O Instituto do Património Cultural (IPC) e a Universidade de Cambridge descobriram vestígios de casas mais antigas do país, em Alcatraz, onde funcionou a capitania no Norte da ilha de Santiago
“Após
um mês de escavação, foram achados vestígios da ocupação deste sítio no decurso
do povoamento de Cabo Verde no século XV, com particular incidência para
estruturas habitacionais mais antigas em todo o Cabo Verde”, divulgou o IPC.
Para
a mesma fonte, trata-se de um “momento de extrema relevância” para a história
de Cabo Verde, que confirma, “por meio de evidências materiais”, que Alcatraz
funcionou como a Capitania Norte da ilha de Santiago, conforme a divisão
administrativa do início do povoamento da ilha (1462), entregue ao capitão
donatário Diogo Afonso há seis séculos.
“Além
de trazer evidências sobre os primórdios da história de Cabo Verde e reforçar a
compreensão da organização administrativa e social da ilha de Santiago no
século XV, esses achados arqueológicos têm o potencial de enriquecer
significativamente o património cultural e a identidade nacional
cabo-verdiana”, completou.
Os
trabalhos arqueológicos estão a ser realizados pelo IPC e pela Universidade de
Cambridge, em parceria com a Câmara Municipal de São Domingos, município onde
fica situado o sítio histórico, classificado como património nacional.
Esta
é a terceira escavação realizada na Baía de Alcatrazes, onde também funcionou
um dos mais antigos templos da África subsaariana, depois de Novembro de 2022 e
da primeira prospecção, em 2012, além de outros trabalhos arqueológicos
realizados pelo meio.
Em
Novembro de 2022, numa reportagem da Lusa, Christopher Evans, arqueólogo da
Universidade de Cambridge e que lidera a equipa de trabalhos, disse que foram
descobertos seis edifícios no local, onde os portugueses tiveram uma presença
por apenas cerca de 50 anos, de 1475 a 1525.
“E
isso significa que há dois aspectos que o tornam interessante. Uma delas é que
é muito importante em termos de artefactos, cerâmica, metais, todo o tipo de
coisa que encontramos, porque é um período muito curto e isso é importante.
Isso também significa que o local não é muito complicado”, explicou, na altura,
o investigador.
Localizada
na parte oriental da ilha de Santiago, a cerca de 30 quilómetros do centro da
cidade da Praia, Alcatrazes terá sido, segundo os historiadores, a segunda
povoação de Cabo Verde, desenvolvida em 1462, ao mesmo tempo que Ribeira Grande
de Santiago (hoje património da Humanidade), mas foi abandonada meio século
depois devido à aridez do local.
As
escavações acontecem a cerca de 200 metros da igreja católica, gótica, de Nossa
Senhora da Luz, datada de 1480, que será a segunda mais antiga da África
subsaariana, depois da Cidade Velha, e que foi totalmente reabilitada em 2020.
O
objectivo do IPC é transformar o local num centro interpretativo e num museu a
céu aberto, para mostrar a história de Cabo Verde desde a sua ocupação e
povoamento. In “Expresso das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”
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