Um projeto de investigação que vai resultar num
documentário pretende contar a 'pegada' portuguesa na Tanzânia, através da
diáspora goesa, sobretudo em Dar es Salaam e Zanzibar, disse à Lusa o
investigador Pedro Pombo
"Por
um lado, queremos centrarmo-nos nas celebrações do centenário do clube de Dar es
Salaam, que vai reunir grande parte da diáspora goesa que tem uma relação forte
com a Tanzânia e é muito importante para a África oriental, e, por outro,
mostrar como esta comunidade se espalhou naquele território depois das
independências" africanas e indianas, explicou o docente português à
margem de uma palestra em Macau.
"Interessa-nos
muito essa memória, essa geração que viveu períodos históricos marcantes e
cujas memórias não estão registadas, na sua maioria", sublinhou o
professor na Universidade de Goa, cujo trabalho cobre as áreas de arte e
linguística antropológica, no que concerne as influências cruzadas entre
Moçambique, Tanzânia, a costa ocidental da Índia (especialmente Goa e Diu) e a
Ásia Oriental.
O
trabalho de campo está agendado para final de dezembro, prevê-se que demore
três semanas, e vai resultar num documentário para a RTP, um projeto conjunto
com a realizadora Nalini Elvino de Sousa, portuguesa de origem goesa que é
também diretora de uma organização não-governamental que se dedica ao
intercâmbio cultural e linguístico.
Os
vestígios da 'pegada' portuguesa, em especial a partir do final do século XIX,
não deixa dúvidas, frisou Pedro Pombo de que os goeses "tinham uma grande
facilidade de se moverem entre os territórios portugueses e britânicos",
muito pelo facto de dominarem as línguas dos dois países e pela sua
qualificação cultural, pelo acesso ao ensino superior.
"Muitos
trabalhavam na administração, muitos eram advogados, em empresas de construção
de estradas ou do caminho de ferro, muitas famílias dedicavam-se ao comércio e
há casos também muito interessantes de músicos, arquitetos e fotógrafos",
acrescentou.
As
declarações foram prestadas numa palestra promovida pela Fundação Rui Cunha, em
parceria com a Universidade de Macau - Centro de Investigação e Estudos
Luso-Asiáticos (CIELA) do Departamento de Português.
A
iniciativa intitulada de Diálogos Interculturais - Goa, Diu e Sri Lanka
consistiu em duas apresentações que se centraram no diálogo entre influências
culturais múltiplas no Índico, especificamente em Goa, Diu e no Sri Lanka,
desde o património imaterial (sistemas sociais, canção e dança), e património
material (arquitetura, arte e artesanato).
Mahesh
Radhakrishnan, etnomusicólogo e antropólogo linguístico, professor da Faculdade
de Arqueologia e Antropologia da Universidade Nacional da Austrália, a equipa
de pesquisa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi outro dos
convidados, tendo abordado o tema dos vestígios da tradição luso-asiática nos
domínios da dança, música e letras ainda mantidas pelas comunidades
descendentes de portugueses na costa leste do Sri Lanka.
A
palestra conjunta fez parte da promoção do CIELA de temas relacionados com a
língua portuguesa e as culturas influenciadas por uma matriz portuguesa na
Ásia. In “Notícias ao Minuto” – Portugal com “Lusa”
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