O Vietname aprovou a construção de uma linha ferroviária a ligar o porto de Haiphong a Hanói e à fronteira com a China, com custo superior a oito mil milhões de dólares
A linha férrea entre a costa norte do Vietname e a região que faz fronteira com a província chinesa de Yunnan visa reforçar as ligações entre os dois países fronteiriços e facilitar as trocas comerciais.
A nova ligação vai servir as principais fábricas do Vietname, onde se situam a Samsung, a Foxconn, a Pegatron e outros gigantes da eletrónica mundial, muitos dos quais dependem de carregamentos regulares de componentes provenientes da China.
Com cerca de 390 quilómetros de comprimento, a ligação vai partir da cidade portuária de Haiphong com destino a Lao Cai, no norte montanhoso do Vietname, na fronteira com Yunnan, via Hanói. Substitui a antiga linha em funcionamento, construída há mais de um século durante o período da Indochina francesa. A China vai financiar parte do projecto através de empréstimos.
Durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Hanói, em dezembro de 2023, os dois países assinaram mais de trinta acordos.
A nova linha vai “impulsionar a cooperação económica, comercial, de investimento e turística entre os dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vietnamita, Pham Thu Hang, na semana passada.
O envelhecimento das infraestruturas de transportes do Vietname, que são de má qualidade e não estão dimensionadas para fazer face ao aumento constante da procura, é considerado um dos obstáculos ao crescimento do país.
A nova ligação ferroviária pode ajudar a atenuar as dificuldades das rotas de abastecimento internacionais causadas pela atual dependência de camiões lentos e dispendiosos, que são “propensos a estrangulamentos na fronteira”, explicou Dan Martin, um perito da empresa de consultoria Dezan Shira & Associates.
“A China fornece uma grande parte das matérias-primas que alimentam o setor industrial do Vietname e é essencial manter este sistema estável”, disse o analista, citado pela agência France-Presse. “Uma ligação ferroviária moderna elimina as ineficiências e assegura o transporte sem problemas das mercadorias, quer sejam enviadas para as fábricas vietnamitas ou para os mercados mundiais através do porto de Haiphong”, acrescentou.
O Governo vietnamita declarou que o estudo de viabilidade da linha Haiphong-Lao Cai deveria começar em 2025, com a entrega prevista para 2030. Mas projetos desta dimensão sofrem frequentemente atrasos no Vietname.
Os comboios, concebidos para transportar passageiros e mercadorias, vão circular a uma velocidade de 160 quilómetros por hora, contra os 50 quilómetros por hora da linha atual, segundo as autoridades.
Uma outra linha para a China, que ainda não foi aprovada pelo parlamento, acabará por ligar Hanói à província de Lang Son, que faz fronteira com a região chinesa de Guangxi, passando por outra vasta zona onde se encontram fábricas estrangeiras.
O Vietname prevê igualmente a construção de uma linha ferroviária de alta velocidade a ligar Hanói à cidade de Ho Chi Minh, a capital económica do sul, com um custo estimado em 67 mil milhões de dólares (64 mil milhões de euros), com o objetivo de reduzir o tempo de viagem de 30 horas para cerca de cinco horas. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário