Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Macau - Pelos trilhos de Coloane em época de confinamento

“Unnoticeable Objects” é o título da exposição individual do arquitecto Francisco Ricarte, que procura olhar para objectos “aparentemente simples, quer naturais, quer produzidos pelo ser humano”, e que existem nos trilhos da natureza de Macau, mais precisamente em Coloane. Os trabalhos estão patentes no café Terra – Drip Bar, no bairro da Areia Preta, até final deste mês



“Esta ideia surgiu devido a um convite da Associação Dialect, que é vocacionada para a fotografia”, começou por explicar Francisco Ricarte ao Ponto Final, acrescentando que estarão expostas nove fotografias da sua autoria em “Unnoticeable Objects”.

A exposição encontra-se patente no café Terra – Drip Bar, localizado no bairro da Areia Preta. “Este café tem exposições com uma certa regularidade, então, quando surgiu o convite para organizar, preparei este tema sobre os percursos pedonais de Coloane e a visão desses recursos nesta época particular, em que nós estamos confinados aos percursos pedonais se queremos contactar com a natureza. Nesse sentido propus este projecto, que eles gostaram e aderiram,” explicou o arquitecto sediado em Macau.

Francisco Ricarte referiu que teve a oportunidade de fazer uma espécie de apresentação prévia na Pin-to Books sobre este projecto e outros em que está envolvido. “Fiquei contente com o convite, pois a minha última exposição individual foi em 2018 e esteve tudo muito bem organizado pela associação, que preparou tudo”, disse ao Ponto Final. “É um projecto engraçado porque está mais próximo das pessoas que noutras circunstâncias não iriam a exposições assim tão formais. Assim, pelo menos há o usufruto do café, e também estão com uma realidade que os aproxima da natureza de Macau através do meu projecto”, prosseguiu.

O café, segundo o fotógrafo, situa-se num edifício novo, inserido num complexo habitacional alto. “É num bairro que tem alta densidade e não tem assim tantos espaços verdes, e sob esse ponto de vista também pensei que seria interessante até pelo próprio local”, aponta o autor do projecto, explicando que pensou que a iniciativa poderia ser quase como um convite aos residentes da Areia Preta e, ao mesmo tempo, ser uma chamada a atenção para estes espaços verdes, da natureza e dos trilhos, com “elementos singulares e singelos” que foram aqui, através das fotografias expostas, identificados, segundo o artista.

“São, ao todo, nove fotografias, na maioria de formato quadrangular, excepto uma que é rectangular para marcar a capa e a apresentação da exposição”, refere. “Agrada-me muito porque é um projecto consistente que se baseia num tema e que tem uma paleta de cores que é também proporcionalmente uniforme, e nesse sentido deu-me muito gosto preparar e estar em exibição e em exposição desta forma também informal”, assinala.

Quando questionado sobre o porquê de ter escolhido esses trilhos específicos, o autor contou que há um que gosta particularmente. “Fica olhando para o mar, para quem está em Hac Sá, do lado direito, onde há uma colina. Há aí um trilho que eu considero muito agradável e que é de fácil acesso, e depois há um trilho maior que é aquele trilho que vai à volta, passa a montante da barragem e da albufeira de Hac Sá”, explicou.

Em relação à sua inspiração pessoal para o tema, aponta: “Eu acho que é uma coisa fundamental a pessoa usufruir dos espaços naturais e naturalizados que Macau dispõe, e é uma coisa que também me chamou a atenção, os pequenos objectos, as pequenas pedras e pequenos bancos de jardim, de repouso, que não têm grande presença, mas que, ao mesmo tempo, são referências e são marcos da própria identidade do trilho”, disse Ricarte, adiantando que considera importante chamar a atenção para o significado do papel da natureza no contexto urbano em Macau, “uma cidade super povoada e densificada em que temos a sorte de ter estes pequenos recantos que não são tão evidentes, mas que também são importantes para serem usufruídos pelos cidadãos de Macau, ainda por cima agora nesta altura que estamos confinados a um território de que não podemos sair”, concluiu. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”

Joanachantre.pontofinal@gmail.com


Sem comentários:

Enviar um comentário