O Zoo de Lourosa, em Santa Maria da Feira, vai liderar um
programa internacional apostado em aumentar a população selvagem do calau de
casco cinzento, revelou o único parque ornitológico do país a propósito dessa
ave ameaçada
O
projeto envolve outras cinco instituições inscritas na Associação Europeia de
Zoos e Aquários (EAZA), que escolheu o parque do distrito de Aveiro para
coordenar a gestão em cativeiro das populações do calau da espécie ‘Ceratogymna
atrata’, que é nativa das florestas do Centro-Este africano, está pouco
identificada no seu habitat natural e integra a lista do Programa Europeu de
Espécies Ameaçadas – também conhecido como “EAZA Ex-situ Programme”.
Como
o Zoo de Lourosa tem vindo a monitorizar desde 2016 vários indivíduos dessa
espécie, foi em 2020 convidado pela EAZA para aplicar a sua experiência na
coordenação de um programa envolvendo outros 10 parques em território europeu.
“Dentro
da EAZA existem 30 aves desta espécie de calau em cativeiro, mas poucos zoos
têm conseguido a sua reprodução. Como o de Lourosa é dos poucos a nível mundial
a ter sucesso reprodutivo com esta espécie e já monitoriza a respetiva
população há alguns anos, foi proposto que ficássemos nós a coordenar o
programa e o Comité Europeu de Espécies Ameaçadas confiou-nos essa
responsabilidade”, explicou à Lusa Salomé Tavares, diretora da estrutura
portuguesa.
O
trabalho com o calau ‘Ceratogymna atrata’ será supervisionado pela curadora
Andreia Pinto, e visa estudar o verdadeiro estatuto da espécie em estado
selvagem com vista a travar “o decréscimo significativo da sua população devido
ao tráfico”.
O
projeto irá assim implicar investigação demográfica e genética, assim como
“partilha de informação entre as várias instituições envolvidas”, no que a
intenção é “manter elevados padrões de maneio da espécie em cativeiro e criar
condições para que se reproduza com sucesso”.
Salomé
Tavares realça que também cabe à equipa do Zoo de Lourosa “localizar potenciais
futuros participantes no programa e fazer recomendações sobre a colocação dos
descendentes da espécie, com o intuito de manter a sua diversidade genética”.
Em
2016 existiam apenas 13 calaus de casco negro em seis zoos membros da EAZA,
mas, graças ao “sucesso pioneiro” do zoo da Feira na reprodução da espécie, os
indivíduos mais jovens foram confiados a outras instituições europeias e
atualmente a população da ‘Ceratogymna atrata’ aumentou para 30 aves
distribuídas por 11 parques.
A
primeira cria de calau de casco cinzento concebida em Lourosa nasceu em 2009.
Já a ave mais jovem da espécie a juntar-se a essa família terá agora entre
quatro a seis meses.
A
sua idade exata é desconhecida porque, embora se tenha ouvido “uma cria a piar
em julho, a mãe manteve-a selada no ninho durante algum tempo, como é típico
dos calaus, e só em outubro a deixou sair pela primeira vez”.
Nessa
altura, recorda Salomé Tavares, foi dupla a surpresa: “Contávamos só com uma
cria, mas afinal eram duas”.
O
Zoo de Lourosa abriu oficialmente as suas portas ao público em outubro de 1990,
sendo nessa altura propriedade de um particular.
Em
2000 o espaço foi adquirido pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que
impôs ao local as normas comunitárias relativas à exposição de animais ao
público.
Após
algumas obras de remodelação, a reabertura do parque aconteceu em 2001, sendo
que hoje o Zoo conta com cerca de 500 aves de 150 espécies diferentes, muitas
delas raras ou ameaçadas de extinção. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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