Mas não é simples definir o AFD porque um de seus grandes cabos eleitorais é Elon Musk, o também chamado de primeiro-ministro de Donald Trump, autor do gesto nazista, cuja foto rodou mundo. Nesta altura, os europeus estão preocupados e confusos porque sentem-se abandonados pelos Estados Unidos, agora interessados numa aproximação com a Rússia.
Dois dias antes, o presidente norte-americano Donald Trump tinha conversado com Vladimir Putin por telefone e, como bons amigos "imperadores", acertaram um encontro para negociarem entre eles uma lucrativa paz na Ucrânia.
Acabou o isolamento da Rússia mas por iniciativa dos Estados Unidos ou, mais corretamente, por iniciativa do presidente norte-americano Trump. Como no passado, serão esses dois grandes quem ditarão agora os destinos de muitos países.
Melhor ainda do que na época da Guerra Fria porque Trump e Putin têm muita coisa em comum. Enganou-se a esquerda brasileira, que apoiou a invasão da Ucrânia, confundindo a Rússia de Putin com a antiga URSS em luta contra o imperialismo norte-americano. Enganaram-se a extrema-direita e os evangélicos brasileiros, para os quais a Rússia ainda era o bicho papão comunista. Mas uma coisa é certa, tanto Trump como Putin representam o grande capital no poder, os bilionários e os oligarcas, como diria Marx.
Em Ryad, Serguei Lavrov e Marco Rubio começaram a acertar como será negociado o fim da guerra na Ucrânia. Quando estiver bem feita a partilha, sem a presença de Zelenski, o resistente ucraniano, e sem representantes da União Europeia, haverá o encontro dos dois chefes mundiais, Trump e Putin, poderíamos dizer os donos de boa parte do mundo.
Diante dessa inusitada partilha, os 22 países da Liga Árabe marcaram um encontro urgente, dia 4 de março, para apresentar a Trump uma outra alternativa ao seu plano imobiliário e de Riviera para Gaza, no qual a Autoridade Palestina deverá tomar do Hamas o controle de Gaza.
Não foi só o mundo ocidental quem acordou em plena mudança, a próxima etapa será no Oriente Médio, onde a queda do ditador sírio Bashar al-Assad desequilibrou outra ditadura, a da teocracia islâmica persa do Irão, com sérios problemas econômicos. Além disso, seu aiatolá envelhecido está sem um sucessor desde a morte do presidente Ebrahim Raisi num acidente de helicóptero.
O recente fortalecimento de Israel com a vitória de Trump e a quase liquidação do Hamas já desestabiliza o Irão, que apoia o Hamas e era ligado à Síria, tanto que o filho do Xá Reza Pahlavi, deposto em 1979 pela ascensão do aiatolá Khomeini, já convocou os iranianos do exílio para ajudarem na antecipação da queda da teocracia iraniana, prometendo um governo não religioso..
Na Europa abandonada pelos EUA, a extrema-direita ameaça, na Alemanha, chegar mais perto do poder nas eleições de domingo 23, com o partido Alternativa para a Alemanha, AfD, comparado por muitos com os nazistas da época de Hitler. Rui Martins – Suíça
___________________
Rui Martins, jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
Sem comentários:
Enviar um comentário