Cientistas da FCUP estão a estudar o reaproveitamento de um resíduo da produção da cortiça para agarrarem os maiores poluentes das águas residuais
Portugal
é o maior produtor de cortiça do mundo e já se conhecem muitas aplicações
verdes deste material já de si associado à sustentabilidade. Um dos resíduos
que resultam da transformação da cortiça – por exemplo para as rolhas das
garrafas – o pó, é tipicamente queimado. Mas agora, na Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto (FCUP), está a ser reaproveitado para criar um método
mais sustentável para a remoção de poluentes das águas residuais.
Os
cientistas envolvidos no projeto “Corkcatcher: Adsorventes magnéticos com base
em resíduos de cortiça para remediação ambiental”, financiado pela Fundação
para a Ciência e Tecnologia, já alcançaram resultados promissores. Estão a
adicionar propriedades a este pó para agarrar alguns dos poluentes mais
preocupantes nas águas residuais: iões de metais pesados, corantes e
antibióticos. São depositados, diariamente, cerca de dois milhões de toneladas
de resíduos nas águas, em todo o mundo.
“O
pó da cortiça é um material extremamente interessante visto possuir porosidade,
ou seja, cavidades que podem acomodar os poluentes de águas”, começa por
explicar o líder do projeto Carlos Granadeiro, investigador do Laboratório
Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) na FCUP. “Contudo, esta
porosidade não é acessível, isto é, não há uma passagem do exterior até aos
poros”, comenta.
Assim,
através do método de síntese desenvolvido no projeto Corkcatcher, “foi-nos
possível tornar essa porosidade acessível (e até aumentá-la) e simultaneamente
conferir propriedades magnéticas ao material”. E quanto maiores os poros, maior
a capacidade de armazenar os poluentes. O objetivo dos investigadores é tornar
a aplicação deste resíduo viável do ponto de vista económico e ambiental.
“A
grande vantagem destes materiais renováveis magnéticos é o facto de serem
facilmente separados magneticamente de águas, evitando passos adicionais de
recuperação (ex. filtração, sedimentação) como acontece com os adsorventes
tradicionais”, concretiza. Para além disso, os resíduos, depois de cumprirem a
sua função de adsorver os poluentes, podem ser novamente reutilizados.
Estes
materiais podem ser utilizados em Estações de Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) e pretende-se, na próxima fase do projeto, aplicá-los na própria ETAR da
empresa corticeira J.A. Veiga de Macedo, que colabora com o projeto. Universidade
do Porto - Portugal
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