Mais
um livro de Aldino Muianga. “Os Funerais de Mubengane” é o 16º título do
autor que se estreou em livro lá vão 32 anos. A cerimónia de lançamento da obra
constituída por oito contos vai realizar-se às 18 horas da próxima sexta-feira,
22 de Novembro de 2019, no Auditório do BCI, na cidade de Maputo.
“Os
Funerais de Mubengane” é, de acordo com o autor, um volume singular, quer
do ponto de vista criativo, quer pelos eventos que se registaram até à
definição da data de lançamento. No primeiro caso, alguns contos que compõem o
livro deveriam fazer parte de um outro já publicado, intitulado “A
Metamorfose e outros contos”. A ideia de Muianga era reeditar aquela
colectânea, refrescando-a com novas narrativas. “A razão de produzir uma
reedição da Metamorfose foi que se tratava de um livro cuja tiragem não
ultrapassou os 50-60 exemplares. Portanto, era um projecto que se ficou pelo
meio, inacabado por assim dizer”, explicou Aldino Muianga. No entanto, o editor
de “Os Funerais de Mubengane” entendeu que alguns contos do livro
possuem um valor próprio, que se não enquadram na linha da Metamorfose. Daí,
então, o escritor convenceu-se que seria boa ideia produzir um livro com contos
todos inéditos.
Não
obstante, depois de decidir publicar uma nova obra literária, Aldino Muianga
revela que teve alguns enguiços: “Houve ocasiões em que ‘acreditei’ que este
projecto fora vítima de algum esconjuro. Acho que o título do livro nos
perseguia. Por razões diversas, aliás, bem justificadas, o lançamento foi
adiado... três vezes! Não imagina o desalento e a frustração! Por fim, já
‘desconjurados’, levámos o processo avante e a obra cá está, disponível ao
público leitor que, creio, nele achará novos e diferentes encantos”.
Como
é habitual na escrita deste escritor, as histórias dos contos de “Os Funerais
de Mubengane” passam-se em espaços rurais ou em suburbanos. O autor explica
que esses micro-cosmos possuem a sua própria história, vivem o quotidiano a seu
modo particular, têm os seus conflitos inter-individuais, familiares e sociais,
que se representam de diferentes modos na sua interpretação e resolução. E
sublinha: “É aí onde busco e encontro a inspiração para registar as histórias.
Estas constituem o meu modo, muito pessoal, de compreender o universo onde o
cidadão suburbano ou do meio rural gravita. O que me seduz ao escrever sobre a
vida naqueles meios é porque também considero que o que faço é um registo da
História dessas comunidades. Longe de mim a audácia de querer substituir os
historiadores! Entre nós existem poucas obras que se debruçam sobre os temas
desta natureza. Este é o meu modesto contributo para divulgar essa parte
obscura e ignorada das dinâmicas da vida nos meios a que já me referi”.
Nos
contos que compõem “Os Funerais de Mubengane”, Muianga procurou conferir
um cunho moralizante e didáctico às mensagens, porque, actualmente, vive-se num
universo com desnorteamentos, a braços com uma gritante desintegração de
valores morais, com cidadãos sonâmbulos sem fé em si próprios, sem futuro por
vislumbrar. Então as narrativas são um convite para uma reflexão sobre o estado
presente da moralidade e também para um esforço colectivo de concertação das
mentalidades.
Aldino
Muianga considera-se um indivíduo alegre e extrovertido, o que se reflecte na
sua escrita. Também por isso, as fases de criação e de “gestação” do autor são
longas. Neste caso em particular, o escritor levou dois anos a trabalhar em “Os
Funerais de Mubengane”.
A confiança na Cavalo do Mar
“Os
Funerais de Mubengane” é o segundo livro de Aldino Muianga publicado sob a
chancela da Cavalo do Mar – nesta editora estrou-se com o romance “Asas
quebradas”. Tal facto volta a ocorrer porque o escritor tem absoluta
confiança na nova editora. “Admiro o entusiasmo dos jovens que estão à sua
frente. São positivamente ambiciosos e têm uma visão moderna sobre as políticas
editoriais. Outro factor que me encoraja a publicar com eles é a sua capacidade
de comunicação. A relação autor-editor é decisiva neste tipo de actividade. Na
Cavalo do Mar encontro esse acolhimento, existe espaço para uma interação, para
intercâmbio de ideias e de sugestões, com vantagens mútuas e, obviamente,
ganhos para o leitor em geral. Têm o futuro à sua frente”.
Já
em relação ao que os seus leitores devem encontrar no livro, Muianga lembra que
a interpretação de um texto literário é puramente subjectiva. “A leitura destes
contos é um ponto de partida para uma digressão pelo imaginário de cada um que
pode tomar vários sentidos. Deixo ao alto e informado critério do leitor fazer
as suas apreciações que, desde já, acolho com gratidão e humildade. Que cada um
encontre em “Os Funerais de Mubengane” outros deslumbramentos, diversos
dos que colhi quando os escrevi”.
Na
cerimónia de lançamento, o novo livro de Aldino Muianga será apresentado pelo
professor universitário Almiro Lobo. José dos Remédios – Moçambique in “O País”
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