Exposições realizadas em Portugal desde 2022 impulsionaram mais a carreira do pintor português Nelson Ferreira do que duas décadas a viver e a trabalhar em Londres, afirmou o artista, cujo trabalho foi reproduzido em cinema com sucesso
Nas
próximas semanas vai expor e dar aulas em Dhaka, capital do Bangladesh, em
Katmandu, Nepal, e em Jeddah, Arábia Saudita, este último um país para onde
vende muitas obras.
O
português também terá o seu trabalho presente no Festival de Cinema de Berlim
2024, em fevereiro, porque o realizador italiano Gianmarco Donaggio foi
selecionado como um dos talentos pela organização com base em vários dos seus
filmes, incluindo dois sobre exposições de Nelson Ferreira em Portugal.
O
artista plástico disse que “a carreira como pintor explodiu” em grande parte
graças à visibilidade e sucesso que teve em Portugal, onde desde 2022 expôs no
Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), em Lisboa, Mosteiro da Batalha,
Museu Soares dos Reis, no Porto, e Museu Condes de Castro Guimarães, em
Cascais.
“As
exposições em Portugal foram inesperadamente produtivas para mim”, afirmou à
agência Lusa, referindo que as mostras no Mosteiro da Batalha acumularam mais
de 260 mil espetadores.
Na
sua opinião, a popularidade de Portugal como destino turístico e de
investimento representa também um novo paradigma para os museus portugueses,
que têm o potencial de se tornarem instituições de referência internacional.
“Museus
que no passado eram periféricos hoje em dia, devido ao público internacional
que passa por Lisboa e pelo Porto, deixaram de ser periféricos, porque nós
nunca sabemos agora quem é o visitante que está ali, pode ser um curador do
Guggenheim, pode ser um príncipe saudita”, afirmou.
Nelson
Ferreira, de 45 anos, cresceu no Seixal e estudou pintura na Faculdade de Belas
Artes em Lisboa e na Escola de Artes Tradicionais da King’s Foundation, em
Londres [designada anteriormente por Prince’s Foundation], onde fez um
doutoramento.
Ao
longo dos anos especializou-se em iconografia e técnicas de pintura antigas
praticadas desde o século XV atá ao século XIX, e deu cursos nos museus
britânicos National Portrait Gallery, Saatchi Gallery e Victoria and Albert
Museum.
Apesar
de viver e trabalhar em Londres desde 2004, foi em Portugal que sentiu que a
carreira ganhou um novo impulso.
Durante
uma residência artística no MNAC, Gianmarco Donaggio viu-o a pintar no jardim
do museu e da conversa surgiu uma colaboração.
A
curta-metragem experimental, “Azul no Azul”, de seis minutos, foi realizada em
2022 e no ano seguinte os dois filmaram “Alba Nera” durante uma exposição no
Mosteiro da Batalha, onde o filme vai estrear em 01 de junho.
Os
filmes são “obras independentes”, baseadas nas suas pinturas, “mas com a
estética do Gianmarco, ou seja, é como estar a olhar para uma nova obra de
arte”.
“Quando
alguém é espelho do que nós fazemos, nós vemos facetas de nós próprios de que
não nos tínhamos apercebido. Quando eu olho para a obra do Gianmarco, vejo
coisas sobre mim que eu não tinha notado anteriormente”, disse. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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