"Covi, o pequeno coronavírus" é o livro
infantil que explica a covid-19 aos mais pequenos, em português
A pandemia
do novo coronavírus afetou o quotidiano das famílias em todo o mundo e muitos
hábitos diários tiveram de ser alterados. Pais e filhos passaram a conviver
mais tempo e, em alguns casos como na família da Maite, isso resultou numa
oportunidade para criar algo em conjunto.
A
história da Maite começa cedo. A menina de oito anos deverá ficar na história
do Luxemburgo como a autora mais jovem de um livro. E tudo por causa da
covid-19. No primeiro confinamento, em março de 2020, começou a fazer as
perguntas mais recorrentes. De onde veio o novo coronavírus? O que é a pandemia?
O que faz o vírus? Para uma criança com menos de 10 anos - tal como para os
cidadãos em geral - esta é uma realidade completamente nova.
A
mãe, Pascale Engel, doutorada em psicologia infantil e investigadora na
Universidade do Luxemburgo, percebeu que não havia literatura onde se apoiar
para responder à filha. "Não há material educacional para crianças
pequenas sobre isto", conta ao Contacto.
É
aí que Maite decide colocar mãos (e canetas) à obra para criar um livro sobre o
vírus. A ideia não é tão inusitada uma vez que Maite tem a forte influência do
pai, Carlos Tourinho de Abreu, escritor brasileiro. Seguindo as pisadas do pai,
decidiu criar algo que pudesse ajudar os outros meninos da sua idade.
E
é assim que nasce o livro infantil "Covi, o pequeno coronavírus".
"Covi não é uma história de fantasia que conta as aventuras de um
homenzinho verde escolhido ao acaso. O livro de Maite contém uma mensagem:
explicar às crianças o que fez com que nossas vidas e nosso mundo mudassem tão
drasticamente no decorrer de alguns meses", explica a mãe, que criou o
conceito do livro e ajudou com o texto. O que são anticorpos? Como não ficar
doente? Ou, como prevenir infeções é explicado de forma a que os mais pequenos
consigam entender.
Foi
um trabalho de equipa. A mãe encarregou-se do texto e a pequena tratou da
ilustração. Quando não sabia como ilustrar algo mais difícil, procurava na
internet para ter uma ideia. Como um microscópio, por exemplo, que na história
é usado para explicar às crianças que o vírus não pode ser visto a olho nu.
O
livro foi revisto pelo virologista Claude Muller, do Instituto de Saúde de
Luxemburgo (LIH, na sigla inglesa), que fez "alguns ajustes, como
adicionar uma parte sobre vacinação", lembra Pascale. Também tinham
escrito que o vírus iria embora a qualquer momento e foi Muller que as alertou
para o perigo dessa mensagem. "Disse-nos para termos cuidado porque não
podemos dizer que o vírus realmente vai desaparecer por completo".
Mais
tarde, o pai de Maite editou o livro e adaptou-o para português, para além do
luxemburguês. Inicialmente, era apenas uma lembrança para a família. Como o
primeiro "livro de verdade" de Maite. No entanto, começou a surgir
interesse pela publicação e está agora disponível na Amazon em seis línguas:
português, luxemburguês, alemão, francês, inglês e polaco. Nada mau para uma
menina que 'apenas' gosta de pintar.
Os
pais estão orgulhosos com o feito da pequena. A mãe diz-se orgulhosa de Maite e
de todo o processo que acabou por unir a família durante o confinamento. Já o
pai espera que o livro ajude outras crianças a entender melhor o novo
coronavírus e a suportar estes tempos difíceis com menos receios. Ana
Cardoso – Luxemburgo in “Contacto”
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