Economista guineense Carlos Lopes enaltece o civismo
demonstrado pelos eleitores guineenses
Bissau
– O economista guineense Carlos Lopes disse quarta-feira que os dois candidatos
que vão disputar a segunda volta das Presidenciais na Guiné-Bissau devem fazer
um esforço para ter um apelo nacional e não um apelo étnico, religioso e
regional.
Segundo
a Comissão Nacional de Eleições, Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e Umaro Sissoco
Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), vão
disputar a segunda volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau.
Domingos
Simões Pereira foi o candidato que obteve maior percentagem de votos, 40,13%,
enquanto Umaro Sissoco Embalo obteve 27,65% dos votos.
Os
resultados não surpreenderam Carlos Lopes que enalteceu e felicitou “o civismo
demonstrado pelos guineenses e um pouco em contradição com o ambiente de alguma
hostilidade da parte de uma camada de candidatos presentes que utilizaram um
discurso de ódio e de hostilidade e desqualificação dos oponentes”.
“A
Guiné Bissau viveu durante bastante tempo uma crise intensa e precisa de
transformação. Os guineenses demonstraram que havia um comportamento cível que
eu espero que se reproduza também na segunda volta”, prosseguiu o antigo
assessor de Kofi Annan nas Nações Unidas, que atualmente leciona na África do
Sul.
Segundo
o académico, “do ponto de vista da matemática eleitoral era difícil que
qualquer dos candidatos pudesse alcançar a vitória na primeira volta, tendo em
conta os partidos que os apoiam e tendo por base o cálculo das últimas
legislativas”.
Em
relação à segunda volta, Carlos Lopes disse que os dois candidatos “têm de
fazer um esforço para ter um apelo nacional e não um apelo étnico, religioso,
regional”.
E
acrescentou: “Têm de ter um discurso pacífico e preponente”.
Assumido
apoiante de Domingos Simões Pereira, por considerar que este “tem um projeto
com cabeça, tronco e membros”, O economista referiu que a Guiné-Bissau tem
atualmente “características de um estado que não consegue fazer aquilo que
chamamos de reprodução económica normal, precisa de muletas.
Para
sair desta situação, prosseguiu, é preciso “uma proposta de transformação do
país que tenha reflexo nas instituições da República, entre as quais a
Presidência da República”.
A
taxa de abstenção destas eleições, que se realizaram domingo, foi a mais
elevada desde, pelo menos, 2005, situando-se nos 25,63%.
O
Presidente cessante, José Mário Vaz, falhou a reeleição, sendo o quarto mais
votado, com 12,41% dos votos.
O
ex-chefe de Estado ficou atrás do candidato apoiado pela Assembleia do Povo Unido
– Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e pelo Partido da Renovação
Social (PRS), Nuno Nabian, que conseguiu 13,16% dos votos.
Em
quinto lugar ficou o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que conseguiu
2,66%, seguido de Baciro Djá, com 1,28%.
Os
restantes seis candidatos ficaram abaixo de 1%: Vicente Fernandes (0,77%),
Mamadu Iaia Djaló (0,51%), Idriça Djaló (0,46%), Mutaro Intai Djabi (0,43%),
Gabriel Fernando Indi (0,36%) e António Afonso Té (0,19%).
Segundo
o cronograma eleitoral para as eleições presidenciais da Comissão Nacional de
Eleições, a segunda volta vai realizar-se em 29 de dezembro. In “Agência
de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”
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