Manuel Justino Rosado, empresário português da vila alentejana de Mora, defende que há 30 anos é que se vivia bem na Guiné-Bissau, país que celebra 50 anos da independência, mas do qual não vê um bom futuro
Conhecido
na Guiné-Bissau como “senhor Rosado”, o português, de 78 anos, hoje casado com
uma guineense, lembra os primeiros negócios montados e através dos quais disse
ter ganhado “muito dinheiro”.
“Havia
muito trabalho e havia dinheiro. As pessoas tinham dinheiro, as pessoas
trabalhavam e havia negócios”, afirmou Rosado, numa conversa com a Lusa para
assinalar a sua visão do país, que celebra 50 anos da independência.
O
português contou que começou por montar, com um sócio português, uma fábrica de
produção de folhas de zinco para o telhado das casas que eram, quase todas,
cobertas de palha, depois tentaram exportar para Portugal o mel da
Guiné-Bissau, mas por ressentimentos com o parceiro optou por seguir sozinho
nos negócios.
“Comecei
a tocar a música sozinho, mas também a comer sozinho”, enfatizou Manuel Rosado,
que lembra a “vida multimilionária” que levou na Guiné-Bissau, fruto de muito
trabalho o que, disse, motiva a estima que os mais velhos têm por ele no país.
O
português destacou que a sua presença na Guiné-Bissau se conta também por ter
sido o criador de uma das melhores oficinas de reparação de motores de
automóveis, a criação daquilo que diz ter sido “a maior empresa de transportes
alguma vez criada” na Guiné-Bissau e a montagem de 18 bombas de venda de
gasóleo, as bombas Rosado.
“Quando
percebi que havia mais bombas do que carros na Guiné-Bissau (…) e a
concorrência desleal parei com o negócio das bombas”, notou Rosado, que também
se lamenta pelo negócio dos transportes.
Assumindo-se
como o primeiro operador dos transportes a colocar no mercado de táxis carros
novos importados da Europa, o português disse que após 13 anos a faturar
decidiu fechar a empresa.
“Ganhei
muito dinheiro, mas perdi esse dinheiro todo, porque os condutores roubavam
tudo”, observou o português, referindo que mais tarde entrou para a
restauração, abrindo, ao lado da Embaixada de Portugal, em Bissau, “um barzito
e um restaurante”.
A
pandemia da covid-19 obrigou, novamente, Manuel Rosado a trabalhar a meio gás e
até já pensa em vender o espaço porque nem dá para pagar a conta da
eletricidade, sem contar com “as vigarices dos empregados”.
“Uma
secretária entregou o dinheiro da oficina mecânica a um bruxo que lhe prometeu
multiplicar esse dinheiro que nunca mais apareceu”, afirmou, ao falar das
peripécias que teve de enfrentar em 30 anos da Guiné-Bissau.
Sobre
o futuro do país, Manuel Rosado vê tudo mal e dá o exemplo da ida massiva de
guineenses para Portugal.
A
Guiné-Bissau autoproclamou a sua independência de Portugal em 24 de setembro de
1973, mas as comemorações oficiais estão marcadas para 16 de novembro, dia das
Forças Armadas.
Entre
os líderes convidados para as cerimónias oficiais estão o Presidente e
primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, mas o
programa oficial ainda não foi divulgado. In “Bom dia
Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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