Apesar dos esforços das autoridades para atraírem turistas estrangeiros, há ainda uma lacuna de guias turísticos que dominem outras línguas que não o chinês, incluindo a língua portuguesa. O alerta foi dado pela União dos Guias Turísticos de Macau, que acrescenta que as consequências da não formação de guias serão “inimagináveis”
A
Direcção dos Serviços de Turismo (DST) pretende atrair mais turistas do
estrangeiro, contudo, há escassez de guias que dominem outras línguas que não o
chinês, como a língua portuguesa, por exemplo. Ao jornal Ou Mun, Lei Man Hou,
responsável da União dos Guias Turísticos de Macau, disse também que os guias
não estão a ser formados convenientemente e pediu ao Governo que lançasse
programas de incentivo para atrair jovens para o sector.
O
responsável adiantou que, no próximo mês, Macau vai receber, pelo menos, nove
excursões de turistas de língua portuguesa. Estes grupos têm de ser
acompanhados por guias turísticos que dominem o português, no entanto, “o
número de guias turísticos locais com competências linguísticas adequadas é
actualmente insuficiente, havendo apenas quatro a cinco disponíveis”, frisou
Lei Man Ho.
“A
falta de guias turísticos locais com conhecimentos de línguas minoritárias
faz-nos recear que, por um lado, não consigamos atrair turistas internacionais,
e, por outro, que haja dificuldade em prestar serviços de recepção adequados”,
afirmou, acrescentando que, “se não formarmos mais guias turísticos de língua
estrangeira no futuro, as consequências serão inimagináveis quando a
mão-de-obra existente no sector estiver a envelhecer”.
O
representante do sector queixou-se ainda dos salários, notando que, com a
recuperação económica, os salários dos trabalhadores de hotéis e motoristas de
autocarros, por exemplo, têm aumentado gradualmente. Isso não está a acontecer
com os guias turísticos, lamentou. “Os salários dos guias turísticos
mantiveram-se inalterados durante dez anos. [Nos últimos anos] temos vindo a
esperar que os salários dos guias turísticos possam ser aumentados para atrair
os jovens para este sector”, comentou.
Lei
Man Hou deu como exemplo os guias turísticos que usam o mandarim para
trabalhar, que, segundo indicou, recebem 100 patacas por hora e trabalham sete
horas por dia, mais uma gorjeta de 100 patacas, ou seja, ganham cerca de 800
patacas por dia. O responsável sugeriu que se possa aumentar esse valor para
900 patacas por dia já este ano, de forma a “encorajar mais pessoas a
juntarem-se à profissão”.
O
responsável disse que existem cerca de 1000 guias turísticos de Macau
habilitados a exercer a profissão em Hengqin, no entanto, não é claro como é
que os guias podem trabalhar na Ilha da Montanha depois de obterem a
qualificação. Além disso, mostrou-se “perplexo” pelo facto de os cursos de formação
e obtenção de qualificação não incluírem formação linguística.
“A
escassez de guias turísticos de línguas minoritárias tem de ser resolvida de
forma clara. Sugere-se que o Governo introduza incentivos em forma de subsídios
para quem se candidata a exames de qualificação de línguas, de modo a aumentar
a atractividade do exame”, afirmou.
Os
dados estatísticos da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC)
mostram que, do total de 28,2 milhões de visitantes no ano passado, cerca de
1,5 milhões de visitantes eram internacionais, o que corresponde a apenas 5,2%
do total. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
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