“Lisboa,
menina e moça”, “Os putos”, “Canoas do tejo” são algumas das músicas
eternizadas por Carlos do Carmo, fadista que faleceu neste primeiro dia do ano
de 2021. Figura incontornável do fado e da música em geral, Carlos do Carmo
deixa um enorme legado na memória de todos. Nesta hora, a UCCLA expressa as
mais sentidas condolências à família.
O Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho, escreveu a
seguinte nota:
Como
é do domínio público, Carlos do Carmo deixou definitivamente de cantar no
primeiro dia deste novo ano de 2021. Isso não significa que a sua voz tenha
deixado de ser ouvida como uma referência cultural incontornável do povo
português. Ao tê-lo presente aqui e agora não poderia deixar que, nesta hora,
deixássemos de refletir que o fado, que interpretou de forma invulgar, é
resultado direto do encontro secular de culturas dos povos de língua oficial
portuguesa tal como o é a morna ou o samba para além de outras formas de canto
dos nossos povos.
É
obrigação da UCCLA recordar esta realidade neste mundo hoje cada vez mais
global, relevando o facto da própria afirmação de Portugal no mundo ter como
instrumento privilegiado a lusofonia. Carlos do Carmo foi neste sentido um
herói da cultura porque a cultura tem os seus heróis e Carlos do Carmo é um
deles.
O
melómano brasileiro José Ramos Tinhorão refletiu, como poucos, o facto das
expressões musicais dos nossos povos, e entre elas o fado, terem sido resultado
desses encontros seculares de cultura na obra recentemente reeditada em
Portugal “Os negros em Portugal, uma presença silenciosa” de leitura
obrigatória nesta data em que Carlos do Carmo nos deixou.
Tive
o privilégio de o conhecer há muitos anos e o nosso primeiro contacto teve
exatamente a ver com o encontro de culturas dos nossos povos e a expressão
desse encontro na música.
A
grandeza de Carlos do Carmo está para além e muito para além das fronteiras de
Portugal.
À
sua família e em especial à sua mulher e filho vão as mais sentidas
condolências da minha pessoa e da UCCLA.
Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.
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