Um
programa de intervenção psicológica para contexto oncológico, desenvolvido na
Universidade de Coimbra (UC), mostrou ser eficaz na diminuição do sofrimento de
mulheres com cancro da mama.
Elaborado
no âmbito do doutoramento de Inês Trindade, investigadora do Centro de
Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental
(CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade
de Coimbra (FPCEUC), o programa, batizado de “Mind”, combina técnicas de mindfulness
(atenção plena), aceitação e compaixão, tendo como objetivo promover uma
autogestão emocional mais eficaz e, assim, melhorar o funcionamento
psicossocial e qualidade de vida de doentes com cancro.
Num
estudo-piloto realizado com um grupo de mulheres com cancro da mama não
metastático em tratamento no Serviço de Radioterapia do Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra (CHUC), o programa Mind teve um efeito notável
na melhoria da saúde psicológica das participantes.
A
amostra foi constituída por 32 mulheres, distribuídas por dois grupos – um
grupo experimental e um grupo de controlo (doentes que não realizaram a
intervenção). No final das oito sessões previstas no programa Mind, com
a duração de aproximadamente duas horas cada, «a saúde psicológica das mulheres
com cancro da mama que realizaram a intervenção melhorou significativamente em
comparação ao grupo de mulheres que não realizou o programa (grupo de
controlo)», assinala Inês Trindade.
Foram
também notadas melhorias na saúde física e qualidade das relações sociais e
diminuição de sintomas de depressão e stresse. Além disso, as mulheres do grupo
experimental relataram que o programa é muito útil para lidarem melhor tanto
com a doença como com outras áreas de vida. Estes resultados, já publicados no Journal
of Contextual Behavioral Science, sugerem que «o programa Mind pode
ser um complemento muito útil ao tratamento médico do cancro da mama, ajudando
a melhorar a qualidade de vida e a saúde mental dessa população», afirma a
investigadora. O cancro da mama é o segundo cancro mais comum e o mais
frequente em mulheres.
Agora,
com o objetivo de otimizar o programa Mind, Inês Trindade, em conjunto
com Helena Moreira, também do CINEICC, vai conduzir um novo estudo, com um
maior número de participantes. Para tal, acaba de obter 245 mil euros de
financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Este
novo estudo, designado "Mind programme for cancer patients: A randomized
controlled trial testing the programme´s cost-effectiveness and efficacy in
changing psychological and biological outcomes in women with breast cancer”,
tem a duração de três anos e vai permitir «realizar um ensaio clínico mais
robusto e controlado, e avaliar também o efeito do programa em marcadores
fisiológicos (epigenéticos e inflamatórios), além das medidas psicológicas,
relacionadas com saúde mental e adaptação à doença, assim como o
custo-efetividade (ganhos económicos) do programa», finaliza a investigadora do
CINEICC. Universidade de Coimbra - Portugal
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