DÍLI
– Max Stahl foi condecorado com o grau Colar da Ordem de Timor-Leste pelo Chefe
de Estado, Francisco Guterres Lú Olo, conforme previsto no Decreto do
Presidente da República n.º 50/2019, de 21 de novembro.
Segundo
a página oficial da Presidência da República, a que a Tatoli teve acesso, esta
condecoração tem por objetivo reconhecer o seu contributo para o país na sua
luta pela autodeterminação, levando Timor-Leste ao mundo.
Christopher
Wenner, mais conhecido por Max Stahl, é um jornalista e realizador de filmes
documentais. Nasceu na Inglaterra, no dia 6 de dezembro de 1954.
Max
Stahl é descendente de uma família de diplomatas. O avô materno era diplomata
sueco, que teve o privilégio de ser o Diretor da Instituição do Nobel durante
mais de vinte anos. Cresceu com três irmãos. O pai, Christopher Max Stahl
Wenner, é um diplomata suíço e a mãe francesa.
Além
de virem de uma família de diplomatas, Stahl e os seus irmãos tomaram contacto
com os problemas internacionais e mudavam-se de um país para outro – Bolívia,
El Salvador, Áustria e Inglaterra.
Max
estudou Literatura na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Fala fluentemente
inglês, francês, alemão, espanhol, italiano e português. Sabe também russo e um
pouco de árabe.
Max
começou a sua carreira como autor de teatro e em programas de televisão
dedicados às crianças, na Inglaterra.
A
sua vocação de repórter de guerra surgiu quando vivia com a sua família no El
Salvador, onde o pai exerceu as funções de embaixador. Começou por elaborar
reportagens sobre a guerra civil de 1979 a 1992. Foi depois para a Chechénia, Geórgia,
Jugoslávia e Timor-Leste.
Sofreu
inúmeras experiências amargas durante as suas funções – foi preso, assistiu à
morte dos colegas, passou miséria junto dos guerrilheiros no mato e foi
testemunha de genocídio, como no Massacre no Cemitério de Santa Cruz, em 1991.
Foram-lhe atribuídos vários prémios, nomeadamente o Rory Peck Award,
concedido a operadores de câmara que colocam a vida em risco em reportagem.
Em
resposta ao convite de quadros da resistência timorense, Max Stahl chegou pela
primeira vez a Timor-Leste, no dia 30 de agosto de 1991, como turista. Ao longo
da sua estadia, entrevistou vários líderes da Frente Clandestina e
guerrilheiros, nomeadamente o Comandante David Alex “Daitula”, Nino Konis
Santana, entre outros.
O
documentário de Max Stahl intitulado “In Cold Blood: The Massacre of East
Timor” divulgou o Massacre de Santa Cruz. Max assistiu diretamente à
brutalidade dos militares indonésios que tiraram a vida dos jovens timorenses.
As imagens espalharam-se por todo o mundo, abrindo os olhos a diversos Estados
para a luta pela independência. A filmagem de Santa Cruz foi levada para o
estrangeiro graças a uma ativista holandesa, Saskia Kouwenberg.
O
referendo de 1999 levou Max Stahl a regressar novamente a Timor-Leste, onde
registou os sacrifícios e resiliência dos timorenses para ultrapassarem
inúmeros desafios e criarem a República Democrática de Timor-Leste, que se
tornou oficial a 20 de maio de 2002.
Na
preservação da história da luta dos timorenses, Max Stahl criou e gere de forma
independente o Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL), onde
regista vários acontecimentos históricos recolhidos ao longo dos últimos 25
anos. Todos estes arquivos foram considerados pela Organização da Nações Unidas
para Educação, Ciências e Cultura (UNESCO, sigla em inglês) “Registo da Memória
do Mundo”.
Para
fins educativos e de investigação, o CAMSTL tem cooperado com a Universidade de
Coimbra, em Portugal, de modo a arquivar os documentos históricos de Timor em
formato digital.
O
Estado timorense reconhece assim, através do grau Colar da Ordem de Timor-Leste,
o empenho e a dedicação de Max Stahl. Xisto Freitas – Timor-Leste in “Tatoli”
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