As operações de uma fábrica com capacidade de transformar
duas mil toneladas de trigo em farinha por dia, tendo em vista a produção de
pão, massas alimentícias e biscoitos, arrancaram nesta sexta-feira, no parque
industrial do grupo Leonor Carrinho e Filhos Lda, que prevê gerar até mil
postos de trabalho em Benguela
O
início da operação da unidade fabril, integrada por duas moagens de trigo,
acontece num momento em que a empresa descarrega 34 mil toneladas de trigo a
granel importadas através do navio Kavkaz-I de bandeira russa, de 185.6 metros
de comprimento e 11.7 de largura, que atracou quinta-feira no Porto do Lobito.
Em
declarações à imprensa, o administrador executivo para Finanças do grupo Leonor
Carrinho, Samuel Candundo, garante estarem prontas as moagens de trigo para a
produção da farinha, tendo em conta a demanda do mercado nacional e, ainda, o
abastecimento da cadeia de produção na referida unidade fabril.
Segundo
o executivo, o facto de a unidade começar a produzir farinha de trigo em suas
moagens indica que haverá demanda da produção do trigo no país, à semelhança do
que já acontece com o milho e o açúcar. "Subimos a nossa agregação de
valores acima de 60 a 70 porcento", disse o gestor financeiro da Leonor
Carrinho.
Relativamente
às 34 mil toneladas de trigo encomendadas, o gestor prevê que esta quantidade dure
apenas pouco menos de 30 dias, na medida em que a produção tem em média um
consumo de 1300 toneladas por dia.
Desde
2012, quando a empresa saiu do seu "core business", o catering
(distribuição de alimentação), também iniciou a aposta na transformação industrial
na zona da Taka, no município de Benguela, através de um parque industrial que
concentra 14 fábricas destinadas à transformação de 18 produtos diferentes,
entre eles a farinha, óleo alimentar de soja, de palma e de girassol, massas
alimentícias, arroz embalado, massa de tomate, biscoitos, margarina, sabão,
leite condensado, vinagre, maioneses e ketchup.
Porém,
Samuel Candundo destacou a presença hoje no mercado da massa alimentícia da
marca "Tio Lucas", embalada no parque industrial da empresa, como
exemplo do modelo de diversificação que a Leonor Carrinho segue e que, a seu ver,
agrega valor à produção nacional. "Na empresa, 100 porcento do produto que
vendemos é feito em Angola", anota.
Com
isso, a empresa entrou neste momento em seu segundo plano estratégico, numa
visão de "integração invertida", e pretende que o trigo e o milho
como matéria-prima sejam produzidos no país, num futuro muito curto, reduzindo
custos com as importações, como explica.
Aos
industriais do país, Samuel lança o repto para que façam projectos concretos e
realistas, visto o processo industrial ser complexo. Levando a água ao seu
moinho, o administrador financeiro da Leonor Carrinho diz estar em curso estudos,
envolvendo especialistas no sector da agricultura, que vão ajudar a perceber e
ver quais as localidades onde determinadas sementes e culturas se dão bem.
No
que às capacidades instaladas no parque industrial diz respeito, a fonte
recusou-se a avançar números, considerando que estas informações estão
reservadas para o acto de inauguração do empreendimento, previsto para o dia 29
deste mês. "A expectativa da empresa é de que os angolanos verão que
merecem muito mais do que aquilo que estavam a receber", exprimiu.
Apesar
da capacidade existente, o responsável admite que ainda não chega para cobrir
todo o mercado "Angola de hoje já não é de 21 milhões de habitantes, como
antes. Mas sim de 30 milhões aproximadamente", observa. E defende o
surgimento de outras fábricas como esta para atender às necessidades
alimentares das famílias angolanas que tanto dependem destes produtos.
A
empresa já prepara o lançamento, nos próximos dias, de um segundo plano virado
para a região Norte do país e que, para o administrador executivo da Leonor
Carrinho, vai aumentar ainda mais a capacidade no sentido de dinamizar a
produção nacional.
Projecto vai gerar quase mil empregos em Benguela
De
momento, a zona industrial instalada em Benguela já está com mais de 500 postos
de trabalho criados, especialmente ocupados por jovens recrutados em
universidades nacionais, como dez engenheiros mecânicos formados pela
Universidade Mandume ya Ndemufayo, e outros provenientes de institutos
superiores ou médios politécnicos de Benguela.
"O
parque é um grande impulso à empregabilidade da juventude e dos cidadãos
angolanos, em geral", exalta o responsável, adiantando que estão
projectados num mesmo espaço industrial multifacetado 900 postos de trabalho.
Desde já, arranca dentro de dias a segunda fase - a refinação de óleo vegetal,
sabão e processamento de carnes, que vai empregar os outros 400 empregos.
Como
a formação desempenha um papel estratégico na operacionalização do parque
industrial, também anunciou para dentro de dias a inauguração de uma academia
para potenciar os jovens angolanos para que sejam a força motriz dessa grande
transformação industrial que está a nascer em Benguela.
Samuel
Candundo destacou o facto de pertencer a um projecto genuinamente angolano.
"Pensado, desenhado e executado por quadros angolanos da empresa",
assevera, justificando que o recurso ao estrangeiro, nomeadamente técnicos
turcos, que trabalharam na montagem das diferentes fábricas, deveu-se apenas à
necessidade de ir buscar o conhecimento que faltava. In “Novo
Jornal” – Angola com “Angop”
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