Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Portugal - Fundação japonesa financia investigação do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde em cancro colorretal

Equipa liderada por Salomé Pinho vai recorrer à glicoengenharia para encontrar novas abordagens que permitam utilizar a imunoterapia em casos de cancro colorretal



Utilizar a glicoengenharia para criar estratégias de imunoterapia mais eficazes contra o cancro colorretal. Este é o principal objetivo do projeto liderado pela investigadora Salomé Pinho, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), que foi recentemente financiado pela Fundação Mizutani para a Glicociência.

O projeto, que conta com a participação de cientistas dos EUA, da Alemanha e da Suíça e será desenvolvido em colaboração com o Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto e do IPO-Porto, vai concentrar-se em superar as principais limitações da imunoterapia, sobretudo em tumores sólidos. O objetivo é conseguir que este tratamento seja utilizado para combater com sucesso um maior número de tumores malignos.

Ao contrário da quimioterapia e da radioterapia que atacam as células malignas e muitas vezes também as células saudáveis à volta, a imunoterapia baseia-se na estimulação das células do nosso sistema imune (linfócitos T), com o objetivo de as tornar mais eficazes no combate às células tumorais. Apesar de nos últimos anos a imunoterapia ter revolucionado o tratamento do cancro, existe uma percentagem significativa de doentes com cancro que ainda não responde a estes tratamentos, sobretudo quando se trata de tumores sólidos.

No cancro colorretal (CCR), o segundo cancro mais mortal em todo o mundo, “apenas uma minoria de doentes (4-5%) beneficia da imunoterapia e, mesmo assim, nem todos os doentes respondem”, explica Salomé Pinho.

Perante esta necessidade urgente de alargar a imunoterapia a um maior número de cancros, a equipa liderada pela coordenadora do grupo de Investigação do i3S “Immunology, Cancer & GlycoMedicine”, quer investigar “de que forma os glicanos (estruturas complexas de açucares) à superfície das células T poderão atuar como um novo mecanismo de regulação que estimule a atividade destas células do sistema imune no combate ao cancro”.

Uma nova estratégia contra o cancro

Combinando amostras clínicas provenientes de doentes com cancro colorretal e abordagens in vitro e in vivo, explica Salomé Pinho, “pretendemos investigar o poder da glicoengenharia dos linfócitos T como uma nova estratégia para potenciar a sua eficácia contra o cancro”.

Para isso, esclarece a investigadora, “vamos estudar como e por que razão ocorrem alterações na composição dos glicanos das células T ao longo do desenvolvimento do cancro colorretal, desde condições pré-malignas até ao cancro, explorando como estas alterações da glicosilação «travam» a ação das células T na luta contra o tumor”.

A longo prazo, sublinha, o objetivo é modular estes glicanos das células T através de estratégias de glicoengenharia para aumentar a atividade antitumoral destes linfócitos T e consequentemente da eficácia da imunoterapia celular, incluindo o tratamento com células CAR-T (células de defesa geneticamente modificadas e reprogramadas em laboratório para destruir os tumores).

Para a investigadora do i3S, este financiamento da Fundação Mizutani para a Glicociência é “motivo de enorme orgulho, sobretudo pelo reconhecimento pelos nossos pares da qualidade e do impacto transformador da glicociência que temos desenvolvido no nosso grupo no i3S”.

Sobre a Fundação Mizutani para a Glicociência

A Fundação Mizutani para a Glicociência é uma organização Japonesa sem fins lucrativos criada em 1992 por Masakane Mizutani sendo totalmente dedicada à promoção de estudos de investigação de excelência que visam a descodificação do papel dos glicanos e da glicobiologia, antevendo o revelar de novos mecanismos fundamentais para o desenvolvimento de novas ferramentas médicas e de diagnóstico, bem como novas tecnologias médicas e de cuidados de saúde para a próxima geração. Universidade do Porto - Portugal


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