A Comissão de Desenvolvimento de Talentos desenvolveu um
inquérito cujos resultados foram revelados ontem e indicam que 63% dos quadros
qualificados locais que estão no exterior querem voltar a Macau. Assim, a
comissão aconselha a que sejam implementadas políticas que permitam o regresso
dos talentos à região
Foram
ontem dadas a conhecer as conclusões do inquérito realizado pela Comissão de
Desenvolvimento de Talentos no ano passado sobre os desafios do regresso a
Macau dos quadros qualificados. O inquérito foi enviado a 822 quadros
qualificados, mas apenas 314 responderam. Destes, 199 indicaram que querem
voltar a Macau, o que representa uma percentagem de 63%. Por outro lado, 115
quadros qualificados no estrangeiro não querem voltar a Macau, ou seja, 37% dos
inquiridos.
O
inquérito foi respondido por residentes de Macau espalhados por Hong Kong,
interior da China, Taiwan, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá,
Japão e Portugal. A maioria é portadora de bacharelato, mas responderam também
jovens com mestrado e doutoramento.
Nas
conclusões, a Comissão de Desenvolvimento de Talentos indica que, além de a
maioria dos inquiridos querer voltar, são essencialmente os mais jovens que
manifestam um maior desejo em regressar a Macau, embora dispondo de pouca
experiência profissional.
O
desenvolvimento da carreira pessoal constitui um factor determinante para o
eventual regresso a Macau, indica o inquérito, acrescentando que o aspecto que
reduz a vontade de os quadros qualificados de voltarem ao território tem a ver
com o facto de várias formalidades administrativas só poderem ser tratadas após
o regresso.
À
luz das conclusões do inquérito, a Comissão de Desenvolvimento de Talentos
deixa algumas recomendações. “Tendo em vista os obstáculos enfrentados pelas
pessoas de meia-idade no regresso, recomenda-se a implementação de políticas
correspondentes favoráveis ao regresso”, lê-se no documento, que acrescenta: “O
Governo da RAEM está a proceder, com empenho, à elaboração do Regime de
‘Introdução de talentos de alta qualidade’, estes, por sua vez, ao equacionarem
a emigração para Macau, terão, necessariamente, de lidar com as questões
relativas à forma de acomodar os familiares acompanhantes”.
A
comissão sugere também a publicitação e o alargamento dos critérios que regem o
reconhecimento da credenciação; a articulação, quanto antes, com as
instituições competentes nacionais ou internacionais; a prestação do serviço de
pedido à distância do registo de habilitação profissional e acreditação; e o
tratamento flexível dos pedidos das pessoas que reúnem requisitos específicos.
“O
Governo da RAEM poderá recorrer às políticas, ao encorajamento da cooperação
entre empresas/empreendedores locais e os da Grande Baía, à promoção de um
desenvolvimento diversificado, no sentido de criar cargos de elite e atrair,
consequentemente, talentos de Macau, que se encontram no exterior, para
participarem no desenvolvimento da Grande Baía”, propõe ainda a Comissão de
Desenvolvimento de Talentos.
Por
fim, é sugerido que, no que diz respeito às questões administrativas com que as
pessoas que desejam regressar a Macau são confrontadas, “recomenda-se ao
Secretariado da Comissão, a constituição, em conjunto com todos os serviços
públicos envolvidos, de um grupo de coordenação, para as ajudar a resolver
dificuldades”. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário