A
paisagem cultural de Sintra, o centro histórico do Porto e o Mosteiro de
Alcobaça foram incluídos no mais recente Relatório Mundial sobre Monumentos e
Sítios em Perigo, publicado em 2020, pelo conselho internacional dedicado ao
património.
A
construção de um hotel de cinco estrelas na zona da Gandarinha, em Sintra, a
instalação de outro hotel em espaços pertencentes ao Mosteiro de Santa Maria de
Alcobaça e projetos na área da restauração da estação de São Bento, no Porto,
são casos citados, que sustentam os alertas de risco, baseados sobretudo na
falta de observação das diretrizes da Convenção do Património Mundial.
Os
dados sobre Portugal constam do “Relatório do Património Mundial em Risco
2016-2019”, do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla
em inglês), que aborda a situação em 23 países.
O
documento é publicado regularmente há vinte anos, com o objetivo de chamar a
atenção para os monumentos e paisagens culturais em perigo por causas naturais
e humanas.
Neste
mais recente relatório, com base em informação das representações dos comités
científicos nacionais do ICOMOS, de especialistas individuais e do programa
europeu Europa Nostra, são descritos casos de monumentos em perigo em países
como Albânia, Alemanha, Austrália, Áustria, Bulgária, Eslovênia, Espanha,
Estados Unidos, Finlândia, França, Índia, Kosovo, México, Nepal, Países Baixos,
Peru, República Checa, Romênia, Turquia.
No
caso de Portugal, o relatório conclui que as ameaças ao Património Mundial se
devem à “falta de aplicação de legislação nacional e de recomendações
internacionais”, e à “falta de observação das diretrizes da Convenção do Património
Mundial”.
São
citados os casos da construção de um hotel de cinco estrelas na zona da
Gandarinha, em Sintra, o hotel de luxo em instalação no Mosteiro de Santa Maria
de Alcobaça, projetos de conversão em curso na área da restauração na estação
de São Bento, na zona histórica do Porto, “antes de serem submetidos às
autoridades competentes, e outros submetidos e aprovados pelas autoridades
locais sem terem em conta as recomendações internacionais”.
“As
entidades responsáveis – gerentes, autarquias, administração regional e central
– deveriam respeitar mais as recomendações para assegurar a proteção do
patrimônio”, aponta o documento do ICOMOS, acrescentando que a análise
apresentada “não é exaustiva, e é baseada em dados dos projetos arquitetónicos
e observações no local”.
A
organização adverte, por isso, para a “necessidade de uma avaliação mais
detalhada do estado de conservação dos monumentos e sítios”.
“Se,
a curto prazo, não forem tomadas medidas de emergência, o mesmo tipo de
intervenções arbitrárias irá continuar, com um esperado aumento de efeitos
negativos”, alerta.
Os
três bens patrimoniais em causa estão inscritos na Lista do Património Mundial
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO).
O
relatório chama ainda a atenção, no período entre 2016 e 2019, para situações
noutros países, como a alteração de fachadas históricas em edifícios nos Países
Baixos, as ameaças aos conjuntos de arte gótica em Bombaim, na Índia, e a
alteração de interiores de catedrais e abandono de antigas sinagogas em Berlim,
na Alemanha.
No
documento, publicado em 2020, o presidente do ICOMOS, Toshiyuki Kono, faz já um
alerta sobre o potencial destrutivo do vírus da covid-19: “Estamos todos a
lidar com um desastre sem precedentes. Os impactos desta pandemia podem durar
muito tempo, porque afetam todas as atividades. Para identificar como a
pandemia pode afetar o patrimônio cultural e a sua conservação, pusemos em
marcha um inquérito em larga escala”, anuncia, que mobiliza a organização e as
suas secções.
O
ICOMOS, organização não governamental fundada em 1965, com sede em Paris,
França, funciona como órgão consultivo para o Património Cultural Mundial na
UNESCO, desde 1972.
Tem
como missão internacional, a conservação do património cultural – monumentos,
conjuntos e sítios – nas suas dimensões tangíveis e intangíveis.
O
ICOMOS (International Council of Monuments and Sites) é responsável pela “Carta
de Veneza” (Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos),
criada em 1964, e várias outras recomendações neste domínio do patrimônio
cultural, promovendo a sua divulgação, a adoção e a aplicação de convenções e
textos normativos.
O
conselho de administração do ICOMOS – Portugal, secção portuguesa, é presidido
pela arquiteta Soraya Genin. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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