Macau
- O documentário "Macau, 20 anos depois", com antestreia na
sexta-feira, na Região, é um olhar sobre "a diversidade num espaço tão
pequeno" e onde ainda se respira a cultura portuguesa, disseram hoje à
Lusa os criadores.
Durante
cinco anos, o realizador Carlos Fraga e a produtora Helena Madeira
entrevistaram mais de 80 pessoas no antigo território administrado por
Portugal, para recolher um "rico e vasto" material, que resultou numa
série de seis documentários.
"Macau,
20 anos depois" não é exatamente "um resumo, mas uma viagem por
esses seis documentários", que abordam temas como "a lusofonia, a
portugalidade e as diferentes comunidades" que coabitam em Macau,
referiram os dois portugueses, em entrevista à Lusa no Instituto Português do
Oriente (IPOR), que apoiou o projeto.
Em
2014, quando viajaram pela primeira vez até Macau, à época para recolher
imagens para o documentário "Macaenses em Lisboa", que se
seguiu a outro sobre a comunidade chinesa na capital portuguesa, "não
imaginavam" que se seguiriam mais seis obras.
"Não
havia qualquer intenção de fazer mais do que um documentário, [as obras] foram
crescendo com o tempo", recordaram os dois de um processo "200%
orgânico".
Sobre
o primeiro impacto, Carlos Fraga salientou "a diversidade a vários níveis
que convive num espaço tão pequeno", uma premissa que é, de resto, o pano
de fundo desta série documental sobre Macau.
"Como
é que uma pessoa chega a um local onde olha à volta e só vê chineses, apenas
alguns prédios com traços ocidentais, e se sente logo em casa",
questionou, por sua vez, a produtora, respondendo de seguida: "há uma
carga subjetiva, emocional, uma marca da cultura da portugalidade".
Na
longa-metragem, que conta com a assessoria de antropólogos, "para que a
coisa tenha rigor", dá-se a conhecer, por exemplo, a opinião da comunidade
chinesa sobre a portuguesa, que, para o documentarista, revelou-se positiva ao
longo destes cinco anos.
"Acham
que falamos muito e fazemos pouco, mas apreciam o português, acham que os
tratamos bem, que os respeitamos", contou Carlos Fraga.
Desde
1999, na sequência da transferência da administração de Portugal para a China,
"muitas coisas mudaram", mas há "uma coisa que se mantém e é inegável"
para o realizador: "os portugueses contagiaram uma forma de estar, que
permitiu esta harmonia e este equilíbrio que se vive aqui".
"O
português suave", completou Helena.
Apesar
de esta série documental sobre a sociedade de Macau estar encerrada, a equipa
deverá voltar ao território com uma nova abordagem.
Na
calha está "um projeto ambicioso" sobre a Nova Rota da Seda,
formalmente conhecida como "Uma Faixa, uma Rota", iniciativa chinesa
lançada em 2013, quando Pequim apresentou um mapa com um duplo corredor, para
estabelecer novas rotas com o Ocidente.
Ainda
na fase de pré-produção, o projeto terá uma abordagem "relacionada com os
países de língua portuguesa", antecipam.
Macau
é uma Região Administrativa Especial da China, desde 20 de dezembro de 1999,
data que pôs fim à administração portuguesa que se prolongou durante quase 500
anos.
A
antestreia do documentário "Macau, 20 anos depois", de 96
minutos, vai decorrer na sexta-feira no auditório do Consulado-geral de
Portugal em Macau e Hong Kong. O filme será posteriormente projetado no
auditório do museu da Fundação Oriente, em Lisboa, e emitido na RTP1. In “Sapo Timor-Leste”
com “Lusa”
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