» no valor de cinco mil euros. Intitulado «DGCR8 in Thyroid Repertoire: Functional Consequences of DGCR8 E518K Mutation», este trabalho tem como objetivo compreender o papel do gene DGCR8 na glândula da tiroide, em condições normais e em situações de cancro.
Recorrendo a um modelo in vitro, a equipa de investigadores, que integra também Lia Rodrigues, Luís Miguel Cardoso, Arnaud da Cruz Paula e Paula Soares, «espera solidificar o gene DGCR8 como um gene importante na tumorigénese da tiroide e compreender melhor a sua fisiologia no cenário de uma doença».
Oncologia de precisão para doentes com cancro da tiroide avançado
No mesmo congresso, a SPEDM patrocinou com 7,5 mil euros um projeto de investigação liderado por Paula Soares, líder do grupo do i3S «Cancer Signaling and Metabolism» e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Denominado «Decode metastatic thyroid cancer», este trabalho tem como objetivo desenvolver uma estratégia oncológica de precisão para doentes com cancro da tiroide avançado.
Nesta investigação, explica Paula Soares, “temos de ter em conta dois pontos: as terapias atuais não contemplam a complexidade do tumor e a evolução que este vai tendo ao longo do tempo e do tratamento e o facto de faltarem estudos baseados em séries robustas de doentes com cancro da tiroide que progridem”.
Para superar estas limitações, a equipa, que integra também os investigadores Miguel Melo, Arnaud da Cruz Paula, Tito Teles Jesus, João Vinagre, Antónia Póvoa e Valdemar Máximo, vai fazer um “estudo profundo e integrado de cancro da tiroide avançado, incluindo tumores primários e metástases de doentes, utilizando sequenciação de alto rendimento”.
Os dados genómicos recolhidos, acrescenta a investigadora, vão permitir “compreender melhor a evolução tumoral dos cancros da tiroide avançados e serão utilizados para desenvolver um painel direcionado dedicado a estes cancros, contribuindo assim para o aumento do impacto da oncologia de precisão nestes doentes”. Universidade do Porto - Portugal
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