Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Internacional - Investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde estuda indivíduos centenários para desvendar longevidade

Genes descobertos pela equipa de José Pedro Castro abrem caminho para o desenvolvimento de estratégias farmacológicas para o envelhecimento saudável



Uma equipa de cientistas da Harvard Medical School (EUA), da qual faz parte o investigador José Pedro Castro, agora no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), descobriu que os indivíduos centenários têm genes sem mutações disfuncionais. Estes chamados «genes da longevidade» (sem mutações), que tudo indica serem hereditários, estão descritos num artigo publicado na Nature Communications e abrem caminho para o desenvolvimento de estratégias farmacológicas para o envelhecimento saudável.

Os centenários, explica José Pedro Castro, “representam um modelo raro e valioso do estudo do envelhecimento bem-sucedido, apresentando frequentemente um início tardio ou mesmo escapando às principais doenças relacionadas com a idade, como as doenças cardiovasculares, cancros ou doenças neurodegenerativas. Além disso, muitos mantêm a função física e cognitiva, bem como a independência, até perto do seu fim de vida”.

Estudos anteriores descobriram variantes genéticas comuns protetoras associadas à longevidade em centenários, mas este trabalho, que foi iniciado em Harvard e concluído no i3S, foi mais longe e identificou 35 genes com um menor número de mutações de perda de função em centenários. “Genes notáveis como o RGP1, PCNX2 e ANO9 foram identificados como tendo um efeito consistente na longevidade em várias caraterísticas relacionadas com o envelhecimento”, adianta José Pedro Castro.

“E o mais interessante, é que conseguimos, através de métodos de computação e estatística avançados, identificar vias moleculares contendo estes genes”, adianta o investigador, acrescentando que “indivíduos de longevidade excecional têm menos erros nestas vias, o que pode abrir caminho para a descoberta de fármacos capazes de modular estas vias diretamente”.

Em conclusão, sublinha o investigador do i3S, “o nosso estudo fornece novos conhecimentos sobre a arquitetura genética da longevidade humana excecional, exemplificada por indivíduos que vivem até aos 100 anos ou mais, uma vez que conseguimos identificar novos genes e vias que parecem ser resistentes à perda de função com a idade e, desta forma, promovem o envelhecimento saudável e o prolongamento do tempo de vida”.

No decurso deste trabalho, acrescenta ainda José Pedro Castro, “verificámos também que os descendentes de centenários, apesar de numa escala menor que os seus pais, herdam estas variantes resistentes raras, o que lhes confere vantagem ainda assim, em comparação com indivíduos descendentes de não centenários”. Segundo o investigador, “cada vez tem havido maior evidência de que as trajetórias de longevidade são maioritariamente genéticas e definidas ainda antes do nascimento, durante um processo específico do desenvolvimento embrionário”. Universidade do Porto - Portugal


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