O projecto cultural “Thambwé”, que visou a recuperação, valorização e divulgação do património musical Cokwe, encerrou, terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, com uma exposição fotográfica e de instrumentos musicais, que ficará patente até 19 de Março
Os
retratos patentes na mostra espelham os resultados alcançados pelo projecto
"Thambwé”, desde o mês de Março de 2022, ano em que foi implementado na
província da Lunda-Norte.
O
projecto conseguiu fazer a digitalização do fundo fonográfico do Museu Regional
do Dundo, criar uma escola de música tradicional e outra de construção de
instrumentos e apoiar músicos e artesões da região.
O
coordenador do projecto, David Lópes Sáez, de nacionalidade espanhola, explicou
que a digitalização e recuperação do fundo fonográfico do Museu Regional do
Dundo foi um dos resultados mais significativos do programa.
O
pesquisador referiu que o espólio do museu é constituído por gravações
realizadas em meados do século XX pela extinta Companhia de Diamantes de Angola
(Diamang).
Quanto
à criação da escola de música e de instrumentos, David Lópes Sáez garantiu que
a primeira vai conceder aos residentes locais aulas de canto, batuque, dança e
kisanji, enquanto a segunda vai garantir oportunidades de emprego na região.
"Estão
a ser capacitados 15 jovens para a aquisição de competências profissionais que
lhes permitam exercer um ofício nesta área, de forma a preservar e realçar,
simultaneamente, valores culturais significativos e em vias de extinção”,
assegurou.
David
Lópes Sáez disse que para a conclusão do trabalho, residiu durante algum tempo
na província da Lunda-Norte, o que lhe fez considerar a cultura Cokwe como uma
das mais ricas de Angola.
"A
primeira vez que ouvi falar desta cultura fiquei impressionado, por isso
sinto-me feliz por ajudar na preservação da mesma”, disse.
O
coordenador do projecto "Thambwé” frisou, igualmente, ser necessário
apoiar, ainda mais, a cultura Cokwe, de forma a que não entre em extinção. "No
tempo que permaneci no local, percebi que os músicos não têm incentivos, o mais
grave é que a maior parte dos jovens não conhece os instrumentos musicais, por
isso precisa-se de um trabalho intenso
de valorização”, frisou.
David
Lópes Sáez lamentou, igualmente, o estado do Museu Regional do Dundo,
sublinhando que o mesmo não funciona como deveria. "Em termos de
conservação das peças, fisicamente as mesmas estão deterioradas. Infelizmente
não existe um ambiente de trabalho”, disse.
O
projecto "Thambwé” foi uma acção gerida pelo Camões - Centro Cultural
Português, apoiado pela União Europeia, Embaixada de Espanha em Angola, Open
Earth Foundation e a Procultura, um programa que visa contribuir para o aumento
do emprego e o potencial gerador de rendimento do sector cultural nos Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.
Ministério da Cultura e Turismo recebe material
digitalizado
O
coordenador do projecto "Thambwé”, David Lópes Sáez, procedeu,
terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, à entrega do
conjunto total das músicas recuperadas e digitalizadas a Alice Beirão, que
recebeu em representação do ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau.
Alice
Beirão, que é consultora do ministro Filipe Zau, agradeceu aos responsáveis do
projecto "Thambwé” pelos resultados das pesquisas efectuadas permitir ao
povo angolano, a partir da digitalização, ter mais informações sobre a música
Cokwe e, igualmente, por possibilitar aos músicos e artesãos da região da
Lunda-Norte desenvolverem habilidades e capacidades através das aulas de canto,
batuque, dança e kisanji.
Por
outro lado, o embaixador de Espanha acreditado em Angola, Manuel Lejarreta,
considerou o "Thambwé” um projecto especial, por estar ligado ao sentido
de pertença do povo da Lunda-Norte.
O
diplomata espanhol afirmou, ainda, que a história do programa daria para um
romance, por, no final, causar fortes emoções a todos intervenientes.
A
actividade contou também com a presença do embaixador de Portugal em Angola,
Francisco Alegre Duarte, a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosária
Bento Pais, e o escritor Manuel Rui Monteiro, cujo nome foi atribuído ao Centro
Cultural do Huambo, inaugurado em Janeiro último pelo Presidente da República,
João Lourenço. Gil Vieira – Angola in “Jornal
de Angola”
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