Os Diretores regionais de sete agência visitaram a
província para avaliar as necessidades humanitárias, mais de 565 mil pessoas
fugiram das suas casas e aldeias desde que os ataques de grupos armados não
estatais começaram em 2017
As
Nações Unidas estão profundamente preocupadas com o agravamento da crise
humanitária e a escalada da violência que forçou milhares a abandonar as suas
casas e lugares na província de Cabo Delgado, em Moçambique.
De
acordo com o governo, mais de 565 mil pessoas fugiram das suas casas e aldeias
desde que os ataques de grupos armados não estatais começaram em 2017.
Missão
Esta
quarta-feira, os diretores regionais de várias agências da ONU* falaram a
jornalistas, de forma virtual, sobre as conclusões de uma missão conjunta que
aconteceu em dezembro.
Em
comunicado, eles disseram que a visita permitiu testemunhar o impacto da
violência e mostrar apoio às comunidades afetadas e ao povo moçambicano.
Na
visita, os diretores avaliaram a situação e as necessidades das populações
deslocadas, bem como das comunidades anfitriãs, e encontraram-se com
funcionários do governo em Maputo.
Eles
expressaram profundas preocupações, afirmando que o conflito e a violência
deixaram as pessoas sujeitas a violações dos direitos humanos e com o acesso
muito limitado a alimentos e meios de subsistência.
A
crescente insegurança e a infraestrutura deficiente tornaram mais difícil
chegar às pessoas necessitadas. Com a pandemia de Covid-19, a crise ficou ainda
mais complexa.
Encontros
Os
representantes ouviram relatos comoventes de homens, mulheres e crianças
deslocados na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, e nos distritos de
Ancuabe e Chiúre.
Eles
também se encontraram com comunidades de acolhimento, visitaram áreas de
reassentamento e reuniram com o governador provincial e o secretário de Estado,
bem como com líderes religiosos e representantes de organizações civis.
Em
Maputo, eles se encontraram com funcionários do governo e dos parceiros de
desenvolvimento.
Segundo
os diretores, esta é uma emergência complexa de segurança, direitos humanos,
humanitária e de desenvolvimento, que destaca a necessidade de assistência e
apoio à construção de resiliência de longo prazo liderada pelo governo.
Alteração climática
A
falta de alimentação adequada, água, saneamento, abrigo, saúde, proteção e
educação agrava uma situação considerada terrível. A iminente estação das
chuvas também é um risco, num país sujeito a choques climáticos extremos, como
aconteceu em 2019 com os ciclones Idai e Kenneth.
Em
dezembro, a tempestade tropical Chalane atingiu as mesmas populações afetadas
pelo Idai. Em comunicado, os diretores dizem que “foi um lembrete severo da
ameaça climática que os moçambicanos enfrentam e da urgência de aumentar
massivamente os investimentos em recuperação e resiliência.”
Com
a pandemia mantendo a maioria das escolas fechadas, eles destacam a importância
do investimento na educação.
Apelos
Os
representantes pediram uma expansão urgente dos programas de proteção, saúde,
alimentação e nutrição, bem como intervenções de vacinação e imunização e
aconselhamento psicossocial. Também realçaram a necessidade de ajudar
agricultores e pescadores a restabelecer os seus meios de subsistência.
Os
diretores pediram ainda apoio para o reassentamento destas famílias.
Investimentos são necessários para promover os direitos humanos e a justiça
social, mas também para limitar o impacto de crises atuais e futuras.
Para
conter o extremismo violento, eles apelaram a iniciativas de desenvolvimento
transnacionais que priorizem o empoderamento económico e a inclusão social e
política de mulheres e jovens.
Os
representantes pediram ainda que o governo e a comunidade internacional
intensifiquem esforços para acabar com todas as formas de violência, incluindo
a violência baseada no género e o casamento infantil, investindo mais nas
mulheres e meninas como agentes de progresso e mudança.
Para terminar, os diretores regionais agradeceram o apoio do governo e reafirmaram o compromisso da ONU com a defesa dos direitos humanos e a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável para todos os moçambicanos. ONU News – Nações Unidas
*Participaram na missão os representantes da Organização
da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, Fundo Internacional de
Desenvolvimento Agrícola das Nações Unidas, Ifad, IFAD, Organização
Internacional para Migrações, OIM, Fundo da ONU para a População, Unfpa,
Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Programa Mundial de Alimentos, PMA, bem
como o Gestor do Centro de Resiliência do Programa da ONU para o
Desenvolvimento, Pnud, e membros da Equipa da ONU no país.
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