Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 10 de janeiro de 2021

Dia Feliz








Vamos aprender português, cantando

 

Dia Feliz

 

Quando levo a mão à porta

vou sem qualquer emoção

feito natureza morta

passo a passo em sucessão

 

Mas que maneira de estar

a ver navios a passar

à espera de uma hora nova

ou de desculpa para voltar

 

Hoje foi um dia feliz

tratei o que tinha a tratar

voltei de onde tinha de vir

Hoje foi um dia feliz

nada de novo a relatar

E então, como foi para ti?

O dia feliz

 

Levo um aperto no peito

para isso é que eu andei na escola

primeiro aprender o conceito

mais tempo até saltar a mola

 

Mas que maneira de estar

a ver os dias a passar

heróis do quotidiano

ou marinheiros de outro mar

 

Hoje foi um dia feliz

tratei o que tinha a tratar

voltei de onde tinha de vir

hoje foi um dia feliz

nada de novo a relatar

então, como foi para ti?

O dia feliz

 

Hoje foi um dia feliz

tratei o que tinha a tratar

voltei de onde tinha de vir

hoje foi um dia feliz

nada de novo a relatar

então, como foi para ti?

O dia feliz

 

Glockenwise – Portugal

Nuno Rodrigues - Portugal

Rafael Ferreira - Portugal

Rui Fiúza - Portugal 




«O “Dia Feliz” é um retorno à presença sem representação. No “Moderno” todos os elementos eram representativos da imagem da banda através da ideia do plástico em diferentes vertentes e, nesse sentido, operativos para a construção dessa imagem. No “Dia Feliz” há também a imagem de um personagem, mas para a qual a questão da identidade e representação fica estanque, simbolizada pela fixação da expressão facial da máscara de latex, ficando o corpo operativo na sua relação com outros elementos orgânicos. Há a procura de uma presença horizontal entre todos os elementos em que Vento, Lago, Pano, Rocha, Pedra, Corpo, Fato, Azul, são estruturas paralelas. A acção do corpo é destituída de intenções produtivas em que o movimento com intenção, como fazer uma pirueta, dobrar um casaco ou ajoelhar, são memórias corpóreas do lugar urbano, do lugar estéril (em que o ser moderno se concretiza). A ponte com esse outro lugar antitético existe no casaco azul, elemento ícone desta narrativa, agora vestido sobre o tronco nu do protagonista, levado pelo corpo para se tornar objecto flutuante, destituído da sua função formal ou estética. A edição e escolha de efeitos sobre a imagem estruturam a diluição entre todos os elementos. No Dia Feliz não existe contemplação, existe presença transversal.» - Francisca Marques


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