Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Portugal - Investigadores exploram células do tamarilho com potencial para produção de substâncias ativas

Um grupo de investigadores do Laboratório de Biotecnologia Vegetal do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) tem vindo a explorar, ao longo dos últimos anos, linhas celulares de plantas solanáceas, nomeadamente o tamarilho, com o objetivo de induzir a produção de moléculas ativas em cultura in vitro com potencial para aplicação em diferentes setores.

O projeto PlantReact, um dos vencedores dos Prémios Semente da Universidade de Coimbra, centrou-se na produção de enzimas hidrolíticas, moléculas com a capacidade de decompor outras moléculas em frações mais simples. 

«Estas enzimas têm um amplo leque de aplicações, incluindo nos setores industrial, farmacêutico e na luta contra fungos e bactérias, devido às suas propriedades de resposta a reações de stress. A obtenção de fontes sustentáveis para a produção destas enzimas é de grande relevância», considera Sandra Correia, investigadora do CFE e diretora do Departamento de Proteção de Culturas Específicas no Laboratório Colaborativo InnovPlantProtect. 

Até ao momento, os resultados alcançados mostram que os produtos obtidos se enquadram na classe de compostos ativos com potencial para reduzir o impacto de fungos em determinadas culturas agrícolas, embora seja necessário mais financiamento para realizar testes adicionais e validar esta aplicação.

Segundo a especialista, no decorrer da investigação, foi possível realizar análises proteómicas detalhadas e compreender em que condições estas proteínas são produzidas, assim como identificar fatores que estimulam a sua produção. Além disso, foram conduzidos ensaios de atividade enzimática em condições in vitro, marcando um avanço significativo na exploração do potencial destas células vegetais. Foi ainda possível aumentar a escala de produção desses compostos através de crescimentos celulares em bioreatores. 

«A agricultura celular, apesar de ser uma área emergente, mostra um enorme potencial para a produção de compostos ativos de forma controlada, segura e sustentável. As células vegetais destacam-se por possuírem características únicas que permitem produzir compostos de interesse industrial e alimentar, sem a necessidade de explorar recursos naturais de forma intensiva», revela a especialista, sublinhando que «este método possibilita controlar e até aumentar a produção de forma rigorosa». 

De acordo com o grupo de investigação, o tamarilho revelou-se uma espécie particularmente adequada para esta investigação, dada a facilidade de indução de linhas celulares a partir de uma simples folha, transformando-a numa massa de células pluripotentes com um potencial metabólico variado. Estas células podem, assim, ser estimuladas a produzir diferentes compostos de interesse.

«O projeto PlantReact posiciona-se, assim, como um avanço promissor no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a produção de moléculas ativas de alto valor, contribuindo para a inovação na agricultura celular e na biotecnologia vegetal», conclui. 

O projeto PlantReact, financiado pelo Banco Santander, contou com a colaboração entre o CFE, o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), o Centro de Apoio Tecnológico Agro-Alimentar (CATAA) e a Universidade de Antioquia, na Colômbia. Universidade de Coimbra - Portugal


Macau como elo entre a China e a lusofonia na 4.ª Conferência Anual de Estudos na Universidade de Macau

Realizou-se a Quarta Conferência Anual de Estudos de Macau. O evento reuniu académicos e profissionais para discutir as dinâmicas sociais, políticas e económicas entre Macau, a China e os países de língua portuguesa



A Universidade de Macau (UM) sediou a Quarta Conferência Anual de Estudos de Macau, reunindo académicos, investigadores e profissionais interessados nas dinâmicas sociais, políticas e económicas que envolvem Macau, a China e os países de língua portuguesa.

A conferência incluiu um discurso de abertura da professora Cathryn Clayton, da Universidade do Havai abordando a situação actual e os desafios enfrentados por Macau no contexto global, com o tema “Unsettling Macau: Thinking with global Asias” ou “Macau Inquieto: Pensar com Ásias globais”.

Após o almoço, os participantes puderam assistir a uma série de painéis, começando com o primeiro que focou a temática de “Global China and the Portuguese-speaking Countries Part I” ou “A China Global e os Países de Língua Portuguesa Parte I”, presidido por Francisco Leandro. As apresentações incluiram discussões sobre as relações diplomáticas entre China e Brasil, assim como sobre Macau como uma plataforma de conectividade global. Detalharam também as relações diplomáticas com Moçambique e discutiram o desenvolvimento financeiro em regiões de colaboração.

Além disso, a conferência contemplou painéis dedicados a colaborações transfronteiriças e ao papel das cidades na modernidade asiática, abordando tópicos como inovação financeira e a estrutura legal dos NFT em Macau. Houve também um painel sobre o estudo das cidades, economia verde e a protecção legal do meio ambiente em Macau.

No segundo dia de conferências, os participantes tiveram a oportunidade de ouvir um discurso de Kah-Wee Lee, da Universidade Nacional de Singapura, intitulado “Casino urbanisms in post-millennial Asia through a comparative lens” ou “Urbanismos dos casinos na Ásia pós-milenar através de uma perspectiva comparativa”, que tratou da evolução dos espaços urbanos em Macau e outras cidades asiáticas, especialmente no contexto do desenvolvimento de casinos.

A programação incluiu também debates sobre conectividade regional, reestruturação socioeconómica e a exploração histórica de Macau. O evento culminou num jantar de confraternização no Grand Plaza da Universidade de Macau.

A Quarta Conferência Anual de Estudos de Macau surge como uma plataforma para a pesquisa e discussão das interconexões de Macau com diversas regiões do mundo, prometendo abordar tópicos académicos profundos e promover colaborações futuras entre as instituições participantes. Os responsáveis pela organização do evento reuniram estudantes, académicos e profissionais do sector para explorar as diversas facetas de Macau no âmbito global. Elói Carvalho – Macau in “O País”


Moçambique - Editorial Fundza lança “Pensar o Direito dos Registos e Notariado” na Beira

A Editorial Fundza lançou, na passada quinta-feira, na Casa do Artista, Cidade da Beira, o livro “Pensar o Direito dos Registos e Notariado”, da autoria de João Jaime Ndaipa Maruma.

Com 173 páginas, o livro reúne conjunto de várias apresentações por si feitas em “Reuniões dos Notários e Conservadores, organizadas e orientadas pela Direcção Nacional dos Registos e Notariado, de 2014 a 2024”.

De acordo com a nota de imprensa da Editoral Fundza, “Pensar o Direito dos Registos e Notariado” foi prefaciado pelo Advogado Gilberto Correia, para quem “a obra tem a flexibilidade e a maleabilidade de ser profissionalmente útil a Notários e Conservadores, mas também a profissionais forenses, a juristas bancários, aos legisladores; enfim, a um leque diverso de profissionais”.

João Jaime Ndaipa Maruma nasceu a 11 de Fevereiro de 1971, no distrito de Marromeu, província de Sofala, Moçambique. Licenciou-se em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane em 2001, onde concluiu o Mestrado em Ciências Jurídicas, em 2013. Entre 2000 e 2017, foi docente em várias universidades, destacando-se a Universidade Eduardo Mondlane, a UniZambeze e a Universidade Católica de Moçambique. É co-autor do livro “Um Olhar Jurídico, Sociológico e Económico sobre HIV/SIDA em Moçambique” (2015). Desde 2003, exerce como Notário e Conservador Superior. In “O País” - Moçambique


Lusofonia - As 100 Personalidades Negras mais influentes de 2024

A BANTUMEN apresentou a quarta edição da Power List BANTUMEN 100, uma iniciativa que reconhece e celebra as conquistas de 100 personalidades afrodescendentes de países lusófonos. Este reconhecimento, que se concretiza numa lista de impacto, celebra a excelência em diversas áreas profissionais e culturais, promovendo a visibilidade e a influência da afrodescendência no mundo lusófono.



A lista, disponível aqui, é elaborada em colaboração com vários meios de comunicação de expressão portuguesa, evidenciando a importância da presença e da voz Afrodescendentes nas diferentes esferas sociais, como Ciências, Cultura, Comunicação e Empreendedorismo.

A gala de apresentação deste ano, organizada em co-produção com a Lisboa Cultura, realizou-se no dia 30 de novembro, no Pátio da Galé, no centro histórico de Lisboa, conduzida pelas apresentadoras de televisão Kathy Moeda (Cabo Verde) e Nádia Silva (Angola). O evento contou com a presença do Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, Mayra Andrade, Nenny, Dino de Santiago, Inocência Mata, entre outras personalidades. A moçambicana Assa Matusse, a francesa de origens cabo-verdianas Rislene Semedo e as Batucadeiras das Olaias foram alguns dos artistas que atuaram para os mais de 300 convidados.

A iniciativa visa, além do reconhecimento individual, promover a partilha e a reflexão em torno da diversidade cultural, e no contexto do último ano da Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela ONU. Esta celebração é uma oportunidade para reforçar a importância do reconhecimento dos direitos afrodescendentes e da luta contra desigualdades históricas.

A Power List BANTUMEN 100 conta com o apoio de dois Media Partners: a RTP África e o canal Trace. A RTP África, responsável pela transmissão em diferido, como canal público voltado à cultura e atualidade das comunidades lusófonas africanas, reforça a conexão e a valorização dessas culturas, enquanto o Trace, canal de televisão francês dedicado à música e à juventude afrodescendente global, amplia o alcance e a representatividade das vozes afro-lusófonas.

A distribuição dos homenageados na Power List BANTUMEN 100 em números reflete 47% Homens, 49% Mulheres e 4% de pessoas não-binários. Em relação aos países de origem: Angola (13%), Brasil (22%), Cabo Verde (19%), São Tomé e Príncipe (11%), Guiné-Bissau (11%), Moçambique (15%) e 19% com dupla nacionalidade (portuguesa mais uma dos PALOP). Em termos de áreas de atuação, Comunicação e Media: 18%; Negócios e Empreendedorismo: 7%; Ciências e Tecnologia: 3%; Artes e Cultura: 32%; Ação Social e Direitos Humanos: 20%

Os homenageados são indicados através de parceiros editoriais - Balai CV (Cabo Verde), BANTUMEN (Lusofonia), CULTNE TV (Brasil), Notícia Preta (Brasil), RSTP (São Tomé e Príncipe) e Xonguila (Moçambique) - assim como através de curadoria de personalidades destacadas em edições anteriores da PowerList.

Esta iniciativa é promovida pela Hausdown, agência criativa lusófona, e patrocinada pelas empresas cabo-verdianas Unitel T+ (telecomunicações) e Glowcondo (gestão imobiliária). O evento associado à iniciativa conta com a co-produção do organismo Lisboa Cultura e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Adega de Borba, Pastéis de Belém, Prosperous Vodka, Turismo de Lisboa, Sogrape e a Kees Eijrond Foundation. In “Bantumen” - Portugal


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Timor-Leste - Pobreza e insegurança alimentar persistem como desafios, diz Taur Matan Ruak

O antigo primeiro-ministro timorense Taur Matan Ruak afirmou, em entrevista à Lusa, que a pobreza multidimensional, a má nutrição e a insegurança alimentar persistem como desafios em Timor-Leste e que “preocupam tanto os líderes como a população timorense”

“A pobreza multidimensional, no meu tempo, estava em 48,3%. Análise é feita em três grandes aspectos a educação, o rendimento da população e a saúde. Segundo, temos 47% de má nutrição, sobretudo entre as raparigas em idade produtiva e as crianças, quase metade da população, e o terceiro desafio é a insegurança alimentar”, afirmou Taur Matan Ruak, que liderou o Governo timorense entre 2018 e 2023.

Em relação à insegurança alimentar, o líder do Partido de Libertação Popular (PLP), actualmente na oposição, salientou que Timor-Leste vive “com base de importações”, principalmente do arroz que é a base alimentar dos timorenses.

“Em 2018, quando entrei para o Governo, o consumo de arroz em Timor-Leste estava em 137 mil toneladas por ano, a nossa produção era de 37 mil toneladas. Um défice de 100 mil toneladas”, afirmou o também antigo Presidente timorense.

Referindo que durante o seu Governo conseguiu duplicar a produção de arroz com alguns incentivos, Taur Matan Ruak considerou que há ainda um “longo caminho” a percorrer.

“Pior ainda é que o actual Governo em vez de subsidiar a produção, subsidia o consumo, mas na base das importações. É gravíssimo. Não há incentivos, a população tem dificuldades, não tem capital para investir”, disse.

Outro grande desafio para o também antigo chefe das forças de defesa do país, é o “desemprego”.

“Quanto eu entrei estava a 11%, conseguimos reduzir para 9%, mas isso deu-se com a saída dos jovens para a Austrália, Coreia do Sul, Inglaterra, Irlanda. Isso ajuda bastante”, afirmou.

Taur Matan Ruak disse que actualmente as remessas dos timorenses que vivem no estrangeiro representam a segunda maior entrada de dinheiro no país, a seguir ao petróleo.

“Estes são grandes desafios de Timor-Leste e tudo depende da forma como vamos conduzir o nosso país”, considerou o antigo primeiro-ministro.

Questionado sobre as críticas feitas ao actual Governo relativas à falta de investimento em áreas consideradas cruciais para o desenvolvimento, Taur Matan Ruak explicou que durante a altura que liderou o país realizou várias reformas, incluindo na justiça e finanças públicas.

“Vendo a situação actual do país, um dos grandes problemas que a nossa população tem é a falta de rendimentos e introduzimos programas sociais com o objectivo de ajudar a população a médio prazo, enquanto o Governo criava condições para criar mais emprego e desenvolver a economia do país”, explicou.

“Praticamente esses programas foram eliminados. Falo do programa Bolsa Mãe, que tem como objectivos combater a má nutrição, fazer circular o dinheiro nas comunidades e obrigar as senhoras grávidas a serem acompanhadas nas clínicas ou hospitais”, disse.

Outro programa, segundo Taur Matan Ruak , era a cesta básica, que visava estimular a produção local.

“Também acabaram com isso. Ora, o Governo tem uma orientação que é a prioridade para megaprojectos, como o Tasi Mane, e no meu Governo a prioridade era o cidadão e isso tem três grandes prioridades, que é primeiro investir na saúde, ter uma população saudável, segundo é no rendimento da população e terceiro na ciência, tecnologia e informação, investir na educação”, afirmou.

Taur Matan Ruak criticou também a falta de planeamento sistematizado, consistente e detalhado e o “improviso”.

Greater Sunrise é causa nacional

O antigo primeiro-ministro timorense Taur Matan Ruak afirmou que o projecto de gás Greater Sunrise é uma “causa nacional”, mas não se pode ter a “ilusão” de que vai resolver os grandes desafios do país.

“É uma causa, naturalmente, mas vamos ver quais são os resultados do estudo. O desejo existe, todos queremos que venha para Timor. Mas pensar que vindo para Timor já resolve todos os problemas seria ilusão. Também beneficiamos da produção do Bayu-Udun e ainda estamos a braços com os nossos grandes desafios”, disse Taur Matan Ruak.

Localizado no Mar de Timor, a cerca de 250 quilómetros a Sul de Timor-Leste, o Bayu-Udun é um campo de condensado de gás, que, segundo o Governo timorense, deve terminar a produção este ano.

Quando as operações terminarem, o Governo timorense pretende estabelecer uma parceria comercial estratégica para voltar a desenvolver o campo, mas para captura e armazenamento de carbono.

O Greater Sunrise, localizado a 140 quilómetros a Sul de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, foi descoberto em 1974 e possui recursos de 5,1 trilhões de pés cúbicos de gás e 226 milhões de barris de condensado, segundo dados da Timor Gap, empresa estatal petrolífera.

Contudo, o seu desenvolvimento tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o Sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin, na Austrália.

O consórcio é constituído pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaca Gás Australia (10,00%).

O acordo de fronteira marítima permanente entre Timor-Leste e a Austrália determina que o Greater Sunrise é um recurso partilhado entre os dois países e terá de ser dividido, com 70% das receitas para Timor-Leste no caso de um gasoduto para o país, ou 80% se o processamento for em Darwin.

Para tentar ultrapassar o impasse, o consórcio de exploração determinou a realização de um estudo sobre o desenvolvimento daquele campo de gás, que já foi concluído, mas cujo resultado ainda não foi divulgado.

Melhor reconciliação é a que “sai do coração”

O antigo primeiro-ministro timorense Taur Matan Ruak afirmou que a melhor reconciliação é a que “sai do coração”, referindo-se à recente indignação social provocada com um convite ao líder das milícias para participar nas celebrações da declaração da independência.

“Vão ter de deixar o tempo se encarregar um bocadinho, enquanto moral e psicologicamente as pessoas não estão preparadas, não para a generalidade da reconciliação, mas para facções muito concretas, o caso do Eurico Guterres”, disse Taur Matan Ruak.

O Presidente timorense, José Ramos-Horta, convidou o antigo líder da milícia Aitarak para participar nas celebrações do 49.º aniversário da declaração unilateral da independência, que se assinalou na quinta-feira em Oecussi, provocando a indignação social.

Eurico Guterres liderou a milícia Aitarak, responsável por vários ataques em Timor-Leste e pela destruição de Díli, após o referendo de 1999, que determinou o fim da ocupação da Indonésia e a restauração da independência, em 20 de Maio de 2022.

“É louvável que um Presidente da República o tenha feito, mas a sociedade não está preparada, não é que não queiram, não estão preparados. Isso significa deixar mais um bocadinho, que o tempo ajuda a apaziguar melhor”, salientou Taur Matan Ruak.

Segundo o também líder do PLP, a “melhor reconciliação é a que sai do coração”. “É um processo interno, o externo pode influenciar, mas o interno é que determina”, afirmou.

Em relação aos acontecimentos ocorridos em 1999, Taur Matan Ruak disse que houve casos que a população ultrapassou, mas “há casos que ainda estão muito fresquinhos”.

“Não é que as pessoas não queiram, ainda não estão preparadas, para eles é cedo demais. Mas é sempre um acto louvável, mas é preciso ser muito cauteloso para depois gerir todo este problema emocional”, acrescentou. In “Ponto Final” - Macau com “Lusa”


Internacional - Estudo conclui que os primeiros agricultores da Europa Central viveram em igualdade

Um grupo internacional de investigadores, do qual faz parte Daniel Fernandes, investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), produziu o conjunto mais completo de dados genéticos do Neolítico Inicial da Europa Central até à data. 

Os resultados deste estudo, liderado por Pere Gelabert e Ron Pinhasi, da Universidade de Viena, e David Reich, da Universidade de Harvard, acabam de ser publicados na Nature Human Behaviour e revelam que a cultura responsável pela expansão da agricultura na Europa Central há 8 mil anos não mostrou sinais de estratificação populacional.

A expansão da agricultura na Europa Central ocorreu no sexto milénio a.C., em poucas gerações, os agricultores da região dos Balcãs expandiram-se pelo vale do Danúbio até à atual França e, para leste, até à atual Hungria e Ucrânia. Os vestígios culturais dos agricultores são homogéneos em toda esta área, estendendo-se por milhares de quilómetros, mas a falta de dados genéticos de várias famílias torna difícil perceber se estas comunidades viviam em igualdade social, ou avaliar quais foram os indivíduos que migraram pelo continente.

Mais de 80 geneticistas, antropólogos e arqueólogos, que estudam as particularidades sociais da Cultura de Cerâmica Linear (Linearbandkeramik, LBK), integraram novos dados genéticos de mais de três centenas de indivíduos com extensos conjuntos de dados: estudos ósseos, datas de radiocarbono, contextos de sepultamento e dados dietéticos. «O estudo das ligações genéticas entre mais de 250 indivíduos neolíticos mostrou que o povo LBK se expandiu ao longo de centenas de quilómetros em apenas algumas gerações», revela Daniel Fernandes, coautor do estudo. 

«Encontrámos com sucesso parentes distantes na Eslováquia e outros na Alemanha Ocidental, a mais de 800 km de distância», evidencia o primeiro autor, Pere Gelabert, cientista do Departamento de Antropologia Evolutiva da Universidade de Viena. Ron Pinhasi, investigador na mesma universidade, explica que, neste estudo, «é relatado pela primeira vez que as famílias nos locais de estudo de Nitra, na Eslováquia, e Polgár-Ferenci-hát, na Hungria, não diferem em termos dos alimentos que consumiram, dos bens funerários com que foram enterradas ou das suas origens. 

«Tal sugere que as pessoas que viveram nestes sítios neolíticos não foram estratificadas com base no sexo familiar ou biológico, e não detetámos sinais de desigualdade, entendida como acesso diferencial a recursos ou espaço», afirmam os investigadores. 

A cultura LBK chegou ao fim por volta de 5000 a.C., e várias hipóteses foram propostas sobre seu colapso. Alguns sugerem que foi um período de crise social e económica, muitas vezes associado a episódios de violência generalizada. Um dos eventos mais famosos é o Massacre de Asparn-Schletz (Baixa Áustria), onde mais de uma centena de indivíduos foram recuperados de um sistema de vala. Juntamente com Herxheim (Alemanha), este local representa um dos maiores conjuntos conhecidos de indivíduos mortos violentamente durante o Neolítico Inferior, com esqueletos que mostram sinais de violência e múltiplas fraturas. 

O grupo de investigadores destaca ainda que «este estudo genético meticuloso dos indivíduos Asparn-Schletz mostrou que menos de dez estavam geneticamente relacionados, o que desafia a hipótese de que o massacre representou uma única população». Estudos antropológicos anteriormente realizados por uma equipa de bioantropólogos liderada por Maria Teschler-Nicola, do Museu de História Natural de Viena, notaram uma falta de mulheres jovens, e os novos dados confirmam ainda mais uma ausência completa de familiares. A presença de muitas crianças entre as vítimas abre a porta a múltiplas interpretações deste acontecimento marcante da violência neolítica. Universidade de Coimbra - Portugal


Portugal - Faculdade de Medicina da Universidade do Porto alerta para sintomas de endometriose em adolescentes e jovens

Estudo analisou métodos não invasivos para diagnóstico mais precoce desta doença, que é uma causa frequente de abstinência escolar



As dores menstruais são o principal sintoma de endometriose em adolescentes e jovens mulheres, como indica um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), publicado no Journal of Pediatric and Adolescent Gynecology.

Coordenada por Pedro Viana Pinto e João Bernardes, docentes da FMUP, a equipa avaliou estudos internacionais envolvendo cerca de 2200 adolescentes e jovens com idades compreendidas entre os 8 e os 25 anos e suspeita de endometriose.

Descrita pela primeira vez na década de 1940, a endometriose é uma reação inflamatória causada pela presença de tecido endometrial fora do útero, principalmente nos ovários, peritoneu e órgãos adjacentes, como bexiga e reto. Embora seja considerada benigna, esta patologia pode causar dor incapacitante, lesões severas nos órgãos afetados e infertilidade, além de ter um forte impacto na qualidade de vida.

O estudo da FMUP analisou os sintomas e a eficácia de métodos de diagnóstico não invasivos, designadamente a ecografia ginecológica e a ressonância magnética, na obtenção de um diagnóstico precoce. Atualmente, estima-se que seis em cada dez mulheres com doença não têm um diagnóstico estabelecido.

Os resultados deste estudo mostram que as cólicas menstruais (que habitualmente precedem a menstruação e afetam sobretudo o abdómen) e a dor pélvica persistente são os sintomas mais comuns da doença na população em estudo.

“A dor menstrual intensa não deve ser considerada normal e deve ser avaliada o mais precocemente possível, com vista a melhorar a qualidade de vida destas mulheres. Neste grupo de adolescentes e jovens, a dor parece ser mesmo mais severa do que em mulheres mais velhas, favorecendo a teoria de que a doença mais inicial pode ser mais sintomática e progressiva”, refere Pedro Viana Pinto, da FMUP.

As faltas às aulas constituem outro sinal de alerta.” A endometriose é uma causa frequente de abstinência escolar, sendo este um sinal que deve chamar a atenção para esta doença”, aconselha o investigador da FMUP.

“É essencial reconhecer precocemente os sintomas”

Para Pedro Viana Pinto, “é essencial reconhecer precocemente os sintomas e procurar fazer o diagnóstico, de forma proativa, de modo a ajudar as mulheres que sofrem desta condição ginecológica”.

Este trabalho realça, a propósito, a importância do diagnóstico não invasivo de endometriose entre as adolescentes. “A ecografia e, sobretudo, a ressonância magnética poderão ter um papel importante, podendo dispensar a necessidade de cirurgia, tal como já acontece nas mulheres adultas”, reforçam os autores.

Com efeito, entre as adolescentes e jovens com sintomas suspeitos de endometriose, cerca de 33% apresentaram pelo menos um sinal da doença em ecografia. Entre as que tinham endometriose confirmada ecograficamente, 48,5% tinham endometriose profunda, infiltrativa, e 45% apresentavam endometriose ovárica. Nas raparigas e jovens selecionadas e que se submeteram a ressonância magnética, metade tinha sinais de endometriose.

“A ressonância magnética parece ser uma ferramenta de diagnóstico promissora, mesmo em doentes com ecografia prévia considerada normal. Nesta faixa etária, pelas eventuais limitações à técnica de ecografia inerentes, a ressonância pode apresentar um lugar ainda mais relevante para um diagnóstico mais precoce e atempado desta doença”, admitem.

O estudo, intitulado “Non-invasive diagnosis of endometriosis in adolescents and young female adults: a systematic review”, contou com a participação deInês Jerónimo Oliveira, no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina na FMUP, a par de Pedro Viana Pinto e João Bernardes, professores de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina. Universidade do Porto - Portugal 


Silas Corrêa Leite: poesia com raízes populares

Em novo livro, o poeta exercita a arte dos limeriques e recupera aforismos e ditados tradicionais               

             I

Ao contrário do haikai, um tipo de poema de origem japonesa, mas muito popularizado no Brasil e exercitado por grandes nomes como Guilherme de Almeida (1890-1969), Paulo Leminski (1944-1989) e Millor Fernandes (1923-2012), o limerique, poema de forma fixa composto por cinco versos, com a primeira, a segunda e a quinta linhas terminando com a mesma rima, ainda é pouco conhecido entre os leitores de língua portuguesa. Trata-se de uma forma poética que, a rigor, não oferece muita poesia, mas que flerta com o humorismo e a irreverência, sendo utilizado para se contar uma piada ou uma boutade, de maneira criativa e concisa, ou seja, uma tirada espirituosa. Ou repetir um aforismo, explicitando uma regra ou princípio de alcance moral. 

Historicamente, o limerique tem sua origem na literatura inglesa e popularizou-se por lá no século XIX, tendo ganhado adeptos em outras partes do mundo. Supõe-se que tenha sido inspirado na cidade de Limerick, na Irlanda, onde esse estilo de poesia era frequentemente utilizado e foi desenvolvido pelo poeta inglês Edward Lear (1812-1888).   No Brasil, entre os seus mais conhecidos cultores estão Sousândrade (1833-1902), Clarice Lispector (1920-1977), Tatiana Belinski (1919-2013) e alguns poetas neoconcretistas. 

Depois de exercitar outros gêneros, Silas Corrêa Leite, autor de vasta obra publicada, apresenta agora Limeriques brasileirinhos (São Paulo, Editora Calêndula, 2024), que reúne mais de uma centena de “poemetos tropicais” ou “poemas mirins”, que não seguem necessariamente as normas fixas dessa modalidade poética e que, por isso mesmo, são chamados de “brasileirinhos”, como observa o poeta na introdução que escreveu para o seu livro. Ele lembra que foram “muitos deles trabalhados em salas de aula, para crianças, em processos didático-pedagógicos para alunos, jovens, enfim, disparates poéticos para mentes brilhantes, provocadoras, sonhadoras, criadoras e cheias de contentices e brincadeiras”.


                  II

Um bom exemplo do que se lê acima é o poemeto “Solidão sem fio”: 

  Era tão solitária, mas tão solitária, coitada / Que ligava para si mesma no número do celular / Só para ter alguma esperança ao escutar / A mensagem de sua própria voz gravada / E assim pelo menos se sentir acompanhada.

Outro legítimo limerique é este que leva como o título a sua primeira frase: 

   Era um menino sisudo / Sem eira nem beira, sem lar /Queira ser poeta, ser tudo / Tentando sua vida salvar / Alma de lã, coração de veludo.

Mas, poeta experiente, acostumado a refazer poemetos históricos, recorrer a trocadilhos, a ditos populares, o autor, como se disse, optou por abrasileirar o gênero, criando peças diferenciadas, ou seja, textos curtos e sucintos em que faz uma releitura das peças tradicionais, trabalhando as cantilenas, as invencionices, criando pequenos poemas que são quase haikais, trovinhas, quadras, tercetos, sem perder o bom humor tupiniquim. 

Entre as quadras, há algumas muito criativas e que repetem comentários que o leitor, com certeza, costuma ouvir no dia a dia. Eis um exemplo: 

  O médico / Olha para a cara da gente / Como se o doente / Fosse ele. 

Segue outro exemplo: 

   Arrisco saltar / Sem rede de proteção / E o pior risco mesmo assim / É quando eu me caio em mim.

Em poemas mais longos, a criatividade e o lirismo estão igualmente presentes. É o que se vê aqui em “Peter Pan, o poema”: 

   Metade do que sou é criança / A outra metade é adulto / Quem é meio Peter Pan não cansa / De sonhar máscara e vulto / Eu queria ser um super-herói / Mas ser humano é mesmo assim / Ser um simples mortal dói / Onde está o pó de pirimpimpim? / Metade de mim é menino / A outra metade é vã / Eu queria o meu destino / O mesmo de Peter Pan / Eu brincava com a vida / No ápice da minha infância / Imitando um Pinóquio / Escrevendo com elegância / Mas minto que vou levando / Essa triste vida ruim / Quem não sabe, vivo voando / Para um outro Eu de mim / Metade de mim escorro / A outra sonho ser Tarzan / Já que não posso ser Zorro / Eu queria ser Peter Pan.

Ou ainda em “Livro aberto”, poema em que se define como artesão do verso:

    Sou um eterno aprendiz. / Essa é a minha maior e melhor liberdade. / Sou poeta. / Essa é a minha maior rebeldia. / Estou aqui de passagem, / Essa é a minha melhor poesia. 


                    III

Nascido em Monte Alegre, hoje Telêmaco Borba, no Paraná, Silas Corrêa Leite, além de poeta e romancista, é contista, letrista, professor, bibliotecário, desenhista, jornalista, ensaísta, blogueiro, conselheiro diplomado em Direitos Humanos e membro da União Brasileira de Escritores (UBE). Venceu alguns concursos com seus romances, artigos, poemas e letras de blues, como o Concurso de Contos Paulo Leminski (UniOeste-PR), Concurso Lygia Fagundes Telles para Professor Escritor, da Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo, Prêmio Biblioteca Mário de Andrade de São Paulo (gestão Marilena Chauí, Secretaria de Cultura), Prêmio Instituto Piaget (poesia infantojuvenil) e Prêmio Ficções Simetria (microcontos), os dois últimos em Portugal, entre outros.

Lançou Campo de trigo com corvos (Jaraguá do Sul-SC, Design Editora, 2007); Gute-Gute, barriga experimental de repertório (Rio de Janeiro, Editora Autografia, 2015); Goto, a lenda do reino encantado do barqueiro noturno do rio Itararé (Florianópolis, Clube de Autores Editora, 2013); Tibete, de quando você não quiser ser gente (Rio de Janeiro, Editora Jaguatirica, 2017); Ele está no meio de nós (Curitiba, Kotter Editorial, 2018); O Marceneiro – a última tentativa de Cristo (Maringá-PR, Editora Viseu, 2019),  O lixeiro e o presidente (Curitiba, Kotter Editorial, 2019); e Desjardim –  muito além do farol do final do mundo (Belo Horizonte, Editora Caravana, 2023), entre outros.

Nos últimos tempos, lançou Transpenumbra do Armagedon (São Paulo, Desconcertos Editora, 2021); Cavalos selvagens, romance imaginativo (Curitiba/Taubaté, Kotter Editorial/Letra Selvagem, 2021); A Coisa: muito além do coração selvagem da vida (Cotia-SP, Editora Cajuína, 2021); Lampejos (Belo Horizonte, Sangre Editorial, 2019); Leitmotiv: a longa estrada de fogueiras da cor de laranja: diário da paixão secreta de Anne Frank (Curitiba, Kotter Editorial, 2023), Vaca profana: microcontos (Cotia-SP, Editora Cajuína, 2023); e Alucilâminas (São Paulo, Editora Cajuína, 2023). 

É autor ainda de Porta-lapsos, poemas (São Paulo, Editora All-Print, 2005); O Homem que virou cerveja, crônicas (São Paulo, Giz Editorial, 2009); Favela stories, contos (Cotia-SP, Editora Cajuína, 2022), e Rua Frida Kahlo, crônicas (São Paulo, Editora Calêndula, 2024). Seus trabalhos constam de mais de cem antologias, inclusive no exterior, como na Antologia Multilingue de Letteratura Contemporanea, de Treton, Itália, e Christmas Anthology, de Ohio/EUA. 

É autor do primeiro livro interativo da Internet, o e-book O rinoceronte de Clarice, que virou tema de dissertação de mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e de tese de doutoramento na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e foi recomendado como leitura obrigatória no mestrado de Ciência da Linguagem na Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), de São Paulo-SP. É criador do Estatuto do Poeta, traduzido para o inglês, francês, espanhol e russo. Adelto Gonçalves - Brasil

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Limeriques brasileirinhos, de Silas Corrêa Leite. São Paulo, Editora Calêndula, 128 páginas, R$ 68,00, 2024. Site: www.editoracalendula.com.br  E-mail: editora@editoracalendula.com.br  E-mail do autor: poesilas@terra.com.br Site do autor: www.poetasilascorrealeite.com.br

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Adelto Gonçalves, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e  doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Fernando Pessoa: a Voz de Deus (Santos, Editora da Unisanta, 1997); Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003, São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015), Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015), O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo – 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. Escreveu prefácio para o livro Kenneth Maxwell on Global Trends (Londres, Robbin Lard, editor, 2024), lançado na Inglaterra. E-mail: marilizadelto@uol.com.br


domingo, 1 de dezembro de 2024

Brasil - Comunidade de Fortaleza realiza em março “Encontro Luso Brasileiro do Associativismo”

Entre os dias 19 a 20 de Março de 2025, a Comunidade Portuguesa de Fortaleza vai realizar o “Encontro Luso Brasileiro do Associativismo – Reinventar o Associativismo” onde pretende reunir dirigentes associativos de todo o Brasil, e autoridades locais e portuguesas.



O Cônsul de Portugal em Fortaleza, Rui Almeida, o Presidente da Sociedade Beneficente Portuguesa, Francisco Brandão, da Câmara Brasil Portugal de Comércio Raul Santos e o Conselheiro das Comunidades Portuguesas José Wahnon, convidam os dirigentes das Associações Luso Brasileiras, o corpo consolar de Carreira e Honorário, os conselheiros das Comunidades para este encontro nacional que será realizado nas renovadas instalações da Beneficente Portuguesa.

A programação tem como tema “Reinventar o Associativismo” onde serão discutidos os seguintes itens:

  • Práticas de Governança e Estatutos Jurídicos
  • Cooperação e consórcio entre associações
  • Apoios da Secretaria de Estado das Comunidades
  • Apoio institucional e cooperação com o Corpo Diplomático e Consular, Deputados da Jurisdição e dos Conselheiros das Comunidades
  • Experiências de Encontros Regionais.

Está confirmada a participação do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário e do Embaixador de Portugal no Brasil, Luiz Faro Ramos.

Nesta fase, a organização pode assegurar a programação nos dois dias do evento, incluindo a programação cultural, as refeições nesses dois dias, e os transferes entre os hotéis e o espaço do evento. As viagens e alojamento são por conta dos participantes.

O local do evento será na Sociedade Beneficente Portuguesa “dous” de Fevereiro (Av. Dioguinho, 2493), Praia do Futuro (Fortaleza). Contatos e demais informações pelo e-mail:

beneficenteportugalfortaleza@gmail.com e

secretariace@cbpce.org.br In “Mundo Lusíada” - Brasil


França - Foi inaugurado o novo festival de cinema português “Olá Paris!”

O novo festival de cinema português em Paris, “Olá Paris!”, foi inaugurado no Club de l’Etoile, em plena capital francesa, pelos dois irmãos Fernando e Wilson Ladeiro e pela madrinha desta primeira edição, Maria de Medeiros. Na sala estava presente o Embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte e a Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Mónica Lisboa.



Também marcaram presença os realizadores Margarida Cardoso (que apresentou o primeiro filme do festival), Cláudia Varejão, Tiago Guedes, Ruben Alves e Christophe Fonseca, assim como atores como Beatriz Batarda, Isabel Abreu ou Jaqueline Corado. A cerimónia de abertura do Festival foi apresentada por Karine Lima.

“O cinema português é um bom cinema, conhecido no mundo e nos festivais internacionais. O cinema português na Europa é considerado como um dos mais interessantes nos últimos anos, mas não está suficientemente visível nas salas, e como não existe em França nenhum festival dedicado ao cinema português nós decidimos criar um” disse Wilson Ladeiro no discurso de abertura, com algum humor à mistura. “Como estamos em Paris, decidimos chamar-lhe ‘Olá Paris!’. Se estivéssemos em Dunkerque, seria ‘Olá, Dunkerque!’”.

“Existe uma verdadeira história de amizade entre a França e Portugal. Parece-nos mesmo uma evidência que um festival de cinema tenha lugar em França” disse Wilson Ladeiro, coorganizador e codiretor do festival.

“As ideias mais evidentes, por vezes, é necessário alguém para as realizar. É verdade que o cinema português está ligado à França, a crítica francesa e os distribuidores franceses acompanham há muito tempo o cinema português e foi sempre muito valorizado, especialmente em França. No entanto, é verdade que não existia um festival de cinema português. Agora já há e tenho muito orgulho em estar aqui e fazer parte desta aventura” disse a realizadora Maria de Medeiros.

“O cinema português é uma mistura única de poesia e de imagens, mas também tem um ritmo, é um convite à lentidão, a dar tempo ao tempo, a contemplar… mesmo um plano fixo sobre um elétrico de Lisboa, pode provocar emoção” disse por seu lado Fernando Ladeiro Marques, irmão de Wilson Ladeiro e cofundador do festival. “Estamos muito orgulhosos de apresentar aqui esta seleção de filmes que, para nós, são representativos da riqueza e da diversidade do cinema português. Vão ver obras cheias de calor humano, de profundidade e mesmo, por vezes, desta melancolia a que chamamos Saudade”.

Maria de Medeiros declarou aberta a primeira edição do Olá Paris! e agradeceu aos irmãos Wilson e Fernando Ladeiro cuja ambição é agora – “sejamos doidos”, como dizem – instalar definitivamente este evento para que se torne num “ponto de encontro anual do cinema português em Paris”.

Uma exposição do artista português de street-art Glaçon, está exposta durante os três dias do Festival na galeria do primeiro andar, onde também haverá sessões de dedicatórias do livro “Terra Fria” de Ana Maria Torres, da banda desenhada “Borboleta” de Madeleine Pereira e do livro do desenhador e ilustrador do cartaz do festival, autor de “25 de Abril: no princípio era o verbo”, Nuno Saraiva.

Banzo, o primeiro filme projetado

“Banzo”, o primeiro filme projetado no festival, vai sair nas salas de cinema francesas no dia 25 de dezembro “no dia do menino Jesus” como disse, a brincar, a realizadora Margarida Cardoso antes da projeção, numa breve conversa com a apresentadora Karine Lima.

O filme situa-se no início dos anos 1900, numa roça de Cacau de S. Tomé e Príncipe, para onde foram recrutados escravos moçambicanos que sofrem da nostalgia do país e acabam por adoecer e até suicidar-se. O Dr. Afonso, habituado a trabalhar em África, nomeadamente no Congo, foi chamado para curar esta doença desconhecida que matava os escravos na Roça da Boa Vista. Mas depressa descobriu que a doença não se tratava com remédios, porque o que os escravos queriam era regressar a casa, para junto dos filhos e demais família.

O filme dura mais de duas horas, que passam muito depressa, tão envolvente é a história e tão belas são as imagens do Diretor de fotografia Leandro Ferrão.

É um belo filme que, quem não viu, poderá ver nas salas de cinema francesas a partir de 25 de dezembro. Carlos Pereira – França in “LusoJornal”


Portugal - Parlamento acabou com a propina no ensino português no estrangeiro

A propina no Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) termina no próximo ano, após aprovação de uma proposta de lei socialista, com os votos contra do PSD e do CDS, partidos do Governo que em outubro anunciara a medida.

A proposta do PS que revoga no Orçamento do Estado para 2025 a taxa de inscrição no EPE foi aprovada na quinta-feira no Parlamento, por maioria.

O Deputado socialista Paulo Pisco, que apresentou a proposta, afirmou que, face à importância e dimensão da diáspora portuguesa, “eliminar a Propina é uma forma de promover e projetar a Língua e a cultura portuguesas no mundo e o seu valor económico, cultural, político e diplomático”.

Paulo Pisco acrescentou que a revogação da Propina “cria melhores condições de futuro para os jovens portugueses e lusodescendentes e dá um importante contributo para reforçar a sua ligação afetiva ao país dos seus pais e avós”.

Em algumas situações, o pagamento do certificado da formação nestes cursos tutelados pelo Instituto Camões vai manter-se, disse à Lusa o Deputado Paulo Pisco.

A proposta foi votada favoravelmente pelo PS, Chega, IL e PAN, enquanto as bancadas do PSD e do CDS votaram contra e o BE, PCP e Livre abstiveram-se.

Em outubro, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, tinha anunciado que esta Propina terminaria a partir do próximo ano letivo.

Na sessão de abertura da sessão plenária na Assembleia da República do plenário mundial do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), Cesário lamentou “a perda de milhares e milhares de alunos na Europa” e anunciou, como medida para tentar alterar este panorama, o fim do pagamento da taxa.

No debate sobre esta proposta do PS, que decorreu na quinta-feira, o PSD manifestou a intenção de acabar com a Propina, mas de uma forma faseada, tendo votado contra a proposta socialista, assim como o CDS.

A taxa de inscrição no EPE nos cursos da rede tutelada pelo Instituto Camões foi instituída pelo Governo PSD-CDS em 2012. In “LusoJornal” - França


É tão grande o Alentejo











Vamos aprender português, cantando


É tão grande o Alentejo


No Alentejo eu trabalho

cultivando a dura terra

vou fumando o meu cigarro

vou cumprindo o meu horário

lançando a semente à terra


É tão grande o Alentejo


Tanta terra abandonada

a terra é que dá o pão

para o bem desta nação

devia ser cultivada


Tem sido sempre esquecido


À margem, ao sul do Tejo

há gente desempregada

tanta terra abandonada

é tão grande o Alentejo


Trabalha, homem trabalha

se queres ter algum valor

os calos são os anéis

os calos são os anéis

de um homem trabalhador


É tão grande o Alentejo


Tanta terra abandonada

a terra é que dá o pão

para o bem desta nação

devia ser cultivada


Tem sido sempre esquecido


À margem, ao sul do Tejo

há gente desempregada

tanta terra abandonada

é tão grande o Alentejo


Bandidos do Cante - Portugal

Bruno Chaveiro 

Buba Espinho

Bubedanas

Cantadeiras de Essência Alentejana 

Cantadores do Desassossego 

Eduardo Espinho

Grupo de Cantares Feminino de Aljustrel 

Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa 

Grupo Coral e Etnográfico Os Camponeses de Pias 

Grupo Coral os Ganhões de Castro Verde 

Grupo Coral do Sindicato da Indústria Mineira de Aljustrel 

Grupo Coral Os Vindimadores da Vidigueira 

Grupo Coral Voz Ativa de Santana 

Hugo Bentes

Inês Gonçalves

João Guerreiro

Jorge Cruz 

Jorge São Pedro

Luis Espinho

Luís Trigacheiro 

Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento 

Martim Helena 

Miguel Costa 

Miguel Pão Mole 

Os Moços da Aldêa 

Pedro Guerra 

Rubén Lameira 

Rubén Ramos 

Simão Diogo - Portugal