Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Nuvem negra


 







Vamos aprender português, cantando

 

Nuvem negra

 

Tentei resolver mas dificultou,

tornou-se impossível porque já se passou.

eu disse a toda a gente que este dia nunca nunca viria,

mas meramente não se confirmou,

contava a toda a gente que nem estrias nem borbulhas havia

na pele em que esta ferida se instalou.

 

A mão que fica sem polegar não se agarra

fica impossível de agarrar seja o que for.

E em todo o seu esplendor,

chega insuflada, pelo céu traz a chuvada,

ninguém escapa à sombra escura desta nuvem,

 

Nuvem negra,

nuvem carregada,

emancipada, aparecida p’la calada.

Nuvem negra, mãe desta chuvada,

nascida a meio do Verão.

 

Resta saber o que acontece agora,

qual dos nossos sonhos vai ficar de fora?

Foi posto um prato à mesa a mais, e mais comida fervia,

onde eras tu ninguém se vem sentar,

e é com toda a franqueza que, até ver chegar a clara do dia,

o plano é só sorrir e acenar.  

 

A mão que fica sem polegar não se agarra

fica impossível de agarrar seja o que for.

E com todo o seu vigor,

fica prostrada até bater esta pancada

ninguém escapa à sombra escura desta nuvem,

 

Nuvem negra,

nuvem carregada,

emancipada, aparecida p’la calada.

Nuvem negra, mãe desta chuvada,

que ao ir embora quase que levavas outro irmão.

 

É p’ra melhor se mal aqui tu estavas,

não há melhor razão p’ra querer partir,

vais à procura do que mais amavas,

mas ficas perto, não nos vamos despedir.

 

É p’ra melhor se mal aqui tu estavas,

não há melhor razão p’ra querer partir,

vais à procura do que mais amavas,

mas ficas perto, não nos vamos despedir.

 

É p’ra melhor se mal aqui tu estavas,

não há melhor razão p’ra querer partir,

vais à procura do que mais amavas,

mas fica esperto, não nos vamos despedir.

 

Capitão Fausto – Portugal


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