Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Angola - Docente Isaías Cassule reconhece evolução das línguas nacionais

O professor da Kimbundu Isaías Cassule reconheceu, quinta-feira, em Luanda, a evolução das línguas nacionais, por conta de algumas iniciativas públicas e privadas, mas ainda enfrenta grandes dificuldades



As declarações foram feitas durante a aula magna, ministrada pelo docente, na Alliance Française de Luanda, em alusão à celebração do Dia Internacional das Línguas Maternas.

Isaías Cassule explicou que existem vários entendimentos sobre a língua materna, há uma corrente que defende que a língua materna é aquela que o indivíduo começa logo a se comunicar.

Outras, prosseguiu, defendem ser a língua da mãe, ou seja, este entendimento enquadra-se nas línguas nacionais, sem ter grande relevância do idioma predominante da progenitora. “Logo a língua materna será aquela da linhagem da progenitora”.

O professor reconheceu que existe evolução nas línguas maternas (nacionais), por conta de algumas iniciativas públicas e privadas, mas, ainda enfrenta grandes dificuldades, ou seja, está ameaçada pela constante proliferação da língua portuguesa.

“O idioma português é língua de substratos que não desaparecem por estarem assentes nas famílias e, a maior parte da população angolana segundo dados fala o português, mas existe um bom número de pessoas que preservam as línguas que nos identificam”.

Na sua opinião, para que a diversidade linguística ganhe “força”, é necessário que se trabalhe mais e deve existir políticas para salvar, preservar e implementar estes idiomas no subsistema de ensino, por ser um elemento pilar para poder salvaguardar as línguas.

Isaías Cassule disse que existem cursos de línguas angolanas nos estabelecimentos de ensino superior, mas o técnico que se forma não aplica e, isso de certa forma desmotiva o indivíduo, logo é desvalorizado o idioma nacional.

“Qual é a necessidade de se investir neste técnico se no final não é aproveitado, por isso, muitos encarregados optam por uma outra formação dos filhos”, acrescentando que quando se aplica as línguas nacionais no subsistema de ensino, isso mostra, que a mesma tem aplicação na ciência.

“A partir do momento que se nota que uma língua tem aplicação na ciência, vamos nos importar mais, porque serve para outras áreas do saber como a economia, administração”.

Ministro da Cultura preocupado com as mortes das línguas africanas

O ministro da Cultura, Filipe Zau, manifestou a preocupação com a morte das línguas africanas e consequentemente, das suas respectivas culturas, numa nota por ocasião do Dia Internacional das Línguas Maternas, assinalado no mesmo dia.

Na nota, o ministro Filipe Zau realça a necessidade de se promover a preservação e a protecção de todas as línguas usadas a nível planetário, alertando para os perigos enfrentados face à mundialização da economia e à doutrina assimilacionista herdada da administração colonial e a influência do cristianismo. “Mantêm-se, em Angola, uma secular política linguística exoglótica, que, aparentemente, ignora a multiculturalidade e o plurilinguismo existentes, mas que contribui para a morte das línguas africanas e, consequentemente, das suas respectivas culturas”.

O texto traz à tona o “Projecto de Lei sobre as Línguas de Angola” apresentado à auscultação de instituições estatais e da sociedade civil, visando um maior envolvimento das forças vivas do País, em prol do progresso económico e social das nossas comunidades, através de uma efectiva cooperação entre a língua portuguesa e as outras línguas de convívio. 

Também foi manifestada a preocupação pelo elevado índice de reprovações que se verificam na escola primária, por falta da necessária competência linguística nas línguas de escolaridade de origem europeia.

“Atendendo à inserção rural de todas as missões religiosas cristãs, onde, no período colonial, a maioria dos angolanos teve acesso à instrução, não descartavam, desde os tempos mais remotos, o uso das línguas maternas africanas, como meios facilitadores de comunicação e matéria de ensino”. Armindo Canda – Angola in “Jornal de Angola”


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